Final do mês de Julho. Estamos de férias. Por isso, como os miúdos queriam ir ao cinema, aproveitámos que o tempo agora passa mais devagar e fomos ver o filme "O Planeta dos Macacos", mais uma daquelas produções à americana, que tentam demonstrar a alguma idiotice inerente à espécie humana. No dia seguinte fui correr. Como queria fazer um treino mais longo, saí a correr da Praia Verde em direção a Tavira, para ir ter com o grupo das Corridas à 6ª Feira que ontem tinham um percurso noturno na Asseca à nossa espera. Enquanto corria pela EN125 fora, perdia a conta ao número de animais mortos que via ao longo do caminho - fundidos com o tempo no asfalto da berma da estrada - mas também à quantidade de pedaços de jantes, garrafas e outros vestígios humanos que jaziam na vegetação que ladeia o alcatrão. Alguma coisa não fazia sentido: animais mortos na estrada e detritos humanos esquecidos na vegetação... não deveria ser ao contrário? Porque é que o homem não suja o próprio sítio onde habita, mas o dos outros? Lembrei-me do filme do dia anterior. A espécie humana, que se sente dona e senhora do mundo que a rodeia, não consegue perceber que essa é a "casa" que tem de tratar e cuidar, para si próprio e para os seus descendentes. E, porque não tem outra onde viver, perguntei-me vezes sem conta ao longo dos 20 kms que durou o percurso, porque é que não o faz. É também nestas coisas que penso enquanto corro, seja na estrada ou - pior ainda - no meio dos trilhos. Quando vejo lixo deixado no chão por gente descuidada, que nem no meio da natureza tem respeito pelo seu semelhante, penso que, sem dúvida alguma, os macacos do filme seriam capazes de melhor.
Corridas à 6ª feira
A juntar a estes 20 kms de um percurso pouco agradável até ao ponto de encontro, iria depois fazer ainda mais 12 km pelo percurso marcado pelo grupo das Corridas à 6ª Feira. Um grupo grande e sempre divertido, com gente habituada a estas andanças e outros que marcavam passo a caminhar. Depois da Inês me encontrar na chegada e nos equiparmos convenientemente para a chegada da noite, iniciámos o percurso. Deu para tudo! Deu até para nos perdermos ao chegar ao final e fazermos mais 3 kms do que o previsto. E no final? Chegámos com mais dois novos amigos - a Célia e o Rui - que nos acompanharam na metade final do percurso (incluindo os kms extra) e víamo-nos num grupo grande de gente sorridente e que fazia algo de bom e saudável e que se sentia feliz com isso. Como não? O desporto tem destas coisas. Entre outras virtudes, atrai-me principalmente a sua capacidade de aproximar e unir pessoas, na sua grande maioria com uma visão comum, em prol de algo que não se toca nem se compra, mas que se sente e que se pode transmitir ao próximo, através de um tipo de contágio de todo recomendável. E no final de encontros como este de ontem, tal como no filme, sorrirmos, quando nos damos conta que ainda há seres humanos bons e dignos da nossa esperança. Parabéns às Corridas à 6ª Feira. Venham mais!