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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Sex | 07.06.19

Quando aquilo que só acontece aos outros, também acontece a ti...

José Guimarães

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Nunca me acontece nada de especial. Isto é, com tanta coisa supostamente "radical" que faço (corridas na montanha, sky, saltos para a caixa no ginásio, escalada, etc), nunca tive nenhuma lesão realmente grave, nunca parti uma perna ou um braço... mas estas marés de boas sortes são só até ao dia... em que aquilo que só acontece aos outros, te acontece também a ti!

 

Foi na semana passada, enquanto corria na zona do Parque das Nações... e deixo aqui o relato do que me aconteceu, para que de alguma forma possa alertar quem por ali costuma correr e, se se der o caso de algum azar vos bater à porta, para que façam aquilo que eu não fiz. Ora vamos lá.

 

Como estava a dizer, foi na semana passada, enquanto corria na zona do Parque das Nações. Uma corrida como tantas outras, esta aliás em passo muito lento, já que era um daqueles dias em que não apetece fazer nada. Tinha estado a dar treinos no ginásio e decidi acompanhar um amigo e a sua aluna, numa troço da sua corrida à beira rio. Começamos junto ao Hotel Myriad, rumo à zona norte do Parque das Nações. Depois de passarmos a estátua da Rainha Dª Catarina de Bragança, entramos na zona do passadiço de madeira... e é aí que tudo acontece. Uns metros adiante, não me perguntem porquê, tropecei numa das muitas tábuas soltas que abundam naquela zona e... CATRAPIMBAS!!! Não, não caí! Tropecei e, no meio daquele habitual golpe de rins para evitar a queda, bati com violência com a mão contra o corrimão de ferro. Claro que doeu, claro que fez uma ferida no 5º e 4º dedo da mão, exatamente onde bati no corrimão. Mas até aí nada de mais. Quantas vezes não tropecei e ameacei cair, outras até me armei em acrobata e dei daqueles mergulhos de cambalhota no chão, para me levantar logo de seguida... tantas vezes que isto aconteceu que não era mais esta que seria diferente. E assim sendo, parei um pouco, observei, lavei a ferida e segui caminho.

 

Claro que uns minutos depois, a porra do dedo continuava a doer. Principalmente o mindinho. Ora como eu não sou assim muito valente, pensei que talvez o melhor fosse voltar para trás. Fiz a minha meia horinha de corrida, só para não dizer que não fiz nada e regressei ao ginásio, onde comecei a fazer gelo no dedo. Tomado o duche, fui almoçar com a minha mulher e... e o dedo a inchar e a ficar negro. "Bom, isto não deve estar partido, senão não aguentava de dores" - pensei eu, "Mas se calhar o melhor é procurar um médico". E se bem o pensei, melhor o fiz. Consulta de ortopedia (mão) marcada no próprio dia (benditos sejam os seguros de saúde), lembro-me principalmente do nariz torcido da médica depois de ver o Raio-X da mão. E lembro-me do comentário: "Hmmm... temos que fazer uma TAC ainda esta semana... e vamos lá a ver se não ter que ir a cirurgia!" Hein?!?! Ir à faca? Por uma pancada com o dedo num corrimão?!

 

Daqui para a frente poupo-vos os detalhes. Sim fiz a TAC. Sim o meu dedo afinal tinha duas falanges rachadas a meio, com envolvimento da articulação (quer isto dizer que a até a cartilagem estava meio partida) e não só fui à faca, como tive que levar dois parafusos no dedo para solidificar melhor a coisa! Parafusos num dedo... eu?! Oh deuses...

 

Com tudo isto, quero deixar aqui duas lições que considero muito essenciais tirar desta última semana e meia:

 

1º Cuidado quando correrem no Parque das Nações. Cuidado principalmente com as zonas dos passadiços de madeira, que já há muito deviam ter sido substituídos por materiais (sim, pronto) menos nobres, mas mais amigos das centenas de transeuntes que todos os dias ali caminham, correm, andam de bicicleta e de trotinete e afins. Eu que sou utilizador diário da zona, já vi muitos perigos acontecerem por causa dessas madeiras. E depois de um breve post a contar o que me aconteceu, percebi que não fui o único a ter azar. Parece que é mais comum do que pensamos. E eu que também não percebo nada de materiais de construção, numa pesquisa muito rápida na net descubri que há aplicações para pisos compósitos, de madeira com termoplástico, especialmente criadas para exteriores, resistentes às intempéries, UV e tudo o mais, sem contração/dilatação do material, antiderrapantes, recicláveis e com 15 anos de garantia... e ainda insistimos em usar a madeira no Parque das Nações? Só porque é mais bonito?

 

2º Se vos acontecer um azar deste tipo, não facilitem: chamem uma autoridade! Como eu pensei que aparentemente não tinha nada no dedo, fiz como disse: lambi as feridas e segui caminho. Só passado algum tempo é que percebi que a coisa não tinha sido tão meiga como inicialmente pensei. O que eu devia ter feito? Aquilo que se calhar teria feito se tivesse caído e partido uma perna com uma fratura exposta ou assim: chamado o INEM, a Polícia e levantado o auto, para ir apresentar uma queixa na JF Parque das Nações ou mesmo na CML (não sei quem é que faz a manutenção daquele passadiço, mas ou será uma ou outra). Como não o fiz logo, agora é tarde demais. Mas devia ter sido este o procedimento. Não só por causa do dinheiro que já gastei com as consultas e a operação, mas também para ver se de uma vez por todas as mentes brilhantes que defendem a madeira naquelas zonas de utilização intensiva, pensavam em trocar a dita por algo mais funcional. Faz lembrar a polémica com a calçada portuguesa. Não é que ao fim de muitos anos, alguém deu o braço a torcer e começaram a aparecer um pouco por toda a parte melhores acessos nos cruzamentos, passeios, edifícios, etc? Basta pensar um pouco.

 

Espero que este meu desabafo ajude. Não facilitem, sim? No meu caso vão ser umas semanas de braço parado... E isto para um tipo como eu que, não só gosta de praticar desporto, como também dá treinos, é um caso no mínimo chato...