Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Ter | 10.11.20

Como fazer exercício e perder peso

José Guimarães

lutador_de_sumo_perder_peso_exsedentario.jpg

 

O título do artigo original em que me baseei para escrever as próximas linhas é muito longo, mas é faz sentido: "Porque é há pessoas que correm, mas não conseguem perder peso?". Sou só eu que acho que é uma boa questão?

As pessoas que esperam perder peso ao praticarem exercício físico tornam-se em muitos casos inimigas de si próprias. De acordo com um estudo feito em larga escala que analisou quanto e como as pessoas se alimentavam depois de fazer exercício, descobriu-se que a maior parte delas não só falhava no objetivo de perder peso, como algumas até aumentavam. Isto porque também alteravam as suas vidas em pormenores muito subtis. No entanto, algumas conseguiram de facto perder peso, trazendo lições valiosas para todas as outras pessoas.

Teoricamente, praticar exercício deveria tornar-nos mais magros. A atividade física consome calorias, pelo que, se as queimamos mais do que repomos, o défice energético deveria ajudar. Mas o metabolismo humano não funciona todo da mesma forma e muitos estudos mostram que a maior parte das pessoas que começa a praticar exercício só perde entre 30% a 40% do peso que gostaria. Quem levou a cabo estes estudos afirmam que a grande maioria das pessoas compensa as calorias utilizadas, comendo mais, mexendo-se menos entre dias de exercício, ou ambos. O metabolismo em repouso também diminui, se somente perdermos peso. E isto atira-nos de volta para um balanço calórico positivo, também conhecido por aumento de peso.

Não está, no entanto, muito claro se estas pessoas tendem a mexer-se menos, ou a comer mais, como forma de compensação, fatores que são muito importantes, porque para evitar esta compensação, é necessário saber como é que ela está a ser feita.

Portanto, para um novo estudo publicado há um par de anos no American Journal of Clinical Nutrition, os investigadores recrutaram 171 pessoas sedentárias entre os 18 e 65 anos, mediram cintura e taxa de metabolismo em repouso, etc, a quantidade de alimento ingerido e gastos calóricos, incentivando uns a praticar exercício físico supervisionado 3 vezes por semana, enquanto que outros levavam a sua vidinha do costume.

As rotinas duraram 6 meses e os voluntários podiam comer o que quisessem. No final, de volta ao laboratório, como seria de esperar, o grupo de controlo (o da vidinha do costume) não alterou muito nem o peso, nem a taxa metabólica em repouso. Mas a maior parte das pessoas que faziam parte do grupo que praticou exercício também não! Alguns tiraram algum peso, sim, mas cerca de 2 terços perderam menos peso do que estavam à espera, ou quase nenhum. Porquê? Não porque se mexeram menos, mas porque compensaram as calorias "queimadas".

Os voluntários praticantes de exercício regular começaram de facto a comer mais do que os outros, pouco, mas o suficiente para prejudicar a perda de peso que queriam obter. Interessante foi verificar também que este grupo de pessoas, foram as que disseram nos questionários do início do estudo que ter bons hábitos de alimentação lhes daria oportunidade para de vez em quando cometer alguns "pecados da gula".

De facto, estas pessoas sentiram que não estavam a fazer muito mal se de vez em quando tivessem esses comportamentos menos saudáveis, como por exemplo, "Hoje fui correr, mereço comer este croissant com Nutella." Como consequência, não perderam quase peso nenhum com o exercício.

No lado oposto, os voluntários que conseguiram evitar aqueles biscoitos ou uma mão cheia de guloseimas, foram os que de facto conseguiram perder mais peso.

Assim sendo, é um facto que as pessoas que querem MESMO perder peso com o exercício, têm que prestar muita atenção ao que comem. É o que se chama "fechar a boca!"

Fonte: NY Times