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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Qua | 23.05.12

Correr descalço é bom ou não?

José Guimarães
Durante o Ultra Trail de Sesimbra, eu e o Luís tivemos oportunidade de acompanhar um atleta que corria com os famosos Fivefingers, o mais equivalente no mundo do calçado desportivo a correr descalço. Claro que o dito atleta só disse maravilhas, mas quem os calça pela(s) primeira(s) vez(es) decerto não terá imediatamente a mesma opinião. Mas então, afinal correr descalço é ou não é uma boa prática? Desde solas com gel, a solas estabilizadoras, passando por tudo pelo meio, os corredores de hoje são bombardeados com inúmeras opções de calçado. Mas alguns corredores mais radicais estão ainda num universo mais distante, onde só se pratica a utilização de calçado simples e minimalista... se é que se usa calçado, de todo. Enquanto correr descalço e correr com sapatos minimalistas podem ser experiências bem diferentes, ambos valorizam esta opção, dizendo que proporciona um movimento mais natural e eficiente, ao mesmo tempo que reduz as hipóteses de lesões. Mas há que ir com calma antes de grandes aventuras sem nada nos pés, já que a transição para este tipo de filosofia pode na realidade criar mais lesões do que aquelas que previne. Menos é Mais shoesbarefootA indústria dos ténis criou uma geração de corredores que atacam o chão em cada passada com o calcanhar, graças aos seus sapatos com extra amortecimento nessa área. Mas essa não é necessáriamente a forma como os seres humanos "nasceram para correr" e os ténis tornaram a corrida muito mais impactante no calcanhar do que natural. E quando um corredor aterra com força com o calcanhar no chão, o impacto que não é absorvido pelo amortecimento dos ténis sobe pela perna acima até às articulações nos tornozelos, joelhos e ancas. Muita da argumentação que apoia a corrida descalça (ou minimalista) reside sobre esta teoria, que os corredores irão transitar para uma passada muito mais eficiente do ponto de vista biomecânico. Alguns estudiosos apontam mesmo que, ao aterrar com a ponta do pé no chão, os corredores descalços serão menos susceptíveis de contrair lesões devidas ao stress repetitivo do impacto, como as famosas dores nas canelas. Correr descalços pode soar ideal, mas o que é certo é que a maior parte de nós não se podem dar ao luxo de correr em solo suave e ideal para isso. Assim, enquanto que para uns, praticar corrida descalços é literalmente correr sem qualquer tipo de calçado nos pés, para outros significa ter de optar por calçado minimalista que encoraje o mesmo tipo de movimentos, tais como os Nike Free, Vibram FiveFingers, Reebok RealFlex e os Terra Plana. Estes ténis minimalistas afirmam permitir imitar os mesmos efeitos de correr descalço, enquanto incorporam uma camada de protecção contra superfícies difíceis de correr. Nascidos para correr já? Mas não deitem já fora os vossos ténis, já que os argumentos a favor dess forma de corrida (com a parte da frente do pé, contra com o calcanhar) não são universalmente aceites. Muitos médicos desportistas reportaram uma grande incidência de lesões no tendão de Aquiles em desportistas que transitaram de corrida com o calcanhar para corrida usando a ponta do pé. E correr minimalista ou mesmo sem calçado pode não ser propriamente ideal para aqueles com uma tendência para sub ou sobre-pronação, já que tradicionalmente, conscientemente ou inconscientemente apoiam-se nas características que os ténis tradicionais proporcionam. Antes de correr descalço, considere consultar um médico especialista que consiga descobrir algumas áreas que possam ser susceptíveis de causar problemas. Está convencido em fazer a mudança? A chave é uma transição lenta. Tal como os novatos não começam de um dia para o outro a correr 5 ou 10 km (ou a maior parte deles, pelo menos), também os novatos da corrida descalça não devem esquecer os seus ténis de alta tecnologia e começar a correr descalços, assim do dia para a noite. Veja alguns vídeos explicativos na internet, pesquise sobre dicas, como aumentar a cadência, dar passadas mais curtas, etc, por forma a que a transição possa ser feita de forma gradual e sem correr o risco de lesões.