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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Seg | 24.02.20

A importância de uma boa técnica de passada

José Guimarães

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Longe de mim há uns anos pensar em treinar como treino hoje. Já explico. Comecei a treinar há 1 mês, com o Ironman Cascais na cabeça, já que é o primeiro Ironman em Portugal e - claro - que eu tinha que aceitar este desafio. 

Como em casa de ferreiro, espeto de pau, pedi ajuda ao Sérgio Santos da Ontrisports para me ajudar a planear os treinos e, principalmente, para me ajudar com alguns processos que sempre senti tere muito espaço para melhorar, nomeadamente a minha forma de correr, que nem sempre foi a mais eficaz do ponto de vista fisiológico, apesar de económica do ponto de vista biomecânico:

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E uma das coisas em que começámos a trabalhar desde cedo foi na minha passada, sem me preocupar com ritmos, minutos por km, e outras coisas do ego. 

Uma boa passada pode ajudar a reduzir o stress físico, lesões, melhorar a velocidade e resistência, bem como reduzir peso e gordura corporal. E também ajuda a cabeça. Em última análise, é o cérebro que ajuda a criar uma boa passada.

Enquanto alguns princípios básicos estão ligados a uma boa forma de corrida, a verdade é que não há um tipo de passada que resulte para todos nós, já que cada um de nós é um indivíduo com características muito próprias. Mas como regra para uma boa técnica de passada, estarão no bom caminho se evitarem aterrar com o calcanhar no chão, já que o resto vem como consequência disso: joelhos ligeiramente fletidos, corpo ligeiramente inclinado para a frente, cotovelos para trás, peito aberto e postura alta.

Também não surpreende que uma boa passada também corresponda a um bom nível de desenvolvimento aeróbico, o que significará que estarão a correr com menos esforço, utilizando principalmente gordura como fonte de energia.

A locomoção é um fator fundamental de todos os seres humanos e fazê-lo de forma eficaz pode ajudar a melhorar diferentes aspetos do nosso estado de saúde. As várias intensidades aplicadas no exercício podem afetar a nossa passada e influenciar o cérebro de diferentes formas, já que é este que controla todo o processo de contração e relaxamento muscular. Assim, a passada pode de certa forma refletir o nosso estado físico e até mental. As várias emoções por que passamos, podem influenciar a nossa passada e a forma de correr.

Desta forma, controlar a intensidade do exercício influencia e muito a nossa passada. Uma intensidade elevada pode provocar a fadiga demasiado depressa, prejudicando todo o processo de correr. Podemos ver um exemplo disto num maratonista, onde a forma de correr suave do início é normalmente irregular e stressante no final.
 
Assim dito tudo isto, comecei a correr no início deste ano prestando mais atenção não só à minha passada (biomecânica), como à minha fisiologia. Num período de base, que - diga-se - ainda não terminou, comecei a correr bem abaixo do meu limiar aeróbico, promovendo assim o desenvolvimento de fibras de contração mais lenta, capilarização dos tecidos, suporte estrutural, mais imunidade, promoção da utilização de gordura como fonte principal de energia e, idealmente, conseguir correr mais rápido dentro da mesma pulsação... e com uma passada melhorada.
 
Andei a correr muitas vezes a 6'30/km e mesmo a 7'/km, o que pode parecer muito estranho para quem já fez uma maratona em 3h10!!! Mas é mais que estudado que correr em intensidades mais elevadas pode provocar reações indesejadas do corpo, como reação de alarme a algum stress exagerado, diminuindo a utilização de gordura, dando prioridade à utilização de glicogénio, promovendo mais processos inflamatórios e aumentando a necessidade de recuperação. No outro espectro da coisa, correr com níveis baixos de intensidade é menos stressante, aumenta o equilíbrio muscular e melhora a técnica de passada, a biomecânica, diminuindo a fadiga e os tempos de recuperação. Ao mesmo tempo também pode melhorar a função cognitiva os níveis de gordura corporal.
 
E como todos nós gostamos de comprovar estas teorias na prática, não só fiz a Meia Maratona de Cascais em 1h30 (o meu melhor tempo até hoje), como o fiz sem sacrifício. Com esforço, claro, mas sem sacrifício. E vejam lá na sequência de imagens que se seguem a forma de correr aqui do Ex-Sedentário.
 
 

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1. Aterragem com o pé debaixo da anca

 

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2. A preparar para o vôo, com a extensão total da perna atrás

 

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3. Reparem no calcanhar, quase a bater nas nádegas

 

Treinar significa educar o nosso corpo a trabalhar de forma mais eficaz. Mas se ignorarmos algumas etapas importantes como este treino de base, não estaremos a desenvolver alguns processos fundamentais.
 
Mais tarde, depois de desenvolverem bem este processo de base, podem então adicionar alguns treinos mais curtos e intensos, sem sacrificarem a vossa saúde.
 
Se tiverem interesse neste tema, leiam també o artigo 

CONSTRUIR A BASE: CORRER DEVAGAR PARA CORRER MAIS DEPRESSA!

 
 
Fonte: MAF