Aqui há cerca de 1 mês e meio fui a uma consulta de nutrição. Por duas razões: primeiro porque já faz algum tempo que tomei a opção de cortar a carne da minha alimentação e porque, em segundo lugar, a juntar a isto tenho um grande objetivo a cumprir em Agosto e quero ir com mais saúde, mas acima de tudo ter a certeza que estou bem alimentado. Portanto, para começar, digamos que me tornei vegetariano. Ou melhor: "pseudo-vegetariano"! Pseudo porque aboli quase totalmente a carne da minha alimentação e as únicas em que de vez em quando toco são as carnes brancas, como frango ou perú. Já faz alguns meses que ando neste registo e se ao início sentia muito frequentemente as "ganas" de trincar uma bela picanha, agora a coisa tornou-se mais pacífica. Até porque me habituei a comer melhor, de forma mais saudável e a saborear outros paladares, mais diversificados, mais ricos e - sem dúvida - mais nutritivos.
É possível correr longas distâncias e ser vegetariano?
Para os mais cépticos (e eu estava incluído neste grupo), há muitos atletas de renome que um dia optaram por uma dieta exclusivamente vegetariana. Outros ainda foram mais longe e alimentam-se substancialmente à base de plantas e sementes. Já ouviram falar do Scott Jurek, ou do Rich Roll? Pois investiguem (cliquem nos nomes) e surpreendam-se com os feitos destes senhores. O seu alimento? Plantas. Aliás, um dos homens mais fortes do mundo é o iraniano Patrick Baboumian... e sim, a sua alimentação é feita à base de plantas. No meu caso não vou tão longe. Ou pelo menos para já não irei. Quem sabe mais tarde? Tudo é possível. Apesar de ainda ser um bocado difícil para a maior parte das pessoas imaginar corredores de longas distâncias serem alimentados por ementas em que simplesmente se elimina a carne, na verdade estes regimes têm muitos benefícios do ponto de vista atlético, sendo o maior deles o poder curativo dos antioxidantes. Uma "dieta" baseada em plantas, rica em frutas, vegetais, sementes e frutos secos, fornece uma quantidade tão abundante de antioxidantes, que é comprovadamente capaz de reduzir os danos celulares que o desporto tanto causa. Isto é especialmente importante para os atletas de resistência, pois estes vão muitas vezes até ao limite da sua resistência física. Um regime sem carne também ajuda os corredores de outras formas, como o facto dos nutrientes serem absorvidos pelo sistema digestivo de forma muito mais fácil e reduzir o risco de doenças crónicas e cancro, tanto no curto como no longo prazo. Infelizmente, este tipo de alimentação pode causar um défice grave de nutrientes importantes, que estão normalmente presentes na carne, como o ferro e o zinco. E só porque os hamburguers e as costeletas de porco de repente já não fazem parte do menu, isso não quer dizer que os possamos substituir por equivalentes "porcarias sem carne", como batatas fritas com queijo gratinado por cima. Ser vegetariano não é por si só uma garantia de uma boa nutrição.
Alguns problemas nos "novos vegetarianos"
É muito comum ver atletas de competição embarcarem em dietas vegetarianas ou mesmo vegan. O que não é comum é vê-los a manter essa dieta. Cheios de intenções sinceras para melhorar a sua saúde e tirar maior benefício para a sua performance, muitos atletas eliminam os produtos de origem animal das suas refeições. Então se é assim, porque é que depois de um curto período de tempo, a grande maioria volta para os estes produtos? Muito simplesmente porque não há muita informação disponível e também porque não sabem como lidar com alguns dos problemas mais comuns que aparecem quando optam por uma dieta vegetariana:
Problema 1: fome constante
Pode levar a níveis de energia extremamente baixos. É muito comum também em pessoas ativas que de repente param de consumir produtos de origem animal. Solução: Consumir proteína e gorduras saudáveis como parte integrante das refeições ou lanches (snacks).
Problema 2: cãimbras ou rigidez muscular
A falta de sódio combinada com transpiração regular vai reduzir drasticamente as reservas de sódio. Os atletas que adoptam uma dieta à base de plantas estão mais expostos a esgotar estas reservas, o que resulta muitas vezes em cãimbras e rigidez muscular. Solução: Durante os treinos um atleta vegetariano/vegan poderá beneficiar se adicionar sal marinho a pelo menos uma refeição ou snack diário. Um atleta que consome alimentos ricos em cálcio irá desenvolver músculos mais flexíveis e ágeis.
Problema 3: níveis de energia muito baixos
Tolerância reduzida aos exercícios aeróbicos. Possível anemia. Solução: Recomendam-se análises semestrais ao sangue. Os níveis de ferro nunca podem estar baixos. Os alimentos ricos em ferro são melhores quando consumidos diariamente e com vitamina C, para ajudar na sua absorção. Se os treinos de corrida acumulam-se para mais de 80 km, recomenda-se também um suplemento de ferro. E se os treinos se desenrolam em climas quentes, provocando excesso de transpiração durante longos períodos, o mesmo suplemento é recomendado. Fonte: Veg Kitchen