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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

02.03.15

adidas Ultra Boost: sapato ideal para maratonistas?


José Guimarães
Quando a adidas lançou os Energy Boost, o seu primeiro modelo "equipado" com a tecnologia Boost, confesso que não fiquei muito convencido acerca daquelas "cápsulas de energia" na sola e se seriam mesmo úteis num sapato de corrida, ou se tudo não passava de um genial golpe de marketing. Para quem não sabe, o conceito por detrás da tecnologia Boost é relativamente simples e está pensado para transmitir um maior retorno de energia do que as solas tradicionais. A tecnologia Boost consiste numa entresola constituída por milhares de pequenas cápsulas especialmente fundidas, feitas para transmitir uma sensação de retorno da energia, sempre que colocamos no chão. E isso sente-se logo a partir da primeira passada. Mais importante ainda, esse material não perde o efeito de "mola" com o passar do tempo, nem com frio/calor extremos, não causando (ou atrasando) a sua deformação. Corri muito pouco com esse primeiro modelo, mas fiz algumas boas corridas com outros modelos adidas com Boost. Foi inclusive com uns adidas adizero adios boost que fiz o meu melhor tempo numa corrida de São Silvestre: 34 minutos. Mas este é um sapato com um drop mais pequeno, mais baixo, logo mais estável e que transmite muito bem ao pé tudo o que se passa no chão. E eu costumo gostar deste tipo de sensação quando corro. Portanto, confesso que foi com algum cepticismo que este fim de semana experimentei os adidas Ultra Boost.

O teste aos Ultra Boost

Ontem de manhã queria ir até ao ginásio, portanto planeei fazer os cerca de 3 kms até lá a correr, treinar uns bons 45 minutos e voltar para casa a correr. Tudo com os adidas Ultra Boost calçados. No final fiz um total de quase 7 kms, a uma média de... 4'30/km!!! Hein?!?! Não sendo uma distância nada de especial, dava perfeitamente para experimentar os sapatos. E, apesar de ter metido 45 minutos de treino de força no ginásio pelo meio, tirando os últimos 200 m de ciclovia até à porta de casa (que normalmente costumo fazer o mais rápido possível), o ritmo não foi feito nunca em esforço. Então como explicar a média final? Aqui entre nós, pode ser que a sola dos Ultra Boost e as tais cápsulas de energia - que provocam o tal efeito tipo "mola" - tenham feito das suas. Mas elas não trabalham certamente sozinhas neste novo sapato de corrida da adidas. Senão vejamos. Antes de mais, o aspeto destes Ultra Boost marca logo pela diferença em relação a uns sapatos de corrida convencionais. A enorme sola branca domina claramente toda a estética do sapato e este modelo tem mais 20% destas cápsulas de energia que os outros modelos no mercado. A biqueira "ultra" levantada do sapato também é uma característica marcante (e parece que ajuda na percepção do movimento de "queda para a frente"). Mas depois de um olhar mais demorado percebe-se que há outras novidades. tenis-adidas-ultraboost-desedentarioamaratonista_meiaO corpo e estrutura do sapato aparenta uma textura e um formato diferentes do normal. O formato do sapato parece-se com uma meia e, não fosse ter atacadores e sola, poderia dizer que era mesmo isso. Esta "meia" chama-se Primeknit e é feita num material tricotado e sem costuras, cujo objetivo é dar mais conforto ao pé durante a corrida. E se dá conforto! Há até quem escreva que usa o sapato sem meias. Assim que calçamos o sapato, o pé fica como que envolvido numa malha, que o aperta e permite que este se mantenha sempre "colado" à sola, dando-lhe no entanto a liberdade de movimentos que ele precisa durante os movimentos que assume em corrida. No entanto, atenção a quem tenha pés mais largos, pois esta meia pode apertar o pé em demasia (embora nunca tanto como o TechFit dos Energy Boost), sendo aconselhável que escolham um número ligeiramente superior ao que costumam calçar. Como referência, passei do meu normal 45 1/3 da adidas para um 46. tenis-adidas-ultraboost-desedentarioamaratonista_solaA sola tem um ar no mínimo original e é fabricada com a habitual borracha Continental ®, capaz de agarrar tudo aquilo em que pisa. Já tinha experimentado esta incrível aderência em estrada e mesmo em trail, com os adidas Supernova Riot 6, pelo que neste campo foi ao encontro das minhas expectativas. Ainda na sola, podemos ver o sistema Torsion System ao centro que dá suporte e faz com que a parte dianteira e traseira se movam de forma independente, adaptando-se melhor a qualquer superfície.

Mas e o Boost?... ou melhor, o Ultra Boost?

Claro que durante este teste, o grande desafio seria confirmar se efetivamente a tão badalada tecnologia (Ultra) Boost iria conseguir fazer algum efeito - positivo, claro - na corrida. E não é que parece ter conseguido? Acabei o final do primeiro troço de 15 minutos (aprox. 3,5 km) com uma média de 4'38''/km, meio espantado por a ter feito de forma tão tranquila. E claro que foi com alguma expectativa que iniciei os restantes 15 minutos até casa, depois do treino de força de 45 minutos. Mas a média manteve-se pelo mesmo, tendo acabado nos já referidos 4'30''/km. Vejam o teste na minha conta do Movescount. Parece que alguns fatores conjugados conseguiram surpreender-me no ato de correr com estes adidas Ultra Boost. Um maior conforto para os pés, uma sola que se agarra a todas as superfícies e uma entresola com uma aposta na tecnologia (Ultra) Boost que parece cumprir o papel que lhe foi destinado, que é devolver parte da energia que o pé aplica no chão. Claro que nem tudo são rosas. Continuo a achar que não é sapato para todo o serviço. Continuo a gostar mais de sapatos mais baixos (logo, instantaneamente mais estáveis). Mas isto é um gosto puramente pessoal. Mas gostava de levar este novo modelo ainda mais longe, talvez experimentá-lo em ambiente meia... ok, em ambiente de maratona, para ver se com a sua ajuda seria ou não capaz de tirar uns minutos às minhas 3h15 da Maratona de Lisboa. Finalizo estas primeiras impressões acrescentando ainda que, talvez o meu tipo de passada atual tenha ajudado a que me tivesse sentido tão bem com estes sapatos e, por isso, tenha sido capaz de aproveitar ao máximo a tecnologia do Ultra Boost. No último ano treinei muito uma passada do tipo "mid-foot strike" (que consiste em apoiar o pé no chão com o peito do pé e não com o calcanhar), por forma a maximizar a biomecânica natural do corpo e assim correr de forma mais eficiente. O drop (diferença de altura entre o calcanhar e os dedos dos pés) mais elevado deste sapato, face ao que estou habituado, e a sua biqueira muito levantada, pareceram potenciar o impulso natural do meu corpo para a frente, fazendo assim com que tivesse ganho uns cms em cada passada. Haveria sem dúvida muito mais blá blá blá técnico para dizer sobre este sapato. Mas fico-me pela sensação que me deixou tê-lo experimentado no terreno, onde - afinal - eles vão ser usados. Pareceu-me que talvez este seja um bom sapato de corrida para quem se está a iniciar e precisa de algum amortecimento extra. Ou então, será um modelo indicado para corredores mais experientes e que procuram um bom compromisso conforto/qualidade para corridas mais longas, como meias-maratonas e maratonas e que, conscientemente, consigam tirar partido do retorno de energia da tecnologia Ultra Boost. Têm mais informações ou perguntas para me fazer? Façam-nas aqui nos comentários e responderei a tudo o que souber.