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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

15.10.12

Como correr como o Usain Bolt...


José Guimarães
O que é que pessoas como o Usain Bolt, Tiger Woods e Felix Baumgartner têm em comum? Todos são bons... todos são os melhores naquilo que fazem. Perante os feitos impressionantes de cada um deles, é inevitável afirmar que nasceram para isso. Mas alguns estudos vêm afirmar agora que a falta de talento natural é irrelevante para o sucesso. Então qual é o segredo? Simples: trabalho duro e prática recorrente, exigente e muitas vezes dolorosa. usain-bolt Depois de Usain Bolt ter corrido nos Jogos Olímpicos de Londres os 100 metros em 9,63 segundos e tornando-se assim no homem mais rápido do mundo (a correr), na conferência de imprensa confessou aos jornalistas que foram as duas derrotas que sofreu com o Yohan Blake (nas qualificações) que o fizeram acordar. Também Tiger Woods pode ser entendido como um fenómeno, já que conquistou mais títulos no PGAdo que qualquer outro golfista em atividade. [caption id="attachment_2248" align="alignright" width="216"]jump-redbullstratos Felix Baumgartner - 2013[/caption] E ainda ontem, Felix Baumgartner entrou para a história (como Joseph Kittinger já o havia feito antes) como o homem que detém o salto em queda livre mais alto da história: saltou de cerca de 39.000 m de altitude... estratosfera, portanto. Ele diz "aprendam a amar aquilo que vos ensinaram a temer." O que é que torna estes atletas nos melhores? Infelizmente não é tão simples quanto acreditar que eles vieram a este mundo dotados daquilo que os tornou os melhores. Ninguém possui um talento natural para uma determinada tarefa, porque talentos naturais segmentados simplesmente não existem. [caption id="attachment_2249" align="alignright" width="168"]1960-kittinger-jump Joseph Kittinger - 1960[/caption] Atinge-se o sucesso somente através de uma enorme carga de trabalho duro, ao longo de muitos anos. E não é qualquer tipo de trabalho duro, mas um trabalho específico que tem tanto de exigente como de doloroso. Alguns investigadores britânicos concluíram num estudo intensivo que "a prova que procurámos não suporta a noção que a excelência é uma consequência de se possuir um talento nato".

Não há substituto para o trabalho árduo

[caption id="attachment_2250" align="alignright" width="150"]tigerwoods_boy_golf Tiger Woods com 3 anos de idade[/caption] A primeira grande conclusão é que ninguém é bom sem trabalho árduo. Simplesmente não existem quaisquer provas de performances de alto nível sem grande experiência ou prática. Até os casos mais bem sucedidos necessitam de cerca de 10 anos de trabalho árduo antes de se tornarem casos de sucesso mundiais, um padrão que os investigadores já chamam de "a regra dos 10 anos". Portanto o sucesso não é simplesmente entregue a alguém: requer muito trabalho árduo. No entanto, tal não é suficiente, já que muitas pessoas trabalham tão afincadamente durante décadas sem sequer se aproximarem da perfeição no que fazem ou sem sequer se aperfeiçoarem significativamente. O que falha então?

A prática faz a perfeição

Regra geral, os melhores exemplos em qualquer campo são de pessoas que dedicam um maior número de horas ao que os investigadores chamam de "prática deliberada". É a atividade cuja intenção é unicamente a de melhorar a performance, que procura alcançar objetivos um pouco além dos níveis de competência, permite medir os resultados e envolve elevados índices de repetição. A consistência é crucial para o sucesso. Os atletas de elite treinam repetitivamente sempre o mesmo número de horas todos os dias, incluindo fins de semana e feriados. E isto aplica-se a praticamente todas as áreas e profissões, sejam médicos, vendedores e virtualmente todos os tipos de desporto. Mais prática deliberada resulta em melhor performance. Toneladas dessa prática resulta em grandes performances.

Adotar uma nova forma de pensar

Munidas com esta forma de pensar, as pessoas agarram um trabalho de forma diferente. Os investigadores mostram que elas processam a informação de forma mais profunda e prolongada. Querem mais informações sobre o que fazem e procuram diferentes perspectivas. Adotam um ponto de vista a longo prazo e não se limitam a - simplesmente - fazer o trabalho, mas a - explicitamente - fazê-lo melhor. A diferença na aproximação mental é portanto vital. Como os investigadores mostram, quando por exemplo um cantor amador participa numa aula de canto, acha-a interessante e divertida, ou até uma libertação de tensão. Ao contrário, um cantor profissional consegue aumentar o nível de concentração e melhorar a sua performance durante a lição. A mesma atividade, formas de pensar diferentes. E o feedback que se consegue obter é importantíssimo! No entanto, a maior parte das pessoas não o procura, limita-se a esperar por ele, metade talvez espere mesmo que ele não venha à tona. Mas sem se saber se estamos a ser bem sucedidos ou não, duas coisas podem acontecer: por um lado não nos tornaremos melhores e, por outro, vamos deixar de nos importar com isso.

Porquê?

Para a maior parte das pessoas, o trabalho já é difícil, mesmo sem o levarmos mais além. Esses níveis de dificuldade acrescida podem ser tão dolorosos que quase nunca são realizados. Mas é assim mesmo que tem de ser. Se as grandes realizações fossem fáceis, não seriam assim tão raras. O que nos leva a outra possibilidade e a uma nova grande questão: se por um lado é possível concluir assim tanto sobre o comportamento certo capaz de nos levar a grandes feitos, por outro pouco se percebe sobre de onde emerge esse mesmo comportamento. Autores de um outro estudo concluem que "Ainda não conhecemos os fatores que encorajam as pessoas a submeter-se a determinadas práticas deliberadas. Algumas pessoas são muito mais motivadas do que outras e essa é a questão existencial à qual ainda não somos capazes de responder: porquê?". A realidade é que ninguém é refém de algum tipo de talento natural. Podemos fazer o que quisermos e, estranhamente, esta noção não é muito popular. Até porque quando as pessoas mais bem sucedidas são atingidas por algum inevitável momento de má sorte, concluem imediatamente que não têm talento e simplesmente desistem. Talvez seja errado esperar que a maior parte das pessoas atinja um patamar de excelência. É simplesmente demasiado exigente. Mas a boa notícia - e a mensagem principal neste post - é que essa excelência não está reservada para um determinado grupo de pessoas. Ela está ao alcance de qualquer um de nós.   Fontes: Wikipedia CNN Money