Fez este fim de semana 1 ano que corri a minha primeira ultra maratona. Fez este fim de semana 1 ano que travei amizades que mudaram (ou consolidaram?) o meu rumo numa direção que, na altura, não esperaria que acontecesse. Ou, pelo menos, não com a intensidade que aconteceu. Foi um ano de muitas corridas, ultras mas também não-ultras. E foi um ano de muito esforço, mas principalmente muitas novas amizades e de muita certeza que fazia aquilo que mais gostava. Fez este fim de semana 1 ano que corri num ultra-trail chamado Trilhos dos Abutres. E este ano voltei lá para matar saudades. [caption id="attachment_2709" align="alignright" width="300"] O grupo de "finishers" em 2012[/caption] Correr numa prova desta natureza tem, de facto, a sua importância. E é de facto importante que - principalmente - nos tempos que correm, as pessoas façam coisas que as tragam para fora da sua zona de conforto, que as façam conhecer os seus próprios limites mas, acima de tudo, coisas que as deixem felizes. Participar numa prova assim, no meio da mais pura natureza, na companhia de outros ou na mais completa solidão lá bem no alto da serra, provoca emoções que na maior parte dos momentos do nosso dia-a-dia não existem. De um ponto de vista muito pessoal, vejo nestas coisas das corridas e do trail running em particular não só um modo de escape para o stress e as preocupações, como também uma mão cheia de analogias válidas para aplicarmos no nosso próprio dia-a-dia.
A importância que os Abutres têm para mim
O Trilhos dos Abutres é uma prova que, por si só, tem características muito próprias. Principalmente para quem, como eu, já não sabe passar sem praticar desporto na natureza. Mas é uma prova que também tem a sua história. Foi no Trilhos dos Abutres que, no ano passado, dei boleia a alguém que no meu site pedia uma boleia de Lisboa para o local da prova. Chama-se Daniel Júnior e foi graças a essa boleia que depois vim a conhecer o seu amigo Luís Trindade, mas também tantos outros que ainda por cá andam e são presença frequente em quase todas as provas em que participo. Foi também graças a essa boleia que ouvi falar pela primeira vez do António Nascimento, o primeiro atleta português a se qualificar para a final do Ultraman Hawaii 2013. O António é atualmente o meu treinador no seu projeto Hand2Hand. Como tudo isto me tem feito evoluir como pessoa e como atleta, há ambições cada vez maiores e foi assim que também fiz alguns parceiros importantes, como a Nutrilogia ao nível da suplementação e a S-Trail, especialista em equipamento de aventura, preparando-me assim para os piores "temporais" (e literalmente falando, porque não?) deste ano. E foi com tudo isto que o meu ano passado fechou e o ano novo começou, a lutar por um sonho que, apesar de ter de ser adiado para 2013, certamente fará com que 2013 seja de consolidação de tudo o que se fez até agora, mais novas conquistas e certamente muitas amizades.
A importância que os Abutres têm para todos
Para quem ainda não sabe, a prova dos Trilhos dos Abutres corre-se na zona de Miranda do Corvo. Corre-se... ou não, já que nesta modalidade que dá pelo nome de trail running encontramos de tudo: trilhos, lama, passagens por rios, rochas para subir e descer, corta-fogos, etc. Sobre o que os atletas passam, poucas palavras há que consigam descrever todos os momentos de uma prova com várias horas de duração. É como tentar tirar uma foto a uma paisagem de cortar a respiração, daquelas que nenhuma lente consegue captar. Nestas corridas há que amar a natureza no seu estado puro e aceitar as dificuldades como - simplesmente - coisas para serem ultrapassadas. E as dificuldades foram muitas, principalmente pelo estado do tempo dos últimos dias... semanas... meses? A chuva que caiu antes da prova (e felizmente não se fez sentir durante a mesma) fez com que praticamente todo o percurso estivesse coberto ou de lama, ou de água dos rios. O resultado com a primeira foram mais uns quilos de esforço físico, na tentativa de levar os sapatos com uns quilos a mais até ao final. E o resultado da segunda foi não só o cuidado redobrado ao atravessarmos a maior parte dos rios, que corriam com muita força, mas também uma oportunidade quase única de ver um sem número de cascatas enormes... barulhentas... lindas, como nunca tinha visto em todas as minhas viagens pelo nosso bonito país. Mais do que palavras, que certamente serão muitas para descrever esta prova, as imagens falam por si e o que cada atleta guardará depois deste fim de semana também. Fosse o elevado nível da organização Abútrica, o percurso muitíssimo bem assinalado, a escolha do mesmo, as paisagens magníficas, o apoio prestado nos postos e durante a prova, o nível de segurança sentido, estou certo que nenhum atleta terá ficado indiferente. Muito menos indiferente ficámos às bifanas dos Bombeiros no pavilhão, ou ao delicioso e bem aparecido bolo de espinafres (obrigado às bombeiras sportinguistas que o fizeram) que comi no topo de um penedo que parecia interminável... muitas foram as vezes em que pensei que nem um Abutre chegaria ali onde andávamos. Foi uma prova em que tive oportunidade de novamente me cruzar com grandes nomes desta modalidade, de ver como os padrinhos Jorge e Glória Serrazina enfrentam ligeiros as subidas mais íngremes e de partilhar uns valentes quilómetros com um grupo guiado pelo Vitorino Coragem, que aqui fez uma brilhante prestação. Foi por tudo isto e muito mais, uma prova feita a pensar nos atletas que nela participam, facto que, a mim como a tantos outros, me fará com certeza voltar para o próximo ano. Estarei de regresso com todos os que me acompanharam este ano e, certamente, mais alguns que infelizmente não puderam estar presentes. Este simples atleta conquistou assim o seu primeiro ponto, rumo ao tal sonho para 2014. Boas corridas a todos e boas conquistas!
[...] na relva ou mesmo em terrenos tão moles como lama vai absorver grande parte da energia que estamos a colocar no chão, o que significa que temos que [...]
[...] objetivo para 2014 e este ano vou ter que pontuar novamente para a prova. Depois do delírio dos Abutres (onde já obtive 1 ponto), o próximo grande desafio no meu calendário chama-se MIUT – [...]