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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Sex | 06.01.12

A Mente supera a Montanha: 5 dicas mentais para escalar melhor

José Guimarães
Ao contrário de outros aspectos na corrida, bem como noutros tipos de desporto, normalmente considera-se que o sucesso de se conseguir correr com facilidade por uma encosta acima depende quase na totalidade do nosso estado físico e capacidades naturais para tal. No entanto, há muito mais a apontar. No decorrer do último ano, ao longo de todos os treinos, de todas as provas e de todas as conversas tidas com outros atletas e amigos, percebi que há alguns truques e técnicas, não só físicas, mas mentais, que me têm permitido superar a mim próprio... e ocasionalmente um ou outro corredor mais forte (ver relato sobre o Ultra Trail Amigos da Montanha). Ao fim e ao cabo, à medida que se evolui, a estratégia torna-se exponencialmente mais importante. Experimente praticar as seguintes tácticas mentais para conquistar o seu próximo desafio numa corrida vertical: 1. Eu sou forte e gosto de escalar! Para alguns corredores, uma escalada pode-se perder ou ganhar logo no momento em que se avista a encosta. Aflige-me quando ouço alguém dizer "não sou um bom escalador" ou até "eu sou mais de estrada e de velocidade". A não ser que o seu objectivo esteja mesmo definido neste sentido e que se encontre num nível em que só trabalhe para isso, não há nenhuma razão para se limitar a si próprio com afirmações como estas. O corredor que pensa para si próprio que não sabe escalar, dificilmente fará uma boa escalada, não importa o quanto treine. Mentalmente, derrotam-se a si próprios mesmo antes de chegar ao início da subida. Estes pensamentos negativos estão integrados profundamente no subconsciente, mas com algum trabalho podem ser ultrapassados. Da próxima vez que um destes pensamentos negativos lhe vier à cabeça, não importa em que situação, escreva-o onde puder e logo depois escreva um pensamento positivo que directamente contraponha o negativo. Por exemplo, se der por si a pensar "detesto escalar e canso-me imenso ao fazê-lo", poderá querer escrever "sou um corredor forte e adoro escalar!". Repare que o pensamento final é 100% positivo. A utilização da palavra "adoro" na sua frase, demonstra amor à sua causa e está provado que potencia o poder desta forma de afirmações. De tempos a tempos, durante a sua corrida, repita esta afirmação para si próprio. Se quiser diga-a em voz alta e com convicção. Pense no seu cérebro como se tivesse um músculo de memória que, tal como os músculos das suas pernas, também pudesse ser trabalhado com treino e repetição. Se praticar isto consistentemente ficará surpreendido com os resultados. 2. Relaxe Os pensamentos negativos podem causar uma reacção física. Os corredores que se enervam quando o percurso se torna mais vertical, tendem a ficar mais tensos. Gastam energia ao tensionar os ombros, braços e costas. Perdem o ritmo da respiração e alguns, insconscientemente, até chegam a prender a respiração. Outra consequência desta reacção física é uma quebra da eficiência da corrida. A passada torna-se incerta e, como resultado, o ritmo cardíaco aumenta muito mais rapidamente que um corredor que se mantenha relaxado e concentrado. Experimente estes dois truques: à noite, quando estiver deitado e relaxado, feche os olhos e respire profundamente. Imagine-se num desafio, numa corrida com uma grande subida. Visualize-se a si próprio sentindo-se relaxado e a correr suavemente. Lembre-se das emoções que sentiu numa ocasião em que a corrida lhe tenha corrido muito bem, em que se sentiu muito confiante e que o resultado final foi o melhor. Traduza essa sensação para o cenário da subida. Veja-se a si próprio a correr encosta acima sem esforço e a chegar ao topo num bom ritmo, com um bom tempo e sem um grande esforço. Faça isto todas as noites sempre que for dormir. Torne a sua visualização tão realista quanto for possível: inclua os sons, as vistas, os aromas e as sensações. Se possível, imagine uma subida em particular que você queira mesmo conquistar. Se você se castiga semana após semana nos treinos, porque não adicionar uns minutos de treino diário como este, onde não será necessário sequer transpirar? 3. Aceite a dor Esta parte pode parecer um pouco óbvia, mas prepare-se para sofrer. Isto não significa sofrer de forma normal, mas sim prepare-se para levar os seus limites para lá do ponto da dor física. Muito frequentemente, durante uma corrida você depara-se com um momento crítico, um momento chave no percurso. Como você reaje perante esse momento irá definir o seu perfil. Dependendo da situação - claro! - não se chateie com conservar energia ou com consultar o seu relógio ou o monitor cardíaco. O ritmo cardíaco e a potência que aplica numa situação de competição vão ser muito superiores a qualquer situação por que você possa ter passado em treino. Em muitas situações, mesmo que abrande um pouco numa subida difícil, o seu dia estará feito, portanto para que é que você está a guardar essa energia mesmo? Se você está a sofrer, há sempre uma boa possibilidade de toda a gente estar a sofrer também. Guardar-se para aqueles segundos finais pode ser, de facto, a diferença entre um colapso ou um recorde pessoal. Bem, se de facto você chegar ao fim e cair para o lado, pelo menos você tem a certeza que deu tudo de si! 4. Não olhe para cima Quando você olha para cima para ver o topo, tem uma perspectiva meio distorcida de quão íngreme é a subida. Em vez disso, experimente olhar para o chão mesmo à sua frente. Deste ângulo, o seu cérebro irá processar a informação como se você estivesse a correr num plano horizontal. E isso não é assim tão mau quanto isso, pois não? 5. Sorria Muito frequentemente, dou por mim a correr com uma expressão exagerada de dor, como se quisesse expressar o meu sofrimento para os outros. Em vez disso, experimente trocar por um sorriso. O cérebro associa o sorriso a prazer e felicidade. Sorrir enquanto se corre por uma encosta acima pode facilmente enganar o seu cérebro e fazê-lo pensar que afinal você não está assim a sofrer tanto como pensava. Fonte: Active.com