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Já não é a primeira vez que aqui digo como é importante respirar corretamente enquanto se corre. É certo que o sucesso na corrida está dependente do treino adequado ao objetivo que pretendemos atingir, bem como de muitas outras variáveis. Mas aplicar algumas técnicas de respiração corretas pode também contribuir significativamente para conseguirmos correr melhor. Se conseguirmos inalar mais oxigénio, sem comprometer a nossa eficácia de corrida, teremos uma grande vantagem face a outros corredores que lutam por respirar corretamente.
Ver artigo Como se deve respirar enquanto se corre?
É normal por vezes sentirmo-nos com falta de ar quando estamos a correr. O nosso corpo depende de oxigénio para trabalhar e os nossos músculos vão precisar de ainda mais oxigénio quando estiverem a praticar uma atividade física mais intensa, como a corrida. Quando estamos a correr, o nosso corpo tem que estar constantemente a fornecer oxigénio aos músculos, para que estes possam ter energia e providenciar a força necessária para nos impulsionar para a frente. Os nossos pulmões têm que conseguir absorver mais oxigénio do ar e é por esta razão que muitas vezes nos sentimos com falta de ar enquanto corremos.
Se quiserem testar os limites do vosso sistema cardio-respiratório enquanto correm, há um teste fácil que podem fazer e que se apelidou do "teste da conversa":
Comecem por correr num ritmo que vos permita respirar facilmente e de forma despreocupada. Neste ritmo, deverão ser capazes de conversar confortavelmente com os vossos companheiros de corrida. Depois, tentem correr um pouco mais rápido e voltar à conversa. Quando não conseguirem manter uma conversa de forma fácil e confortável, isso provavelmente quererá dizer que estão a correr depressa demais para a vossa capacidade cardio-respiratória atual.
Se forem capazes de respirar de forma adequada à vossa corrida, poderão melhorar a vossa resistência e correr mais rápido, ou mesmo cobrir distâncias maiores. As técnicas de respiração certas vão ajudar o vosso corpo a entregar oxigénio aos músculos de forma mais eficiente, o que vai fazer com que se sintam mais confortáveis a correr. Eis algumas dessas dicas:
Em circunstâncias normais é natural que se respire pelo nariz. No entanto, quando estamos a correr, provavelmente todos usamos a boca para respirar. Se respirarem de forma confortável pela boca, conseguem inalar maiores quantidades de oxigénio, mas também (e muito importante) libertar mais dióxido de carbono para fora dos pulmões. Esta é a melhor forma de inspirar quantidades suficientes de oxigénio para os nossos músculos.
Quando estamos a correr não devemos respirar só com a caixa toráxica. Para introduzir mais oxigénio no nosso sistema, temos que aprender a usar todos os cantinhos dos nossos pulmões, o que significa que temos que aprender a respirar "com a barriga" ou, corretamente falando, aprender a fazer respiração abdominal. Podem experimentar em casa: deitem-se no chão, inspirem e inchem barriga, expirem e vazem a barriga - usem uma mão em cima da barriga e outra no peito, em que a mão do peito não pode nem subir, nem descer. Depois é só aplicar a técnica durante a corrida. Esta técnica serve de complemento à respiração puramente toráxica, aumentando assim a capacidade dos pulmões.
Nem sempre é consensual, mas uma das melhores formas de respirar enquanto se corre (principalmente mais rápido) é fazer uma respiração mais curta e superficial. Não vão conseguir correr muito longe se estiverem constantemente a respirar de forma profunda e prolongada. No entanto, se sentirem dificuldades a respirar enquanto sobem, por exemplo, uma encosta íngreme, intervalar com algumas respirações longas pode ajudar a recuperarem o ritmo respiratório.
É importante respirar ao mesmo ritmo que a vossa passada. Esta é uma das principais dificuldades que eu vejo nos iniciados que começam a dar os primeiros passos de corrida e, talvez, um dos mais importantes. Devem inspirar e expirar a um ritmo consistente, não importa se estão a correr rápido ou lentos. Uma forma de verificar se estão a respirar ao ritmo da corrida é contar os passos que dão enquanto correm e inspirar/expirar em cada 2 passos ou mais. Os mais experientes (ou em ritmos mais lentos) deverão conseguir inspirar em 4 passos e expirar nos outros 4 passos seguintes.
Fonte: FitDay
Para sair um pouco fora das modas anti-calorias (e consequentemente anti-carbohidratos), parece-me que talvez seja altura de entender estes últimos e de os integrar da forma correta na nossa alimentação. Os carbohidratos são uma das nossas principais fontes de energia, quer sejamos corredores, ciclistas, nadadores, ou não façamos qualquer desporto. Isto porque precisamos de energia para coisas tão simples como... estar vivo! Quando digeridos, os carbohidratos são transformados em açúcar, para fornecer energia ao nosso corpo, que o utiliza de forma imediata, ou o armazena no fígado e nos músculos como glicogénio, para utilizar mais tarde.
Mas, tal como qualquer outro aspeto na nutrição, precisamos de usar os carbohidratos da forma correta. Significa isto que, se comermos carbohidratos a menos ou a mais, podemos vir a ter problemas.
Por esse motivo, aqui ficam 5 coisas que devem mesmo saber sobre este macronutriente, para que não restem dúvidas:
Não é tanto uns serem "bons" e outros "maus". Uma forma mais inteligente de nos referirmos aos carbohidratos talvez possa ser como os processados e os não processados (ou processados ao mínimo). Isto inclui vegetais, fruta, leguminosas, etc. São ricos em fibra e digeridos mais lentamente. E como são processados ao mínimo, contêm bons nutrientes e antioxidantes. Os carbohidratos altamente processados, como o pão branco e outras coisas feitas nas pastelarias, contêm pouca fibra e tipicamente menos nutrientes. São rapidamente digeridos e aumentam rapidamente o nível de açúcar no sangue, o que até pode ser bom, nas ocasiões em que necessitamos daquele boost de energia, como numa prova ou num treino longo. Mas atenção, que o pico é alto, mas a quebra depois também pode ser grande. A exceção talvez esteja nos géis e gomas energéticas, que devem ser usados somente em situações específicas, como durante uma prova.
A principal razão para a má reputação dos carbohidratos prende-se com o facto destes não saciarem tanto como a proteína ou a gordura. Os carbohidratos estimulam a resposta à insulina e, se não são ricos em fibra, ou ingeridos com alimentos que contenham proteína ou gordura, o nível de açúcar pode aumentar e diminuir de forma muito abrupta, o que estimula a fome. Por exemplo, não ingerir carbohidratos não é necessariamente a melhor resposta para emagrecer. E porquê? Quando cortamos nos carbohidratos, tendencialmente cortamos nas calorias, o que pode ajudar na perda de peso. Mas cortar nos carbohidratos também vai fazer com que percamos água nas células, o que pode fazer com que percamos peso. Quando reintroduzimos os carbohidratos novamente, o peso vai normalmente regressar... e em força! A chave é ingerir a quantidade diária correta de carbohidratos, principalmente se estiverem envolvidos em modalidades como corrida ou ciclismo. O que nos leva à próxima questão...
A resposta é: depende! Poderão precisar de mais ou menos carbohidratos, conforme o vosso nível de atividade diária. Comecem por experimentar 50% a 60% de carbohidratos, 15% a 20% de proteína e 25% a 30% de gordura. Comecem assim e ajustem conforme necessário. Se ficarem com fome pouco tempo depois de uma refeição, aumentem a gordura e a proteína. Se se sentirem demasiado cheios, diminuam. A combinação certa leva a uma regulação dos níveis de açúcar no sangue e a um nível de energia mais constante. Para medirem as proporções corretas, encham metade do prato com vegetais, um quarto com carbohidratos ricos em fibra e o outro quarto com algo rico em proteína. Adicionem umas gorduras de alta qualidade (como o azeite) para dar sabor.
Estudos recentes sugerem que queimar gordura em vez de carbohidratos melhora a performance, porque as reservas de gordura do nosso corpo são maiores (e duram mais tempo) do que as reservas de glicogénio. No entanto, outros estudos apontam para que os músculos aproveitam melhor os carbohidratos como fonte de energia, durante exercícios prolongados. De facto, chegou-se mesmo à conclusão que os carbohidratos contribuem com até 91% de energia utilizada pelos corredores. A gordura pode ser uma excelente fonte de energia mas, para o atleta amador, os carbohidratos serão a forma mais aconselhada de se abastecerem.
A resposta é: sim! Mas façam-no de forma inteligente. O objetivo do chamado "carbo-loading" (ingestão exagerada de carbohidratos) é fornecer ao corpo o combustível adicional que ele vai necessitar para atividades que se vão prolgongar por mais de 90 minutos. Isto porque os nossos músculos armazenam uma quantidade finita de glicogénio, que se esgota aproximadamente aos 90 minutos de esforço. A chave é começar a ingerir carbohidratos durante a semana antes da prova. Para a maior parte das pessoas, esta ingestão deverá corresponderá a cerca de 8 a 10 gramas de carbohidratos por cada quilo de peso corporal (eu tenho 80kg, portanto serão 720gr de carbohidratos), divididos ao longo das refeições diárias. Mas atenção, pois isto não é o mesmo que ingerir calorias! A ingestão de carbohidratos antes de uma competição significa que estes - os carbohidratos - devem substituir os outros nutrientes, principalmente a gordura. Se assim não for, tal facto pode resultar em aumento de peso, o qual pode ser sentido no dia da prova. A distribuição na dieta desta semana poderá consistir em 70% (ou mais) de carbohidratos, 15% de proteína e 15% de gordura. Bem diferente da distribuição referida umas linhas acima. Também não recomendo muito a ingestão exagerada de carbohidratos na noite anterior (nas chamadas pasta party, por exemplo), já que isto pode originar problemas gastro-intestinais.
Como tudo na vida, usem os carbohidratos com moderação e de forma inteligente e isso irá ajudar na vossa performance.
Vejam o artigo relacionado: Vivam os carbohidratos!... os corretos
Fonte: Bycicling