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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Sab | 10.10.15

Asics Running Lab, ou como levar a corrida um pouco mais à frente

José Guimarães
Na semana passada fui fazer um teste com que já sonhava há muito. Mentira... Não foi um teste, foram 6! Um deles era algo que que tinha muita curiosidade em fazer, mas não tinha ideia quando poderia estar ao meu alcance: determinar o VO2 máx. Dos outros, alguns até já tinha feito, como a análise estática ao pé (Foot ID) e as medições corporais. Mas juntar 6 testes num só estudo sobre como somos, como nos comportamos quando estamos ou não a correr, pode ser, de facto, muito revelador. O que podemos fazer com isso, já é outra conversa. Mas vamos por partes.

asics_running_lab_ferramentas_desedentarioamaratonista1ª parte: exame das pernas e tornozelos

É aqui que tudo começa, deitado numa marquesa, entre dois dedos de conversa e ferramentas que parecem tiradas de uma sala de torturas. Mas aqui não há dor... ainda. Há muito profissionalismo e o olhar concentrado da Cláudia Lucas (responsável pelo Asics Running Lab, no Colombo, em Lisboa) que, durante uns bons minutos, não se deixa distrair e aponta tudo o que pode sobre as medições que vai tirando. É aqui que se mede o alcance do movimento das ancas, joelhos e tornozelos, assim como a flexibilidade dos músculos. Descobri que tenho mais 4mm na perna esquerda e que, apesar de ter uma flexibilidade acima do normal nas ancas, afinal a dos tornozelos não é nada de especial. [caption id="attachment_6142" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_legalignement_desedentarioamaratonista Leg Alignment Measurement[/caption] [caption id="attachment_6143" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_legalignement2_desedentarioamaratonista Leg Alignment Measurement[/caption]

2ª parte: avaliação da composição corporal

Aqui mede-se a percentagem muscular e de gordura corporal, entre outros valores. E, como estou em regime de férias das corridas, ainda a treinar com pouca intensidade, só a fazer manutenção, é natural que os valores estejam aquém do que estavam em Julho, a última vez que fiz este tipo de medições. A gordura corporal, por exemplo, subiu dos 9% para os 13% (estarei a ficar badocha?). [caption id="attachment_6145" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_bodycomposition_desedentarioamaratonista Body Composition Measurement[/caption]

3ª parte: avaliação estática do pé

Mede o comprimento e a largura dos pés, assim como a altura do seu arco e o ângulo do osso do calcanhar, para ajudar a identificar com precisão que sapatilhas foram feitas para os seus pés. Aqui nada de especial: um arco elevado, a minha pronação excessiva no pé esquerdo e pés mais estreitos que o normal. [caption id="attachment_6146" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_staticfootid_desedentarioamaratonista Static Foot ID Measurement[/caption]

asics running lab cadeira desedentarioamaratonista4ª parte: avaliação da força das pernas

Aqui apareceu a primeira surpresa do teste. Se o teste do VO2 máx já gerava em mim alguma expectativa, desde que entrei no Running Lab que esta "outra coisa" não parava de me incomodar. É imponente. É algo "bruto" no meio de um laboratório branco e imaculado. Ninguém fica indiferente à presença daquela enorme cadeira no centro da sala, que mais parece ter sido tirada de um qualquer caça supersónico ou de uma nave espacial. asics_running_lab_cadeira2_desedentarioamaratonistaEsta cadeira está ligada a uma máquina que mede a força do quadríceps e tendões, para detetar quaisquer desequilíbrios. Sentei-me e senti aumentar a ansiedade (ainda bem que a pulsação não era para aqui chamada). O cinto de segurança de quatro apoios do tipo avião mete respeito (mas depois revela-se útil). As cintas que nos mantêm a perna fixa deixam adivinhar que um teste de força estava para vir. E veio mesmo. O objetivo é estarmos sentadinhos e fazermos força com a perna, em extensão e depois em flexão. Os resultados? Deve ter sido o teste onde revelei menos desequilíbrios. Mas o nível de força que tenho na extensão/flexão da perna tem que ser melhorado. Digamos que o rácio entre a extensão e a flexão deverá andar entre 50% e 65%, mas o meu anda pelos 53%. Já sei que quando voltar aos treinos este vai ser um dos focos para trabalhar. [caption id="attachment_6147" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_legstrenght_desedentarioamaratonista Leg Strenght Measurement[/caption] [caption id="attachment_6148" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_legstrenght2_desedentarioamaratonista Leg Strenght Measurement[/caption] [caption id="attachment_6149" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_legstrenght3_desedentarioamaratonista Leg Strenght Measurement[/caption]

5ª parte: corrida na passadeira

"Um teste de esforço numa passadeira, até ao estado de quase exaustão", é como lhe chamam. No meu dicionário, o teste ao VO2 máximo seria o que de maior utilidade eu iria tirar destas 2:30 horas de testes exaustivos. Até nem foi, mas revelou-se de facto algo importantíssimo para perceber melhor como corro, porque corro como corro, até onde posso acelerar sem problemas e a partir de onde é que começo a "estourar". O teste consistiu em correr 15 minutos num determinado patamar de esforço crescente, tendo a mim calhado começar a 10 km/h e terminado a 17,5 km/h. Interessante verificar valores de 153 pulsações por minuto a 4'36/km (13 km/h), mas sentir o coração a sair-me pela boca a 183 pulsações por minuto, a 3'45/min (16 km/h). Não sei que cálculos a máquina fez, mas estimou que na minha condição estaria apto a fazer uma maratona em 03:14 horas... e não é que fiz no ano passado a Maratona de Lisboa com o tempo final de 3:15 horas? Foi também engraçado perceber que no relatório vem escrito que sou um corredor "step-frequency orientated", ou seja, regulo o meu tipo de corrida por um tipo de cadência alta. Lembram-se do post que escrevi há uns tempos sobre como aprender a correr com o nosso tipo de passada? [caption id="attachment_6152" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_runningformmeasurement_desedentarioamaratonista Running Form Measurement[/caption] [caption id="attachment_6153" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_runningformmeasurement2_desedentarioamaratonista Running Form Measurement[/caption] [caption id="attachment_6154" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_runningformmeasurement3_desedentarioamaratonista Running Form Measurement[/caption] [caption id="attachment_6155" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_runningformmeasurement4_desedentarioamaratonista Running Form Measurement[/caption]

asics_running_lab_camera_desedentarioamaratonista6ª parte: análise da forma de correr

Análise visual da forma de correr de diversos ângulos, para determinar alterações induzidas pela fadiga em formação e recolha de dados sobre a atividade aeróbica. Que é como quem diz, depois de todo este esforço na passadeira anterior, agora vou correr mais um bocadinho, com uns sapatos especiais da Asics, só para filmar os nossos pés em andamento. Nenhuma surpresa aqui: sou pronador com o pé direito e muito pronador com o pé esquerdo. [caption id="attachment_6156" align="alignnone" width="300"]asics_running_lab_dynamicfootidmeasurement_desedentarioamaratonista Dynamic Foot ID Measurement[/caption]

Conclusões finais

Duas horas e meia depois, escusado será dizer que eu estava mortinho para saber pormenores. Alguns foram-me adiantados logo ali no momento, mas tive que esperar dois dias para receber o relatório completo em casa. Li-o, reli-o e cheguei a algumas conclusões. Umas que já sabia, outras que foram surpresas boas, outras nem por isso. Por exemplo, há quem diga que corro rápido, mas a minha forma de correr ainda peca por não ser muito eficiente. O relatório final diz que tenho uma corrida baseada em cadência e com uma passada leve (o que é bom), mas que tenho um fraco nível muscular ao nível das ancas e glúteos (o que é mau), o que faz com que esforce mais os músculos das pernas do que seria necessário. Moral da história, somos feitos como somos e cada pessoa terá com certeza as suas características muito próprias. É por isso que, quando me perguntam se determinado tipo de plano de treinos é bom ou mau, eu respondo sempre o mesmo, que um bom plano de treinos para mim pode não ser um bom plano de treinos um de vocês. Um plano de treinos (e não estou a falar só para correr) é algo de muito pessoal e deve ser feito por alguém especialista na matéria. E o que se aprende com o Asics Running Lab pode ser um excelente ponto de partida para isso.