29.11.11
A minha visão do UTAM: Ultra Trail Amigos da Montanha
José Guimarães
Queria realçar que foi estranho ver tão pouca gente nestas jornadas e desde já deixo aqui o meu apelo para que nas próximas vezes toda a gente - atletas ou não - faça um esforço adicional para participar, pois além de ser sempre bonito ver uma sala cheia, é sem sombra de dúvida mais encorajador para quem faz a apresentação. Além de que não é todos os dias que temos a oportunidade de ver e ouvir relatos na primeira pessoa de autênticas histórias de vida, de personagens como o Carlos Sá e a sua participação em provas como o Ultra Trail Mont Blanc ou a Marathon des Sables, o André e o Pedro e a sua participação no Absa Cape Epic em BTT, a expedição dos Amigos da Montanha ao Kilimankaro, o Miguel Arrobas e as suas travessias a nadar, o João Garcia e a conquista dos 14 picos mais altos do mundo, ou a grande novidade deste evento que foi a participação do conhecido ultra maratonista Salvador Calvo, do qual pudémos ouvir falar sobre a sua participação em provas épicas em todo o mundo, tirar dúvidas, trocar dicas, etc. Findo o dia, preparámo-nos para a prova de domingo. Ficámos alojados no pavilhão desportivo, com boas instalações, muitos colchões... deu para dormir muito bem, apesar do frio que já se fazia sentir. Mas sobre este último já falarei mais à frente. Domingo... frio, muito frio!!! Ora estávamos em Barcelos, e não seria o autêntico Barcelos se não acordássemos com o cantar do galo! E foi desde as 4h00 a ouvir o galo cantar. O que vale é que o saco-cama abafa bem o som, senão seria um despertar desgraçado. Como a prova era às 8h00 e queria fazer tudo nas calmas, optei por acordar um pouco antes das 6h00, para tomar um duche longo e bem quente para aquecer os músculos e depois comer um bom pequeno-almoço, com tempo de fazer a digestão. Enquanto comia, os outros participantes iam também acordando e preparando-se e, enquanto a Inês e a minha irmã Ana também se juntaram para o pequeno almoço, decidi começar a arrumar a tralha no carro... e foi aí que se deu o choque: quando saí à rua estava um frio, mas um frio com neblina cerrada e húmida, como eu já não sentia há muito tempo (e na maratona de Munique bem que apanhámos temperaturas abaixo dos 5 graus)!!! Já sabíamos que ia estar frio, daí depois do duche ter vestido uma camisola fina de corrida por cima da pele, a camisola de alças do Sedentário a Maratonista por cima, e ainda uma camisola de corrida de mangas compridas, para manter o corpo quente. Mas o frio era tão húmido que entrava no corpo e gelava os ossos, tanto que comecei a tremer e não conseguia parar, parece que tremia de dentro para fora! Vesti o polar e foi remédio santo, pois levámos o carro para o local da partida e até irmos aquecer não o despi mais... bolas!!! E no local da partida tive obrigatoriamente que dar umas voltas ao parque de estacionamento e ao jardim, por forma a começar a corrida com os músculos mais quentes, senão ainda me dava alguma coisinha má. As provas: o Trail e o Ultra Trail
A partida deu-se um pouco depois das 8h00, com muito boa disposição e com a maior parte dos corredores da frente logo muito acelerados... tal era o frio que ainda estava! O início do percurso fez-se dentro da cidade de Barcelos, saindo para uns terrenos cerca de 2km depois e começando a subir somente aos 3,5km, bem o contrário do Grande Trail da Serra d'Arga, que logo para começar nos brindou com aquela fantástica e interminável subida! O percurso deste Ultra Trail seria circular, ou seja, com início e fim no mesmo ponto, sendo que os primeiros 17km do Trail eram coincidentes com o percurso do Ultra Trail, o que deu para medir forças e passadas entre atletas de todos os tipos. Logo na primeira subida se começou a ver o que nos tinham preparado: subidas relativamente curtas mas muito íngremes e geralmente com terreno muito acidentado, logo, muito divertidas de se fazer. Nesta primeira subida fui ultrapassado por dois atletas do Clube de Orientação do Minho, que era liderado pela Tânia Costa (que acabaria a prova no 1º lugar feminino), logo seguida do Otávio (perdoem-me se os nomes não são estes). Mal me ultrapassaram vi que a Tânia devia fazer subidas como eu faço descidas, tal era a facilidade com que ultrapassava obstáculos e vencia o declive... mau! Lá engoli o orgulho e mantive-me concentrado na minha prova. Um pouco depois, ultrapassei a Tânia numa descida, vindo a ser ultrapassado por ela novamente numa subida... mau novamente! Já ia com um corredor do Porto a fazer de "lebre" há algum tempo, mas desta vez decidi colar-me a esta nova "lebre" e tentar superar aquele desafio, tentar fazer as subidas com passos curtos, mas firmes e decididos.
E lá fui, controlando bem a técnica de subida nas pontas dos pés, controlando a respiração, ultrapassando obstáculos, como na primeira subida do Topo 1, onde tivemos que passar por um buraco no meio de uma rocha (muita agilidade neste obstáculo), ou os penedos enormes que me fizeram ter saudades dos meus pés de gato e, mesmo na chegada ao Topo 1, o grande penedo que tivemos todos literalmente que trepar, existindo até uma corda para quem precisasse de apoio extra. E neste topo de cerca de 380m de altitude compreendi o que o João Garcia deve sentir uns 8.000m mais acima, quando se olha à volta e nos sentimos no ponto mais alto, com uma paisagem fabulosa que nos brindava com aquela névoa matinal lá em baixo, só quebrada pelos topos das árvores que saltavam à vista aqui e ali.
Salvador Calvo tinha razão: é importante treinar a mente Sem tempo a perder com paisagens bonitas, o grupo que entretanto reunia creio que 4 corredores continuou caminho abaixo, com umas descidas muito rápidas e técnicas, chegando a 3 min/km, que incluía uma passagem num riacho (sim, deu para molhar os pés), e depois caminho acima, novamente até ao Topo 1. Nesta subida não sei o que me deu, mas como já tinha passado os meus primeiros 10km, já estava suficientemente quente para não abrandar e consegui subir muito bem, sem sentir tanto cansaço como ao início. A partir daí o percurso não incluía mais subidas grandes, sendo muito plano, em estradões sem grandes complicações, pelo que deu para mudar o "chip" para o modo de corrida e fazer o resto do percurso sem grandes problemas. Embora aqui a grande dificuldade tenha sido o facto de não ter ninguém atrás nem à minha frente, tendo que lidar com os últimos 5km completamente sozinho. Já dizia o Salvador Calvo no dia anterior, na sua apresentação durante as Jornadas de Desporto, que realmente o treino mais difícil para fazer, seja quando se corre em estrada ou em montanha, é a mente. E isto vindo de quem treina cerca de 250km/semana... divinal, não é? Cortar a meta com sorrisos
Ainda com saquetas de gel para consumir e algum hidratante no cantil, assim levei a minha prova até ao fim, cortando a meta ao fim de 2h34, pelo que me disseram fui o 33º da geral! Com a meta montada numa zona pedonal da cidade, também atraindo assim mais pessoas para assistir ao evento, lá estava o sempre presente Carlos Sá, para nos brindar com a sua habitual simpatia e hospitalidade, a que, aliás, já nos habituaram Amigos da Montanha. E ainda tive o prazer de dar umas palavrinhas ao microfone sobre a minha motivação que, aliás, não é muito diferente da que decerto levou tanta gente sorridente a participar nesta prova. Mais alguns amigos feitos, mais contactos trocados, depois da Serra d'Arga, este Ultra Trail Amigos da Montanha deixou um bocadinho de nós em Barcelos, com vontade de voltar e participar em mais provas bonitas e assim bem organizadas. Pegando nas palavras do João Garcia: "o trail é bom e faz-nos bem, mas é preciso querer muito, é preciso motivação". Palavra à organização: continuem e certamente cada vez mais e mais pessoas se juntarão a esta vaga de verdadeiros amigos da montanha ,que foram os mais de 400 atletas deste fim de semana. Um bem hajam!

Apesar de parecerem muito quentes (porque se nota que o tecido é mais grosso), são relativamente bem arejados, com a parte superiora do peito do pé coberta por uma malha respirável. Lateralmente o habitual símbolo da ASICS reforça a estrutura e serve de apoio do sistema de atacadores, os quais proporcionam um ajuste óptimo do pé no interior do sapato. Na frente encontramos uma protecção que lhe dá uma maior resistência aos impactos. Na parte de trás há uma protecção rígida para o calcanhar, que além de proteger esta zona do pé de impactos mais fortes e outros acidentes, proporciona um encaixe anatomicamente quase perfeito para a parte de trás do pé. Este encaixe é ainda mais perfeito graças ao almofadado especialmente fofo e ligeiramente elevado, à volta de toda a traseira do sapato na zona que envolve o tornozelo.
O interior é muito confortável e a palmilha que vem de origem é suficientemente almofadada para minimizar os maiores impactos e proporcionar um conforto acrescido. Claro que trocar de palmilha com alguma regularidade é sempre uma boa prática, já para não falar de usar uma palmilha por medida. Mas esta que vem de série está à altura do que se espera. Na sola está o ponto forte! Sente-se bem o efeito do gel, principalmente na zona do calcanhar, onde é bastante bem reforçado e permite "pisadas" mais fortes. O sistema DUOMAX também presente proporciona muito suporte à torção para a passada pronadora (como é o meu caso). Preço e conclusões finais: Pelos kms que já pude fazer com estes ténis, os ASICS Gel Trabuco 14 pareceram-me um excelente compromisso entre conforto, aderência e preço. Sendo muito confortáveis e bem ajustados ao tipo de terrenos que um corredor de trail pisa, conseguem-se encontrar facilmente no mercado por menos de €100, o que lhes em alturas de crise lhes dá umas quantas estrelas numa opinião do tipo "escolha acertada". No próximo dia 27 de Novembro vou ter oportunidade de os testar a sério no