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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

31.08.18

Metas e objetivos na corrida


José Guimarães

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Nestas coisas das corridas, todos nós temos motivações e objetivos diferentes. Alguns sonham com, um dia, correr uma maratona. Outros querem correr 10 km pela primeira vez (ainda me lembro dessa minha primeira vez como se fosse ontem). Pessoalmente, eu gosto dos desafios das distâncias longas. Mas seja qual for o nosso objetivo, todos temos uma paixão por correr e encontrámos algures no tempo uma razão para o fazer. E essa razão tem certamente de ser importante para nós, caso contrário não nos faria sair à rua para treinar, dia após dia, muitas vezes à chuva, ao frio, ou de madrugada, antes de ir para o trabalho.

 

Depois de sabermos a razão que nos leva a correr, é importante escrevermos num papel todos objetivos que gostaríamos de atingir no caminho. Isto é mais importante do que parece, porque um objetivo que não esteja escrito pode não passar de um simples desejo. 

 

Diz quem sabe, que os objetivos devem ser SMART, o que em inglês significa Specific (específicos), Measurable (mensuráveis), Attainable (atingíveis), Realistic (realistas) e Time-related (datados). Um bom exemplo pode muito bem ser alguém com 30 anos, que sente falta do desporto que praticou na escola e que decide começar a treinar, para fazer uma meia-maratona que vai acontecer daqui a 4 meses. Esta pessoa provavelmente terá sucesso, porque tem um objetivo específico, uma razão para o fazer e tempo de treino suficiente para se preparar para a corrida. No entanto, não devemos ser demasiado rígidos com todas estas contas. Isto porque acredito que, sejam quais forem as nossas razões para correr, devemos acima de tudo encontrar sempre um ponto de satisfação nesta jornada.

 

Eu? Eu corro pelo bem estar que me traz e o puro prazer que me dá! Senão não o fazia.

 

Como começar a estabelecer objetivos de corrida?

Se se estão a iniciar nestas coisas das corridas, estabelecer um objetivo para um plano de treinos (ou para um treino específico) é uma ótima forma de se manterem fiéis ao mesmo, ajudando-vos também a ver os progressos que vão fazendo. Aqui ficam algumas metas que vos podem ajudar a estabelecer os vossos primeiros objetivos de corrida:

 

  • Marquem uma hora e corram sem interrupções. Se são estreantes, isto pode equivaler a correr 5 ou 10 minutos seguidos a correr. Se já correm com alguma frequência, há 1 mês ou mais, este objetivo pode significar correr 30 minutos sem parar. Mas foquem-se e procurem fazê-lo sem interrupções (por exemplo, não vale parar no supermercado no caminho).

  • Corram 3 vezes por semana. Uma das melhores formas de tornar a corrida mais fácil tem a ver com a regularidade com que corremos. Isto não significa que têm de correr 1 hora todos os dias. Vão com calma e escolham uma distância ou um período de tempo que seja fácil de concretizar 3 ou 4 vezes por semana, no máximo. Escolham dias específicos para o fazer (para ser mais fácil de relembrar), calendarizem-nos e sejam fiéis a este plano, pelo menos durante 1 mês (para começar está ótimo).

  • Estejam preparados. Tenham um saco de equipamento preparado no vosso carro ou no local de trabalho. Desta forma vão estar sempre preparados para as oportunidades que possam surgir diariamente para correr. Mesmo que sejam só 15 minutos, qualquer tempo de corrida é melhor do que não correr de todo e isso irá fazer a diferença nos vossos hábitos de corrida.

  • Correr 1 km em menos de 6 minutos. Se isto vos parecer impossível, estabeleçam um limite que vos seja mais realista. Não faz mal caminhar um pouco de vez em quando, mas cedo vão querer começar a trabalhar para correr este quilómetro em menos de 6 minutos.

  • Corram até ao topo da rampa. Encontrem uma rampa decente (ou comecem a inclinar a passadeira do ginásio) e experimentem correr até ao topo. Esta primeira tentativa vai puxar pelo coração e pulmões, portanto vão com calma e parem se tiver de ser. No entanto, com a regularidade, as pernas vão ficar mais fortes e, ao fim de algumas tentativas, vão atingir o topo muito mais facilmente.

  • Corram em superfícies variadas. Misturar vários tipos de piso nas corridas traz vantagens aos músculos, tornando-nos corredores mais ágeis. Experimentem alternar entre passadeira, asfalto, trilhos ou mesmo areia. Tenham em conta no entanto que correr na areia fofa é bem mais difícil do que correr - por exemplo - numa passadeira. Portanto, sempre que a superfície for mais suave, corram numa passada mais lenta ou por um período de tempo mais curto.

 

À medida que vão seguindo os vossos planos de treino, tenham em consideração aquilo que mudam nas vossas vidas. Se têm alguma dificuldade em completar os treinos, em dormir tempo suficiente para recuperar, ou em encontrar tempo para todas as pequenas coisas que ainda têm para fazer, então convém parar e analisar o que podem mudar. Se tiverem dificuldades com o processo, deixem um comentário ou contactem-me e verei como posso ajudar.

 

Bons treinos!

19.08.18

Os meus super heróis: o "IronEM" Alexandre


José Guimarães

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José: Quero apresentar-te como um triatleta. Como um Ironman. Mas também como um ser humano igual a todos nós. Igual não. Porque além dos desafios a que te propões, lutas diariamente contra a Esclerose Múltipla. Antes de mais, quero pedir-te para acabares com um mito. A Esclerose Múltipla NÃO É uma doença dos ossos. Queres explicar o que é, e o que tens em concreto?

Alexandre: Efetivamente Esclerose Múltipla (EM) não é uma doença dos ossos [risos]. EM é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central, querendo dizer com isto que não tem cura. Normalmente a sua maior incidência é na faixa etária dos 20 aos 40 anos, afetando mais o sexo feminino. Dou sempre como exemplo o fio condutor de eletricidade que tem aquela borracha protetora. Se ela não existir e se se tocar no fio, a luz emitida pela lâmpada acaba por ter picos de intensidade. Basicamente é isso que acontece com quem tem EM. A mielina - a camada protetora do neurónio, que tem como principal objetivo ajudar na transmissão correta da informação - é vista pelo sistema imunitário como agente agressor e este começa a atacar a mesma, criando focos de inflamação (chamados de surtos), que originam uma falha na passagem da informação até ao destino.

No meu caso tive uma série de surtos: visão dupla, falta de equilíbrio, perda de sensibilidade, entre outros... ou seja, existe uma panóplia de sintomas que fazem com que o diagnóstico seja muito difícil. Não é por acaso que é chamada de “doença das mil caras”.

 

Como é o teu dia a dia desde que acordas até te deitares, de uma forma geral, e que cuidados específicos tens?

Neste momento, com a preparação de uma prova importante, que falarei mais à frente, o meu dia-a-dia é um pouco atípico e agitado. Desde o momento que me levanto até voltar para o descanso, o meu dia está dividido entre trabalho e treino. Treino duas vezes por dia: à hora de almoço e depois do horário de trabalho. Para além das 40 horas laborais semanais acrescento, em média, cerca de 15 horas de treinos. É uma logística um pouco difícil, porque prescindimos de bastante tempo com aqueles que mais gostamos.

 

E esse desgaste físico a que estás sujeito diariamente, com treinos e trabalho... como acautelas essa parte?

O essencial é o descanso. Tento sempre dormir 8 horas diárias. Tendo eu Esclerose Múltipla, a fadiga é uma constante na minha vida e, por isso, o descanso é fundamental. Contudo, desde de 2017, senti necessidade de ter um acompanhamento para as vertentes muscular e nutricional. A alimentação tem um peso significativo na nossa recuperação. Não é por acaso que se diz que somos o que comemos. Reduzi no glúten, cortei com a lactose e nos açucares refinados, todos os alimentos com potencial inflamatório. A nível muscular, o reforço é o que menos gosto de fazer, mas tem sido essencial para evitar lesões e aumentar o meu bem estar diário.

É muito importante frisar que é necessária uma adaptação do nosso corpo a esta carga horária. Quando comecei a fazer exercício, há 5 anos e com 116kg de peso, o objetivo passava por tentar correr 3km. Foi assim ao longo de 6 meses. A carga tem que ser sempre progressiva e adaptada às nossas limitações. A mensagem a passar aqui é que todos devemos respeitar os nossos limites, tentar perceber quais são e nunca, MAS NUNCA, os passar cedo demais.

 

Voltando há uns anos atrás, como é que soubeste que tinhas EM? Foi “culpa” tua ou é algo que simplesmente acontece?

O primeiro sintoma que tive foi uma neurite ótica, em que basicamente via uma nuvem branca através do olho esquerdo. Para se ter uma noção, era idêntico a ver através de nevoeiro cerrado. A partir daí dirigi-me ao hospital e segui os tramites normais, tendo a sorte de ser diagnosticado muito rapidamente. Falamos de um espaço temporal de 6 meses. Um diagnóstico rápido é muito importante porque, apesar de a EM não ter cura é possível de se controlar e fazer uma terapêutica é fundamental para “atrasar” a sua evolução. A EM não é contagiosa, mas a sua origem ainda é um pouco desconhecida e não se sabe muito bem a causa do seu aparecimento.

 

Queres deixar algum tipo de alerta, sobre o que deve ter em atenção?

Por muito insignificante que seja o sintoma que possamos sentir no nosso corpo, faz todo o sentido procurar ajuda profissional. Pequenos sintomas, como perda de sensibilidade nos dedos, podem ser indicador de que algo mais grave se pode estar a passar.

 

A EM tira-te forças, ou dá-te forças?

A EM, quando fazia parceria com o excesso de peso, tirou-me muitas forças. Subir um lance de escadas era uma tarefa hercúlea. Foi a minha necessidade de contrariar isso que me fez querer mais. Desejei ter saúde e, nos últimos tempos, o desporto tem sido o meu melhor amigo. Por isso hoje posso afirmar que a EM me levou a um patamar que nunca sonhei chegar.

 

O que é o "EM'Força" e o "IronEM"?

O "EM´Força" é um projeto da SPEM – Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, no qual eu tenho a honra de ser o coordenador. O nosso principal objetivo é associar a superação pessoal à divulgação e, principalmente, desmistificar o que é a EM. Neste momento temos atletas nas mais variadas vertentes desportivas.

O "IronEm" é mais uma conquista pessoal. Vem muito no seguimento da minha vontade de me superar a cada ano. Basicamente é uma forma de mostrar que todos nós sonhamos e que, independentemente das nossas limitações, só dependemos de nós para os querer realizar. Quando comecei sonhava em ser maratonista e realizei esse sonho em 2014. Depois surgiu o triatlo, com a ambição de me tornar um Ironman. E assim o fiz em 2017.

“If you can dream it, you can do it”. Walt Disney 

 

Desafios para o futuro, tens limites? Queres levantar um pouco o véu e partilhar algumas coisas?

Todos nós temos limites, os nossos sonhos não. Em 2015 estava sentado em casa a ver o campeonato do mundo de Ironman - para quem não sabe é um triatlo de longa distância, que consiste em nadar 3,8km, pedalar 180km e correr 42km - e imaginei-me ali a sentir a água salgada à espera do tiro de partida. Não sabia nadar, pedalar era uma brincadeira e tinha vindo de correr a minha maratona. Claro que sabia que iria ser muito difícil algum dia estar ali no meio daquelas 2400 pessoas. Mas sonhei e, apesar de não ser através do método tradicional de classificação, este ano concorri a 5 vagas que a organização disponibiliza a nível mundial e... fui um dos selecionados! Acredito que na vida nada acontece por acaso e esta prova é mais uma etapa desta minha luta com a EM e de lhe mostrar que, enquanto eu tiver o controlo, irei fazer aquilo que mais gosto e que me realiza!

 

Como gostavas que as pessoas se lembrassem de ti no futuro?

Como aquele “gaijo” teimoso que não se resigna e faz tudo para seguir os seus sonhos! ;)

 

06.08.18

É ultra, mas não é "o Ultra". O novo relógio da Suunto chama-se Suunto 9


José Guimarães

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Depois do Spartan Ultra ter andado no "top of mind" dos fãs da marca durante os últimos tempos, a Suunto lançou agora a sua nova coqueluche no mercado de relógios GPS multidesporto: o Suunto 9.

 

Apesar de ter abandonando o nome "ultra", o Suunto 9 é visto por muitos como o sucessor do Suunto Spartan Ultra e, em alguns aspetos, até posso dar razão a quem afirma isto. Afinal, a par da alteração do nome, o relógio é visto mais como uma (e excelente) evolução, do que como uma revolução, face ao modelo anterior. 

 

Neste artigo vou só focar algumas das características principais do relógio (as novidades), pelo que se quiserem mais detalhe sobre as funcionalidades base que são mais ou menos transversais a todos os modelos Suunto, peçam-me que eu faço outro artigo, mais detalhado.

 

Se procuram o relógio Suunto com mais (e melhores) capacidades, este é sem sombra de dúvida o modelo a escolher, o topo de gama da marca finlandesa.

 

As novidades no Suunto 9

A primeira novidade que salta logo à vista é a colocação do cardiofrequencímetro no pulso (tal como existe em praticamente todos os outros relógios), com um sensor da já conhecida parceira da Suunto, a Valencell. Além deste sensor, o Suunto 9 (tal como qualquer outro modelo da marca) permite a utilização de um sensor de cardio no peito (a chamada "banda cardio"), desde que esta use a tecnologia Bluetooth. Quem me pergunta se as bandas cardio antigas funcionam nestes modelos, a resposta é não, não funcionam.

 

Outra novidade que olhares mais atentos poderão logo dar conta é a utilização de um sistema universal de fixação das braceletes. Este sistema utiliza o mesmo sistema de 24mm dos relógios normais. Quer isto dizer que, potencialmente, se podem usar quaisquer tipos de braceletes (compatíveis com 24mm) no Suunto 9? Potencialmente sim, basta fazer uma pesquisa online para perceber isso. Mas nestas coisas das compras fora da marca tenho sempre muitas cautelas e aconselho qualquer um a pensar e a pesquisar bem, antes de investir em algo que não é da marca... apesar de - claro - até poder ficar bonitinho (depende dos gostos). 

 

E por falar em bonito, os mais atentos vão reparar (principalmente os atentos que gostam de ver com os dedos) que os 3 botões laterais do relógio também foram redesenhados, com alterações muito subtis (são um pouco maiores e com uma aresta mais marcada), mas que oferecem ao utilizador uma sensação muito mais precisa na sua utilização. Também aqui os designers finlandeses a marcar pontos.

 

Mas as evoluções realmente interessantes neste relógio são mais aquelas que não se vêem do que as que se vêem. Praticamente giram à volta tanto da autonomia como do GPS. Antes de começar, a lista completa anunciada de novas características é a que se segue:

 

  • FusedTrack, ou seja, a capacidade de gerar percursos de GPS, sem GPS (mesmo!!!)
  • A Sony é agora a fornecedora do GPS
  • Novas opções de gestão de bateria/autonomia
  • Capacidade de mudar as opções de bateria durante a utilização do exercício
  • Capacidade de entrar em modo de utilização mínima de energia (só cronómetro), para poder chegar ao fim do exercício
  • Avisos inteligentes de pouca bateria, no dia antes do treino longo
  • Braceletes fáceis de trocar (sistema de 24mm usado nos relógios normais)
  • Design maior dos botões e mais fáceis de sentir
  • Última geração de sensor de cardio da Valencell (versão 1.2)
  • Leitura contínua de frequência cardíaca 24×7
  • Compatível com a nova "Suunto app" e plataforma Sports Tracker
  • Preço €599

 

Posto isto, passo a focar as coisas que, quem corre (e muito), certamente mais desejará conhecer.

 

A autonomia

As funcionalidades que estes relógios atualmente têm que contemplar, para fazer face às exigências de quem gosta de correr (principalmente aos que gostam das ultra-maratonas, dos ultra-trails, dos Ironmans, etc.) são muitas. Prendem-se sobretudo com a capacidade de utilizar o equipamento de forma fiável durante horas a fio. Por fiável, diga-se, marcar o "track" da forma mais precisa possível e que a bateria consiga aguentar até ao fim do treino ou prova. Com isto em mente, a Suunto focou-se claramente em funcionalidades capazes de agradar ao desportista mais exigente. E uma das primeiras preocupações caiu sobre a autonomia.

 

Ao contrário do que acontecia nos modelos Spartan anteriores, em que as opções de bateria tinham que ser configuradas em cada um dos modos desportivos, o novo sistema de gestão de bateria tornou-se independente. Existem agora disponíveis 3 modos + 1 de gestão da autonomia, independentemente do desporto que estamos a utilizar.

 

Assim, antes de iniciarem o modo de desporto pretendido, podem ver no topo do mostrador o modo de autonomia atualmente selecionado, e no canto superior direito uma seta que permite alterar esse modo de bateria.

 

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Cada modo de autonomia corresponde a um conjunto de configurações das funcionalidades do relógio, as quais, por sua vez, correspondem de forma matemática ao número de horas previsto até ao fim da bateria:

  • "Performance": 25 horas de autonomia estimada, com a precisão do GPS no máximo, a marcar posição a cada segundo;
  • "Endurance": 50 horas de autonomia e o GPS a marcar posição a cada 60 segundos;
  • "Ultra": 120 horas de autonomia e marcação de posição a cada 120 segundos.

Desta forma é possível sabermos quantas horas ainda temos de autonomia no relógio e, assim, usarmos o modo mais adequado ao nosso objetivo atual. Além destes três modos, ainda existe um modo "Personalizado", que permite mexer nas várias configurações (como ligar/desligar o écran táctil, reduzir o brilho do écran, etc.) e ir vendo as alterações refletidas nas horas de autonomia restantes, permitindo assim compromissos intermédios aos 3 modos standard.

 

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Mas, apesar de todas estas configurações, há pessoas que são mesmo cabeças no ar (eu esqueço-me tantas vezes de carregar o relógio antes de sair para um treino longo, por exemplo) e até para estas a Suunto lembrou-se de inserir duas funcionalidades super interessantes. A primeira é que, ao atingir os 10% de bateria, o relógio sugere a alteraração do modo atual de bateria para outro com mais autonomia (mostrando o número de horas previstas até ao fim da bateria), sugestão que podemos aceitar ou ignorar. A outra funcionalidade é para aqueles que, nada fazendo com tudo isto, se arriscam a que o relógio "morra" durante a atividade em curso. Assim, para evitar esta possibilidade, quando a bateria entra num estado crítico, o Suunto 9 desliga todas as suas funções de registo, à excepção do cronómetro, permitindo que, na pior das hipóteses, consigamos ficar com o tempo da nossa atividade registado até ao fim.

 

Apesar de todos os meus esquecimentos, nunca usei nenhuma destas funcionalidades. Já usei sim - embora não a tivesse fotografado - a funcionalidade que me falta aqui falar e que talvez seja a mais inteligente, na questão da gestão de autonomia do Suunto 9. Esta funcionalidade faz com que, com a utilização frequente do relógio, este vá aprendendo as nossas rotinas de treino semanais e, se se der o caso do nível de bateria estar demasiado baixo na véspera do dia habitual do treino mais longo, ele nos avise que precisamos de carregar o relógio. Isto para evitar no dia seguinte não teremos autonomia suficiente para todo o treino que supostamente é habitual fazermos. E sim, ele avisa mesmo!

 

"FusedTrack", ou o registos de percursos... sem GPS

Depois de resolver uma série de situações que todos os ultra-maratonistas certamente já enfrentaram, a Suunto virou-se para outra questão muito pertinente, relacionada o GPS e o registo dos percursos, utilizando uma nova funcionalidade chamada "FusedTrack". Mas atenção! Esta funcionalidade não serve para registar percursos de forma mais precisa. Serve sim para podermos registar os percursos, mesmo quando não há dados de GPS. É verdade, o Suunto 9 grava o "track" mesmo quando não tem GPS ligado. Vejamos como.

 

A sigla "Fused" já não é propriamente novidade, sendo utilizada pela Suunto em várias outras aplicações ("FusedAlti" e "FusedSpeed"), às quais se junta agora o "FusedTrack". O princípio desta última é simples: usar uma referência base do GPS e, depois, juntar-lhe dados de outras funcionalidades (acelerómetro, bússola e giroscópio) para ir gravando o percurso, quando não há dados de GPS para o fazer. Até podemos pensar que isto é pura conversa de marketing. Mas de facto até é bastante simples de imaginar, pois se tivermos uma posição inicial de partida, com os restantes dados (em que direção estamos a ir, a que velocidade, etc.) é relativamente fácil sabermos onde estamos situados. Pessoal do montanhismo e da orientação, é assim ou não é?

 

Na prática, se estivermos a correr com o modo de autonomia "Ultra", onde o GPS grava uma posição somente em cada 120 segundos, se nesse intervalo de tempo fizermos muitos zigue-zagues ou umas curvas mais sinuosas, o mais provável é que essas variações não apareçam no registo final do percurso (o resultado vão ser umas linhas feias e bicudas). Quando estamos em modo de caminhada, esse problema não se coloca, já que o ritmo é lento e entre cada marcação de GPS teremos progredido poucos metros. Mas em modo de corrida isso muda completamente de figura, pois em cada intervalo de GPS, a distância percorrida será muito maior. Por esse motivo, esta funcionalidade aplica-se especificamente à corrida ou ao trail running. 

 

Pelo que pude saber, o "FusedTrack" também seria aplicado à natação em águas abertas, uma excelente notícia para os fãs do triatlo, mas ainda não tive oportunidade de verificar e experimentar esta aplicabilidade. No entanto, será uma excelente funcionalidade desta marca que, já desde os meus treinos para o Ironman no ano passado, eu tenho referenciado como uma das que melhor regista o percurso do atleta dentro de água. Recordem que na natação, mesmo com o GPS ligado na máxima precisão (marcação de posição a cada segundo), o relógio passa sensivelmente 1 segundo fora de água e outro segundo dentro de água, onde não há sinal de GPS possível. E aqui entraria o "FusedTrack".

 

Finalmente, o novo Suunto 9 é compatível com a já conhecida app Movescount e com a mais recente aplicação móvel Suunto App. Esta última tem algumas características interessantes, principalmente por que consegue tirar partido da ligação à plataforma SportsTracker. No entanto, não é possível o emparelhamento do relógio com ambas as apps, pelo que há que optar e fazer o emparelhamento ou com uma, ou com outra. Pelo que pude ver da Suunto App, nada contra, à excepção de não termos disponíveis uma série de métricas muito interessantes e disponíveis no Movescount para análise. Assim, o que vejo que possa acontecer é que, para já, quem gosta de ver este tipo de informações depois de uma temporada de treinos, irá provavelmente optar por não utilizar a Suunto App, mantendo-se fiel ao Movescount. Isto pelo menos enquanto a nova app não trouxer a maior parte dos registos e análises a que todos os utilizadores Suunto já estão habituados, consolidando assim todas as fontes de dados numa plataforma única e poderosa.

 

Estas são as grandes novidades que o Suunto 9 traz ao mercado, sendo que as restantes são mais ou menos transversais a todos os outros modelos da marca. No entanto, se quiserem mais informações sobre o novo Suunto 9 ou algum outro modelo Suunto, deixem um comentário ou enviem-me uma mensagem. Responderei a tudo o que sei e, o que não sei, prometo experimentar para responder o melhor possível.

 

Bons treinos e melhores corridas!