29.10.12
O que comer durante uma ultramaratona?
José Guimarães
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"Nestas distâncias o que conta não é só correr quando estamos bem, mas conseguir ultrapassar as dificuldades quando somos confrontados com elas."Se normalmente o facto de chegar em viagem a um local no estrangeiro me causa boas sensações, chegar a um local no estrangeiro para ir correr em condições que, de alguma forma, escapam ao meu controlo, não deixa de interferir um pouco com o meu sistema nervoso. E como o estado de ansiedade (novamente) a subir depois se reflete em asneiras, potencialmente daquelas que só descobrimos quando já é tarde demais, aproveito para deixar aqui outro conselho que - no meu caso - resulta sempre bem. Tem a ver com a preparação de tudo com a devida antecedência. Quanta antecedência? Tanta quanto for necessária. A título de exemplo, a nossa viagem foi feita na 6ª feira durante a tarde e passei praticamente toda a tarde de 5ª feira a tratar do equipamento e da alimentação (há sempre coisas para comprar à última da hora) e a manhã de 6ª feira a arrumar tudo nos sacos e a separar a comida e os suplementos que iria deixar nos postos de abastecimento da prova. Isto porque a prova iria ser feita em regime de semi-autosuficiência (é assim que se diz?), ou seja, a organização só iria disponibilizar o mínimo indispensável e a alimentação principal estaria a cargo dos atletas. Apesar de algumas coisas já terem sido resolvidas muito à pressa, o resultado da preparação prévia de todos estes pontos essenciais foi nunca ter tido sentido qualquer falha ao nível da alimentação ou do equipamento, o que me permitiu fazer a prova só preocupado com correr e pouco mais. E depois há, obviamente, que contar com tudo e todos os que, de alguma forma, estiveram presentes do início ao fim. No meu caso em particular, todos me ajudaram a cumprir esta meta, como os incansáveis e sempre bem dispostos Antônio e Meire na preparação física (da ainda mais incansável equipa Hand2Hand), o João da Nutrilogia com os suplementos certos para ajudar o corpo a suportar e a recuperar de tanto desgaste (e tanto me atura com dúvidas sobre o que comprar e o que usar), a Filipa que me diz "come isto" e "não comas aquilo" (graças a ti passei 28 horas de estômago equilibrado), o Ricardo Arraias e os seus conselhos té(nis)cnicos (a lama foi mais que muita), a incansável Inês que acompanha, tira fotos, apoia as organizações, atura as más disposições e puxa pela malta cansada... e mesmo os que ficaram em casa a apoiar e os que, infelizmente, já não estão entre nós, mas cuja memória e saudade os torna sempre presentes. A todos eles só tenho que agradecer de uma forma que não cabe nestas palavras, mas que irá caber sem dúvida em relações que saíram mais fortes e que irão perdurar dentro de cada um de nós. Eis "como" consegui correr 166 km.