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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

29.09.14

Os ex-Sedentários e a Serra d'Arga


José Guimarães
Hoje - dia 29 de Setembro - assinala-se o Dia Mundial do Coração. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o Mundo. Todos os anos morrem 15 milhões de pessoas com problemas de coração. São 30% do total anual de mortes. Apesar da hipertensão e colesterol elevado estarem entre as doenças crónicas mais comuns, o enfarte agudo no miocárdio, doença vascular periférica, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e a morte súbita são as que mais matam. O sedentarismo - tal como os maus hábitos alimentares ou o tabaco - é um dos fatores de risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares. Não adianta fumar menos, como só 1 ou 2 cigarros por dia, ou aplicar um "penso milagroso" (existem mais de 4.000 substâncias tóxicas num cigarro e a nicotina é só uma delas). Também não adianta passear o cão na rua uma ou duas vezes por dia. Para gozarmos a vida em pleno, todos nós necessitamos de um coração saudável e a prevenção ainda é a melhor solução! Praticar exercício físico com regularidade, ter uma alimentação saudável, evitar situações de stress, controlar a pressão arterial com frequência e verificar o colesterol são atitudes fundamentais para manter um estilo de vida saudável. E foi a apostar nisto que o Luís, a Nara e o João Paulo se quiseram tornar ex-Sedentários.

Quem são os ex-Sedentários?

Ser ex-Sedentário significa abandonar uma vida de sedentarismo e adoptar uma vida ativa. Uma das formas de o fazer é começar a praticar desporto de forma regular, adaptada à condição e necessidades/objetivos de cada pessoa. O Luís queria estar em forma e ser um exemplo e fonte de motivação futura para o seu filho. A Nara queria emagrecer e ser capaz de correr uma meia maratona ao lado do seu namorado (com quem vai casar em breve). O João Paulo queria deixar de fumar e voltar a sentir-se em forma. Os três embarcaram na aventura de adoptar uma vida ativa, aceitando o desafio do projeto piloto "Vou Ser ex-Sedentário", lançado no programa Queridas Manhãs da SIC, no qual assumi o papel de motivar, orientar e acompanhar os participantes, ao longo de 3 meses de planeamentos, treinos, provas e um desafio final à altura. Esse desafio decorreu ontem no Grande Trail da Serra d'Arga, no Município de Caminha, prova organizada pelo famoso ultra maratonista português Carlos Sá. Os três desafiaram a altimetria (cerca de 2.000m de desnível) e a aspereza da Serra d'Arga, chegando ao fim dos 21 km de prova com a sensação plena de um objetivo conquistado e conscientes que, daqui para a frente, as suas vidas serão recheadas de uma saúde que estará constantemente a perguntar pela próxima prova, o próximo treino, ou o próximo desafio. O Luís, a Nara e o João Paulo são, hoje, mais saudáveis do que eram há 3 meses atrás: perderam peso, estão mais em forma e ontem conheceram em passo de corrida um dos sítios mais bonitos do nosso país: a Serra d'Arga. Certamente que tudo isto faz com que, além de terem alcançado o estatuto de ex-Sedentários, também sejam hoje pessoas mais felizes. Parabéns e obrigado a eles por me terem permitido acompanhá-los neste Caminho, que também eu já percorri. Quem se segue?
23.09.14

Os sapatos de corrida que utilizei no UTMB


José Guimarães
Bem vindos ao início de uma onda de posts mais técnicos. Bem sei que alguns de vós já me tinham feito este pedido, portanto aqui estou a responder aos vossos apelos. Tenho algumas coisas interessantes para partilhar convosco neste sentido e uma delas é, sem qualquer dúvida, a minha apreciação sobre os sapatos de corrida que tenho utilizado nas provas. Aproveito para esclarecer que vou utilizar a denominação "sapatos de corrida" e não "ténis" (que para mim é um desporto), nem "sapatilhas", que apesar de ser um termo correto, é mais usado no norte do país. E aproveitando a minha experiência recente no UTMB, partilharei para já as minhas impressões sobre os sapatos de corrida que utilizei nessa prova. Antes de começar, devo dizer que usei dois pares de sapatos. Para quem não sabe, na grande maioria das provas longas, a organização dá aos atletas a possibilidade de trocarem de roupa e de sapatos sensivelmente a meio da prova. Pode parecer que são preciosismos, mas a sensação de trocar uma tshirt molhada e mal cheirosa por uma nova, ou trocar um par de meias sujas, molhadas ou enlameadas por umas limpinhas, é muito parecida com a sensação de tomar um duche quando chegamos a casa no final de um dia de trabalho árduo e depois vestir o pijama e calçar umas pantufas. Quem não gosta?

Os adidas Supernova Riot 6

adidas-supernovariot6-utmb-desedentarioamaratonistaComo a troca de roupa seria feita em Courmayeur aos 77 km, optei por usar de início os sapatos que me pareceram a opção mais confortável e tecnicamente mais adequada: os adidas Supernova Riot 6. Afinal de contas, esta seria a minha primeira participação no UTMB e ainda estava um pouco "no escuro" sobre que tipo de terreno iria encontrar - se muito ou pouco técnico, se mais ou menos "corrível" - e estes adidas já me haviam mostrado que eram um modelo bastante polivalente. Nos poucos treinos que havia feito com eles (e posteriormente durante a utilização no UTMB), os adidas Riot 6 revelaram ser uns sapatos extremamente confortáveis, tanto no conforto geral e ajuste ao peito do pé, como ao nível de amortecimento do impacto (sem sacrificar a sensação de contacto com o solo), além de possuírem uma tração hiper-fiável, muito graças à fabulosa sola Continental. Além disso, eram também os sapatos mais largos que eu tinha disponíveis, o que favorecia a estratégia de usar dois pares de meias, para aumentar o conforto ao longo das muitas horas que se previam de prova e diminuir a fricção na planta do pé. O conjunto de "língua" e atacadores dos adidas Riot 6 é soberbo, pois nem a primeira magoa o peito do pé (o meu direito é um pouco mais alto que o esquerdo), nem nunca foi necessário voltar a apertar os atacadores a meio da prova, mantendo sempre o mesmo ajuste desde o início. E se a prova foi longa! O único senão na utilização destes sapatos teria a ver com a tecnicidade do percurso, pois caso atravessássemos locais onde a probabilidade de dar um pontapé numa raíz ou numa pedra fosse maior, provavelmente sairia com uma ou outra unha magoada, já que a frente do sapato é mais macia do que aquilo que sempre estive habituado a usar, não oferecendo tanta proteção para os dedos dos pés (estou a comparar com uns Raptor ou com uns XT-Wings 3). Afinal de contas, para termos algum conforto extra temos que sacrificar alguma coisa. Mas feito o teste de fogo aos adidas Supernova Riot 6, cheguei a Courmayeur com quase 17 horas de prova e convencido que poderia continuar a usar os sapatos até ao final da prova, bastando somente trocar de meias para manter os pés confortáveis. E isto até seria verdade, não fosse a chuva insistente que caíra durante toda a primeira noite ter deixado os pés e - consequentemente - os sapatos totalmente ensopados. Na chegada a Courmayeur o resultado de ter usado uns sapatos e meias molhadas durante horas a fio estava à vista: uma bolha e uma assadura feia na sola do pé, que prontamente tratei, mas que não evitou os naturais constrangimentos.

A surpresa da segunda metade da prova

skechers-gorunultra-utmb-desedentarioamaratonistaPosta esta situação - os pés a precisar de descanso e os sapatos a precisar de uma máquina de lavar roupa - tive que optar por deixar os mal tratados Riot 6 em Courmayeur e fazer a segunda metade da prova com outros sapatos. Tinha duas escolhas à disposição: as "máquinas de combate" Salomon XT-Wings 3, ou os "aparentemente-nada-trailistas-mas-muito-confortáveis" Skechers Go Run Ultra. E quais é que levei? Pasmem-se: os últimos! Nada contra os XT-Wings 3, já que estes até têm sido os meus sapatos de trail favoritos. A única questão é que os Skechers eram mais macios que os Salomon e também um pouco mais largos, tendo por isso mais espaço para a tática das duas meias. Os Salomon XT Wings 3 são sapatos muito resistentes. Até hoje têm sido a melhor opção para enfrentar os trilhos mais duros, comportando bem o pé (a ergonomia é perfeita, principalmente para quem tem passada pronadora), dando algum conforto, mas principalmente oferecendo um elevado grau de proteção, tanto ao nível do calcanhar, como - e principalmente - da frente do pé. No entanto são demasiado duros para o conforto que os meus pés magoados pediam em Courmayeur. E diga-se que os trilhos do UTMB não se revelavam de uma dureza ou tecnicidade muito elevada, sendo perfeitamente adaptados - na maior parte dos casos - a correr sem grandes sobressaltos. Assim sendo, optei pelos Skechers e a opção foi perfeita, pois permitiram-me correr leve e com muito conforto, apesar de ter que ir mais atento a obstáculos e desníveis mais acentuados no terreno. Os Skechers Go Run Ultra são sapatos feitos para corridas longas. Têm uma sola bem adaptada a trilhos menos técnicos, com um drop de 8mm, capaz de baixar para 4mm caso não utilizemos a palmilha de origem, mesmo assim sem perder o seu conforto original. Óptimos para quem gosta de correr mais "ao natural". Devido à composição e maior altura da sola, o conforto em utilizações prolongadas é realmente o fator mais favorável que estes sapatos têm. No entanto, em trilhos mais instáveis e incertos, notei que, ou usamos uma passada consciente e atenta (e preferencialmente usando o meio do pé - midfoot strike), ou corremos o risco de sofrer um entorse no tornozelo, já que a estabilidade ao nível do calcanhar não está de todo muito favorecida como, por exemplo, nos Salomon ou nos adidas. Na verdade, será como comparar água com azeite. No entanto, se excluirmos este fator, tenho que reconhecer que - afinal de contas - foi nestes sapatos que os meus pés passaram as cerca de 22 horas seguintes, tendo-se revelado um óptimo compromisso para quem procura um sapato muito confortável e leve, e adequado a trilhos pouco exigentes ao nível técnico. No final dos 168 km do UTMB, fiquei com saudades dos adidas Riot 6 e agradecido aos Skechers Go Run Ultra. E só contabilizei uma unha negra (que não chegou a cair), o que em 41 horas de prova parece-me um bom balanço final. Já agora, o meu próximo desafio vai ser o UTAX 100K... alguém adivinha quais são os sapatos que vou usar na Serra da Lousã?
14.09.14

A primeira corrida do resto das suas vidas


José Guimarães
A Nara e o Luís eram sedentários. Assumidos. Aceitaram o desafio lançado há 3 meses no programa Queridas Manhãs da SIC e, com um objetivo final em vista, meteram mãos à obra e começaram a treinar. Hoje participaram na sua primeira prova: a Corrida do Tejo. Foram os seus primeiros 10 kms. E que felizes 10 kms. O objetivo da Nara era ficar em forma e ser capaz de, um dia, correr uma meia maratona com o namorado, com quem vai casar em Outubro. O Luís queria emagrecer, praticar desporto e ser um pai ativo, tornar-se uma referência para o seu filho. Estabelecido o plano de treinos, começámos a treinar. Caminhadas, corridas, força, aquecimentos e alongamentos. Desde o início dos treinos até ao dia de hoje, a principal característica da Nara e do Luís foi o à vontade com que encararam cada tarefa, cada desafio, por muito duro que fosse. Hoje, apesar da ansiedade própria de quem enfrenta algo desconhecido pela primeira vez - talvez custando uma ou outra hora sem dormir - correram "mais com a cabeça do que com as pernas" e cortaram a meta. Sem mazelas, sem lesões, com algumas dores, mas nada de mais, só daquelas que desaparecem com uma boa dose de alongamentos. Cortaram a meta acima de tudo realizados, com certeza felizes e com certeza certos que, afinal, são capazes de tudo! Para todos os estreantes de hoje, os meus parabéns! Para todos aqueles que sonham com esta estreia, não a adiem mais. Para a Nara e o Luís em particular, os meus mais sinceros parabéns. Foi um prazer acompanhar-vos nesta vossa primeira (de muitas) conquistas! Já ganharam o gosto por esta coisa das corridas. Já são ex-Sedentários! Agora... vamos continuar os nossos treinos? O desafio final está quase aí!
11.09.14

9 formas de ajudar os corredores sem experiência


José Guimarães

Lembram-se quando começaram a correr? Provavelmente tiveram algum amigo, treinador ou talvez outra pessoa mais experiente que vos ajudou e facilitou o processo de aprendizagem. Agora que já são corredores autónomos, está na hora da fazer algo com aquilo que aprenderam e ajudar alguém que está a começar a correr. Estão preparados? Aqui ficam algumas dicas sobre a melhor forma de introduzir um amigo na corrida e assim tornar o processo o mais fácil e agradável possível para ambos:

1. Comecem com uma caminhada

Alguns novatos vão querer começar logo a correr. Depois acham difícil (ou lesionam-se) e desistem. Se o vosso amigo é um autêntico sedentário, o melhor talvez seja começar com algumas caminhadas, antes de começar a correr. Façam-no começar a caminhar 30 minutos, dia sim, dia não. Logo que este seja um processo fácil, podem começar a experimentar a corrida.

2. Caminhada/corrida

Encorajem o vosso amigo a começar a correr somente durante 30 segundos, seguidos de 3 minutos (ou mais, se necessário) de caminhada. Gradualmente deverá aumentar o tempo de corrida e diminuir o tempo de caminhada. Usar esta aproximação da caminhada/corrida (no link vai uma versão ligeiramente mais cansativa) vai fazer com que o corpo comece a habituar-se gradualmente às novas exigências, sem chegar ao ponto de se sentir exausto. Aconselhem-no a continuar no processo de treinar assim por 30 minutos, dia sim, dia, não, por forma a evitar lesões e permitir ter tempo de recuperação. Nos dias em que não há corrida, podem sempre experimentar cross-training.

3. Vão devagar

Recordem o vosso amigo novato que deve sempre manter o ritmo de corrida lento. Para terem uma noção do que significa lento, ele deverá ser capaz de correr e falar em simultâneo. Se se sentir sem fôlego, então deve abrandar o ritmo.

4. Partilhar os recursos

Recomendem os livros de corrida ou os websites que mais vos ajudaram a começar a correr. Se foram bem sucedidos no vosso processo, partilhem-no com o vosso amigo.

5. Participem juntos numa prova

Ter uma prova marcada no calendário é uma forma excelente para ambos se sentirem motivados. Encontrem uma corrida com uma distância curta (5 km, para garantir que o vosso amigo novato a consegue concluir) e num sítio que vos agrade. Mesmo que decidam não correr juntos, o vosso amigo vai agradecer ter o vosso apoio antes e depois da corrida.

6. Ofereçam assistência com os sapatos e outro material de corrida

Os ainda não-corredores podem sentir-se um bocado sufocados com a quantidade de sapatos de corrida que existem no mercado, ou mesmo com o vestuário e os acessórios. Levem-no às vossas lojas favoritas e encorajem-no a fazer um teste à passada, experimentar vários sapatos, vestuário, etc. Façam recomendações sobre os acessórios, relógios e o que melhor resultou no vosso caso.

7. Corram com ele

Não têm que andar sempre a correr juntos, mas tentem acompanhar o vosso amigo de vez em quando. Se decidirem correr com ele para lhe fazer companhia, não tentem puxar pelo ritmo. Se o vosso amigo está ofegante, abrandem. Este não é o momento de mostrar os vossos dotes de atleta. Se não podem acompanhar um amigo novato nas corridas, experimentem arranjar-lhe um outro amigo ou um grupo de corridas que seja adequado.

8. Celebrem todas as vitórias

Lembram-se como se sentiram quando correram 10 km pela primeira vez? Eu lembro-me tão bem! Vejam periodicamente como o vosso amigo se está a sair e assinalem todas as metas que sejam importantes para medir o seu progresso. Quando ele atingir um grande objetivo, como concluir os seus primeiros 10 km, surpreendam-no com algo (ofereçam-lhe um par de meias de corrida), ou tirem algumas fotos juntos para mais tarde relembrarem o momento.

9. Falem sobre os vossos próprios erros e desafios

Por vezes o vosso amigo novato vai estar a braços com falta de motivação para treinar ou correr. Façam-no ver que faz tudo parte do processo e contem-lhe sobre aquelas alturas em que também vocês se sentiram sem motivação para correr ou concluir uma prova. Saber que também vocês passaram pelas mesmas dificuldades poderá fazer com que o vosso amigo se sinta mais relaxado e menos frustrado com o processo de aprender a correr.

Fonte: Running.about.com  

10.09.14

Como dar água aos corredores durante uma prova


José Guimarães
      At many races, there are volunteers who pass out water to the runners. It may seem simple, but it can be exceedingly difficult if you don't know what to do. This article will help you to help the runners- while minimizing your chance of getting soaked. Steps
1
Find a table, lots of plastic cups, and plenty of water. Round up a few people to help you out- three is a good number. Assign one "filler" (someone to rapidly put cups on the table and fill them with water) and two "passers" (people to pass out water to the runners). 2 Just before the race begins, make sure you have 20-50 cups ready for the first crowd of runners. Each cup should be filled about halfway. 3 When the runners come by, be ready! Take one cup in each hand and stretch your arms out so passing runners can take the cups. Grip it loosely at the bottom so they are easy to grab. 4 Fill those cups fast! After the first group clears, more and more runners will be passing your way. The filler should keep the cups coming, and the passers should be running back and forth as quickly as they can, so all runners get water. 5 Watch out for shy people. There are always a few people who are too bashful to snatch the water out of your hands. If anyone looks thirsty (panting, red-faced, etc.) but hasn't taken water, offer them a cup. If they refuse, that's fine, but if they accept, you know you've done something good. 6 Manners aren't the runners' priority, and they shouldn't be yours, either. A simple "you're welcome" to a runner's "thank you" is fine." Remember, though, that most of these people can hardly breathe, let alone talk. Expect some people to ignore you completely, and others to grab the water and not say a word. 7 Expect to be splashed. It's going to happen when you have people racing by and snatching water out of your hand. Don't worry about a spill. Watch out certain people, though, who will slap your hand and cause the water to fly into your face. Most likely, they are crabby from all of that running and looking for a laugh. Besides- it's just water! 8 Have fun! Tell the runners that they're doing a terrific job. Splash water on people if they ask (or if they look like they need it.) Throw some water on your friends. It's all for a good cause!   http://www.wikihow.com/Give-People-Water-During-a-Race
10.09.14

Homenagem aos que correm... fora das corridas


José Guimarães
Vocês não calculam quanto tempo demorei a ler todos os posts feitos no Facebook durante a minha participação no UTMB. Os posts e vossos os comentários aos mesmos: desde os mais simples "LIKES", às palavras de incentivo e comentários mais extensos, demorei muito, muito tempo a percorrer 3 dias da minha cronologia. Provavelmente até devo ter deixado escapar alguns comentários aqui e ali. As tecnologias ajudam, mas o Ser humano continua a ser um animal limitado e, se não respondi ou não fiz "LIKE" em algum, não foi por não ter gostado, acreditem. Senti-me esmagado por tamanho feedback. E não posso deixar de reconhecer que tal não teria sido possível sem a dedicação de quem esteve no terreno a toda a hora, incansável, a querer saber notícias minhas para as partilhar convosco e a dar-me noção do que se ia passando aqui no ciberespaço. ines-utmbSe as pernas que levei para a montanha estavam preparadas graças aos treinos com o António, o desconforto e o cansaço mental foi mais facilmente ultrapassado, muito graças ao apoio daqueles que também fizeram as suas corridas entre um posto de abastecimento e outro, com idas a casa pelo meio para ir buscar material e tentar descansar um pouco, com o stress provocado por horas a fio sem saber onde e como eu estaria, com sonecas dentro do carro com um olho aberto e outro fechado à espera daquele SMS, ou com madrugadas perdidas e esperas de horas a fio, só para poder estar no sítio certo à hora certa. joao-sacos-utmbRelembrando uma conversa com o Carlos Sá uns dias antes da prova, sobre a importância que tem para um atleta as pessoas que o apoiam, dou-me conta que provavelmente ainda não prestei a melhor homenagem a todos vocês que se despediram de mim ou me foram esperar no regresso, que não descolaram do computador durante a prova, bem como a estes incansáveis heróis que percorreram quilómetros (alguns milhares) só para estar ali e contribuir para tornar este desafio um bocadinho menos difícil. A todos vocês, mas com um sabor especial à Inês, ao João e à Anabela, à Maria (obrigado pelo filme da chegada.. se não fosses tu...) e aos gémeos Afonso e Gonçalo, obrigado pelas boas energia que colocaram nos sítios certos, à hora certa. É emocionante relembrar como nunca nos desencontrámos e como aqueles vossos sorrisos, os gritos de apoio - muitas vezes sem vos conseguir ver no meio da escuridão - ou como aqueles abraços e "high-fives" fizeram toda a diferença ao longo daquelas 41 horas. Esta é a melhor forma de homenagem que lhes posso prestar e servirá também para, de certa forma, homenagear todos aqueles que, não correndo, se dedicam de corpo e alma a apoiar aqueles que correm atrás das suas conquistas. Sem eles, estas coisas não seriam nem metade daquilo que são!
07.09.14

O UTMB: o que é e a que sabe correr na montanha


José Guimarães

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Fotografia: Pau Storch

É difícil não recordar aquela música. "Conquest of Paradise" é um título que não podia ser mais certeiro. Aquela melodia inspiradora deixa-me ainda hoje com a pele arrepiada. A temática da conquista levava-nos naquele dia - embora ainda sem percebermos bem o que nos ia acontecer - a viajar para algum locais que muitos iriam explorar pela primeira vez. Não sei se seria aquilo o paraíso mas, com toda a certeza, seria algo muito próximo dele, como vim a perceber mais tarde.

Não sei se vou conseguir descrever em pormenor toda a prova. Até porque foi grande: estamos a falar de mais de 41 horas de duração, espalhadas ao longo de 168 km. Vou fazê-lo em várias partes e, caso queiram que eu descreva alguma coisa mais em pormenor (como é passar dois dias sem dormir, o que é que comi durante a prova, que vestuário e equipamento usei, etc.) peçam-me e terei todo o prazer em fazer um post sobre isso, sem nenhum problema.

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Recordo-me dos acontecimentos aos flashes. Talvez porque parte de mim ainda hoje parece correr por aquelas montanhas fora, mesmo que só durante os sonhos. Recordo-me do Paulo ali ao meu lado na partida e da confiança que eu, simples novato, depositava nele. E provavelmente da confiança que ele depositava em mim e que eu teimava em não acreditar. Recordo-me do rugido do helicóptero que filmava os atletas, muitos deles - eu incluído - ansiosos até mais não. Recordo-me da chuva que caía vertiginosamente, como que a querer estragar-nos a festa. Recordo-me ainda da contagem decrescente feita em uníssono, encaixada cirurgicamente naqueles segundos de banda sonora que, minutos antes do início da prova, já saía dos altifalantes espalhados um pouco por toda a cidade de Chamonix, que neste dia parava para ver os atletas partir. Eram cerca de 2.300 que, de mãos no ar e já ensopados, partiam no dia 29 de Agosto com um sorriso estampado no rosto.

 

Aquele foi o fim de semana que vai ficar para sempre gravado na minha memória como aquele em que parti para a conquista de um sonho: correr pela primeira vez na montanha, correr nos Alpes, correr no UTMB - Ultra Trail du Mont Blanc.

Recordando um post antigo: Ultra objetivos 

Apetece-me começar - e acho que vocês vão compreender porquê - por falar da primeira vez que fiz um trail e das primeiras vezes que, vendo imagens do UTMB e das corridas nas montanhas, partilhava com amigos a vontade de um dia poder experimentar aquilo que então me deixava de boca aberta de espanto. Como era possível existirem na Terra lugares assim tão bonitos? E como era possível alguém correr ali?

 

Vivi com o trail running uma paixão à primeira vista e, aqui em Portugal, à primeira corrida. Recordo vezes sem conta o quanto me tocou a presença do Carlos Sá (himself) quando chegámos em último lugar à meta da primeira e mal preparada incursão na Serra d'Arga. Talvez ele tenha sido por isso um dos grandes responsáveis por me ter apercebido logo desde cedo que, no trail running, reina acima de tudo um espírito muito característico de comunhão, não só uns com os outros, mas também com o ambiente que nos rodeia, com a natureza, afinal de contas, com o nosso habitat, tal e qual como ele é (ou deveria ser). E tudo isto se percebe desde cedo numa prova como o UTMB.

 

Desde a preparação da prova, a eficácia na gestão das milhares de pessoas (atletas e acompanhantes), mas principalmente a sensibilização para cuidarem daquilo que não é deles, mas que a eles que também toca a responsabilidade de manter. Em tudo, o UTMB cheira a uma prova perfeita e sem falhas. É, afinal de contas, uma corrida épica, longa e dolorosa. É uma corrida na montanha e, como tal, há que saber ao que se vai e estar preparado para tudo o que possa acontecer.

 

O início da corrida

Logo desde o início, a minha prova estava mais do que pensada. O ritmo - já acordado com o Paulo - seria bem lento desde o início, tentando não puxar muito pelas pernas, mas também sem provocar os tempos limites de fecho dos postos de abastecimento.

 

Com chuva desde a largada, não havia casaco impermeável que resistisse. Depois de uns quilómetros relativamente planos, passámos por Les Houches tranquilos e sem parar, já que estávamos abastecidos e não tínhamos necessidade nenhuma de combater a multidão de atletas que estavam nas enormes mesas a recolher líquidos. Logo depois viria a primeira subida: Le Délevret.

 

O ritmo que planeámos para a prova teria de ser suficientemente forte para não ultrapassarmos os tempos de fecho dos postos de controle, mas suficientemente conservador para não esgotarmos cedo demais as reservas de energia. E se em terreno plano ou a descer iríamos querer correr tanto quanto nos fosse possível, nas subidas a estratégia foi adoptar um passo de caminhada, contando com a ajuda dos bastões para manter um ritmo o mais forte e consistente possível.

 

Uma corrida mítica como o UTMB conta não só com uma organização exemplar, mas também com o apoio do público que incessantemente aplaude e grita palavras de incentivo ao longo de todo o percurso. Se depois do primeiro banho de multidão em Les Houches me senti animado, nesta primeira subida não posso deixar de recordar o momento em que, uma senhora japonesa, ostentando um cartaz com caracteres que não sei decifrar, oferecia gomas numa bandeja enquanto gritava: "HARIBO!!! HARIBO!!! HARIBO!!!"... é isto o UTMB e seriam gestos destes que, mais tarde, em momentos de maior fraqueza, poderiam marcar a diferença.

 

A chegada a Saint Gervais foi apoteótica, digna de registo. Era o primeiro posto de controle. Como o tempo de corte da prova era às 21h30 e tínhamos chegado a pouco menos de 1 hora do mesmo, decidimos não demorar muito mais e tentar chegar rapidamente a Les Contamines, o primeiro posto onde sabíamos que íamos ter a nossa assistência à espera pela primeira vez. Foram 10 km feitos sempre debaixo de chuva, com a agravante de termos a primeira noite a cair, mas ainda sem qualquer ponta de fome ou sede que nos pudesse tirar a vontade de correr. E tanta era a vontade de chegar a Les Contamines, que nem o terreno lamacento, escorregadio e já mal iluminado pelo fim do dia, nos fez parar para montar os frontais. Em vez disso, foi a luz dos outros corredores que nos iluminou os trilhos.

 

Primeiro posto com assistência. E lá estavam a Inês, o João Nuno e toda a família, a postos para darem algum alento a estes dois atletas completamente ensopados. Foi a primeira paragem mais prolongada, onde aproveitámos para comer alguma coisa mais consistente, que não fosse gel energético ou as gomas Haribo que ainda me sobravam nos bolsos dos calções. A opção daqui para a frente seria comer sempre uma sopa carregada o mais possível com massa, beber café ou chá e uma ou outra coisa sólida como queijo e bolachas salgadas. Esta seria a estratégia a reter até ao fim e iria fazer toda a diferença para enfrentar as tiradas de maiores horas ou as subidas mais difíceis. Em Les Contamines ainda chovia e, como já tinha a tshirt ensopada por baixo do impermeável, optei por vestir uma primeira camada mais quente e de manga comprida que trazia na mochila, para então seco e revigorado estar mais capaz de enfrentar a noite fria e em altitude. Iríamos agora fazer uma das maiores subidas da prova, com cerca de 1.350m de desnível até Croix de Bonhomme, a cerca de 2.500m de altitude.

 

A 1 hora do fecho do posto de controlo, lá nos fizemos novamente ao caminho. E a subida começava em Notre-Dame de la Gorge. Feita sempre em pedra, é de tal maneira concorrida que o Anton Krupicka a descreveu como uma subida ao género da Tour de France: muito íngreme e com pessoas de ambos os lados a aplaudir e a puxar pelos atletas. Daqui para a frente e já pela madrugada dentro, havia que gerir bem o esforço, os tempos de passagem pelos postos de controlo e progredir o melhor possível entre os abastecimentos.

 

O meio da corrida

Não sendo ainda bem o meio da prova (este seria ao km 77, em Courmayeur, Itália), creio que registei mentalmente a chegada ao Col de la Seigne como sendo o final dessa primeira metade psicológica. O dia amanhecia, depois da primeira noite passada a correr por terras francesas. Por muito que possa tentar ser descritivo, creio que conseguirei dizer muito pouco que seja capaz de fazer juz à tamanha beleza que é assistir ao nascer do sol em Col de la Seigne, a cerca de 2.500m de altitude, com o Mont Blanc visto agora do lado de Itália, encaixado numa paisagem de cortar a respiração. Depois de recebermos os bons dias das autoridades italianas e de nos terem novamente "scannado" os dorsais com chip, muitos foram os atletas que pararam para tirar uma foto, para filmar, ou somente para se sentarem à beira do caminho em pura contemplação, virados para o vale ladeado de montanhas e glaciares, onde se situava o próximo posto de controle, 500m mais abaixo: Lac Combal. Lembrei-me tanto mas tanto do Caminho de Santiago que ainda não fiz... ou será que já o estava a fazer aqui?

 

Depois da descida ao posto de controle de Lac Combal, aproveitei para reforçar a dose de comida (apesar de serem sempre as mesmas coisas, chamemos-lhes a esta hora o pequeno almoço) enquanto aguardava pelo Paulo, que vinha uns minutos mais atrás, na companhia de outro amigo português, o Zé (bom nome este). Como eu estava um pouco mais adiantado e tinha algo a chatear-me - e a arder terrivelmente - na planta do pé (seria uma bolha?), disse ao Paulo que ia andando e esperaria por ele em Courmayeur, onde queria chegar o mais rapidamente possível, para trocar de roupa, tratar do pé e comer calmamente. Despedidas feitas, a partir daqui concentrei-me em fazer a minha corrida, quer sozinho, quer na companhia esporádica de um ou outro companheiro de corrida feito no momento, de uma qualquer nacionalidade que fosse... e tantas que haviam por ali.

 

Depois de um trilho lindíssimo a contemplar todo o Vale Aosta, a descida até Courmayeur parecia não ter fim. O que começou a cerca de 2.400m de altitude, só terminou aos 1.200m. Só neste trecho, o Suunto registou 1.200m de desnível... negativo, tendo demorado cerca de 2 horas para fazer 10 km (com um posto de abastecimento intermédio pelo caminho). 

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E no final, não poderia haver melhor tratamento para uns quadricípedes doridos do que chegar ao posto de controlo, ter a Inês à espera com o saco da roupa limpa e ser "apaparicado" com mimos dignos de um atleta de elite.

 

A base de Courmayeur deu-me tempo mais do que suficiente para recuperar as pernas, trocar de roupa e de sapatos, comer decentemente e com calma, tirar umas fotos e tentar remediar a planta do pé, que afinal estava com uma ferida profunda, depois tanto tempo de pés molhados e fechados dentro dos sapatos. E depois de falar com o Paulo, que já havia chegado, mas que devido a problemas de estômago iria ficar a descansar um pouco mais em Courmayeur, despedi-me de todos e segui caminho para a segunda metade da corrida.

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Até ao fim da corrida

A partir daqui não tenho muita história para contar. Tenho duas paisagens fabulosas, uma delas do lindíssimo refúgio Bonatti (se pensam em fazer uma caminhada à séria nos Alpes, não deixem de pernoitar aqui). E tenho muitas horas de corrida sozinho, muitas das quais de noite. E foi de noite que encontrei aqueles que seriam os meus seguintes companheiros de viagem, aqueles com quem iria terminar a prova: o Diogo e o Manel.

 

Tenho tempo também para descrever um outro episódio peculiar: uma paragem noturna que não estava nos planos, feita num posto de abastecimento improvisado em frente a uma casa, cuja própria família (pais, filhos e avós) haviam colocado sobre uma mesa na entrada, café, chá e biscoitos, ao serviço dos atletas que por ali passavam. E foi ali mesmo que, entre duas doses de cafeína e algumas gargalhadas, recuperei algum do ânimo para correr, aquele que a madrugada inevitavelmente acaba por tirar a qualquer pessoa.

 

O encontro com o Manuel e o Diogo foi feito de forma muito casual. Ia eu a subir um dos muitos trilhos noturnos em zigue-zague no meio das árvores, aqueles em que não se vê outra coisa durante horas, senão os 10 metros que o frontal ilumina à nossa frente, quando ao nível dos meus olhos me deparo com um par de perneiras muito familiar, nas pernas do corredor que apanhei à minha frente: vermelhas e com a palavra PORTUGAL escrita na vertical. Apesar de irmos todos a arfar, claro que meti logo conversa e claro que, respondendo com a habitual simpatia "tuga" nestas andanças e encontrando depois uns nos outros um ritmo semelhante, desde logo seguimos juntos no resto do caminho.

 

Já com mais de 100 km feitos e com uma estratégia de alimentação nos postos de abastecimento que - apesar de terem sempre os mesmos ingredientes - surtia o efeito desejado, tanto nas etapas mais longas como nas mais íngremes, a progressão ia-se notando cada vez mais rápida, com o controle dos tempos de fecho a ser feito cada vez com mais tempo de sobra. O caminho até ao final contava agora somente com duas subidas íngremes, a última das quais ao famoso Tête aux Vents, de onde já podíamos avistar Chamonix, que nos aguardava 1.000m mais abaixo.

 

Não sei onde alguém consegue ir buscar forças depois de passar quase 40 horas a correr. O que é certo é que os rochedos no alto da montanha já não eram obstáculo para as nossas pernas cansadas, nem os trilhos com pedras soltas e raízes de árvores eram suficientemente traiçoeiros para os nossos pés doridos. Na minha cabeça já só visualizava a entrada em Chamonix e de certeza que na cabeça do Manuel e do Diogo também já só se sonhava com essa tão ambicionada chegada.

 

É certo que nos cerca de 10 km que nos separavam do fim, muitas coisas poderiam ainda acontecer. Mas talvez a força do pensamento positivo ou mesmo as últimas forças que nos restavam no corpo tivessem sido as responsáveis pela fluidez daquela última hora de corrida, feita trilho abaixo, sempre a descer, no meio dos caminhantes que já há 41 horas nos pareciam gritar incessantemente palavras de incentivo como "Bravo!!! Super!!!"... incessantemente!

 

E, no final, tudo está bem quando acaba bem. Bandeira hasteada no bastão de corrida, últimas dezenas de metros feitos sem esforço, mas antes a voar baixinho entre as centenas de pessoas que ladeavam o caminho desenhado pela organização até à meta, sorrisos e mais sorrisos vindos de desconhecidos e de quem nos esperava ansiosamente na última curva antes do pórtico de chegada. E como só damos por terminada a prova quando todos de nós cruzamos a meta, claro que ainda esperámos pelo Paulo, que com a garra que lhe é tão característica, fez o último quilómetro rodeado de amigos e cruzou a meta com um ar de satisfação que só quem passa pelo mesmo lhe pode conhecer o sabor.

 

E depois do final

O concluir uma prova como o UTMB tem tanto uma enorme capacidade de nos deixar felizes, como com uma pontinha de tristeza. Porque por um lado concluímos um feito que muitas vezes julgámos nós próprios ser impossível. Porque vimos lugares e situações que tão cedo não vamos poder repetir. E porque parte de nós - finishers - afinal não chegou a cruzar a meta, mas ficou algures na alta montanha a correr.

 

Quem gosta de uma prova como o UTMB, gosta da montanha, onde impera o respeito pelo próximo e pelo seu habitat. Gosta de respirar do ar mais puro que o nosso planeta tem para nos dar. E sabe apreciar tanto uma boa gargalhada, como momentos de meditação e silêncio absolutos, que só locais assim conseguem proporcionar. É isto que é a essência do UTMB e é a isto que sabe correr na montanha. Quanto a mim, redescobri-me e apaixonei-me. Não sei quando irei regressar, mas com certeza que o vou fazer. E quando o fizer levarei uns de vós comigo. Aceitam o desafio?