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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Sex | 02.07.21

Ciclovias na cidade... bom ou mau?

José Guimarães

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Hoje, como em tantos outros dias, saí de manhã para correr. Optei, como em tantas outras vezes, por descobrir algumas ruas ainda desconhecidas, fazendo já no regresso a casa alguns dos trajetos habituais quando corro. Parte destes meus trajetos habituas têm ciclovias. Muitas e bem mais do que aquelas que existiam há cerca de 1 ano, quando vim morar para uma zona mais central de Lisboa. No meu entender, muitas ciclovias é bom, mas também pode causar algumas situações complicadas, principalmente quando confundimos o porquê das coisas.

Antes de mais há que esclarecer que há vários tipos de ciclovias em Lisboa:

  • Ciclovias: Pistas especialmente destinadas ao uso de velocípedes (Lei n.º 116/2015, de 28/08, Artigo 78º);
  • Zonas de coexistência: Zonas da via pública especialmente concebidas para utilização partilhada por peões e veículos, onde vigoram regras especiais de trânsito, estando para o efeito devidamente sinalizadas como tal (Lei n.º 116/2015, de 28/08, Artigo 78º-A).

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Além destas, lamentavelmente existem ainda casos de ciclovias mal pensadas, onde o passeio foi substituído por uma ciclovia, ou até mesmo transformado em ciclovia e onde o peão não tem alternativa senão usar este espaço. 

Já agora, por uma questão de facilidade de escrita e de leitura, vou tratar todas elas (sejam ciclovias ou zonas de coexistência) simplesmente como ciclovias. 

Deixo o meu agradecimento especial ao Filipe Cardoso, Associado da MUBi, pelo detalhe da sua publicação que podem consultar aqui.

Sim, sou daqueles que corre nas ciclovias. Mas faço-o com o devido respeito pela prioridade que as bicicletas aqui têm. Afinal de contas, esta solução foi pensada para elas. O peão já tinha o seu espaço nos passeios... quando existem, pronto. Tenho por isso os meus cuidados: vou atento às bicicletas e, se me cruzo com uma, dou-lhe prioridade. Sempre! 

Acho que há alguma falta de conhecimento destas regras básicas por parte de quem utiliza as ciclovias a pé, mesmo que seja pela boa razão que é a prática de desporto. Mais grave, há - como quase sempre - uma falta de noção do perigo que pode envolver ciclistas e peões.

Mesmo assim, tirando esta última parte da equação e assumindo que vivemos num ambiente de cidadania (e civismo) perfeito, gosto de uma cidade em que o espaço no asfalto (ou perto dele) pode ser partilhado entre automóveis, bicicletas e peões. E que me desculpem os automobilistas (atenção que eu também o sou), mas sou da opinião que a cidade devia ser ainda das pessoas e cada vez menos dos automóveis. Por isso sou apologista de ciclovias, "pedovias", espaços verdes e de lazer, tudo o que possa devolver o usufruto da cidade aos peões, limitando como é óbvio a circulação automóvel, principalmente nas zonas mais centrais. Porque é claro que prefiro mil vezes atravessar a correr uma Praça de Espanha verde e poder inspirar oxigénio com um mínimo de qualidade, do que fazer corridas de obstáculos entre os carros e com os pulmões a bufar monóxido de carbono de cair para o lado. Além de que é 1000 vezes mais seguro do que 1º correr nos paralelos/buracos da calçada portuguesa; 2º correr na estrada, mesmo que encostado ao passeio ou aos carros estacionados; 3º pegar no carro (!!!) para ir correr para Monsanto ou para Belém, à beira-rio.

Quanto aos automóveis, há tantas soluções para eles, alternativas até, que me parece cada vez mais idiota que alguém queira passar horas da sua vida metido em filas de trânsito, com tudo o que de mau isso acarreta para si próprio, meio ambiente, para os outros, etc. E também me parece idiota que, por causa de algumas zonas da cidade que viram duas faixas reduzidas para uma (por causa das novas ciclovias), vejam agora a possibilidade de retrocesso, eliminando a dita ciclovia e restaurando as duas faixas para os "popós"...

Dito isto, sim, vou continuar a usar as ciclovias para correr em segurança e, sempre que for preciso, respeitar a prioridade das bicicletas, dialogando com ciclistas e peões (e quem sabe algum agente da autoridade que me interpele) para que todos se protejam em vez de se colocarem em perigo.

 

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