Sab | 19.07.14
Correr à 6ª feira no Algarve
José Guimarães
Final do mês de Julho. Estamos de férias. Por isso, como os miúdos queriam ir ao cinema, aproveitámos que o tempo agora passa mais devagar e fomos ver o filme "O Planeta dos Macacos", mais uma daquelas produções à americana, que tentam demonstrar a alguma idiotice inerente à espécie humana. No dia seguinte fui correr. Como queria fazer um treino mais longo, saí a correr da Praia Verde em direção a Tavira, para ir ter com o grupo das Corridas à 6ª Feira que ontem tinham um percurso noturno na Asseca à nossa espera. Enquanto corria pela EN125 fora, perdia a conta ao número de animais mortos que via ao longo do caminho - fundidos com o tempo no asfalto da berma da estrada - mas também à quantidade de pedaços de jantes, garrafas e outros vestígios humanos que jaziam na vegetação que ladeia o alcatrão. Alguma coisa não fazia sentido: animais mortos na estrada e detritos humanos esquecidos na vegetação... não deveria ser ao contrário? Porque é que o homem não suja o próprio sítio onde habita, mas o dos outros? Lembrei-me do filme do dia anterior. A espécie humana, que se sente dona e senhora do mundo que a rodeia, não consegue perceber que essa é a "casa" que tem de tratar e cuidar, para si próprio e para os seus descendentes. E, porque não tem outra onde viver, perguntei-me vezes sem conta ao longo dos 20 kms que durou o percurso, porque é que não o faz. É também nestas coisas que penso enquanto corro, seja na estrada ou - pior ainda - no meio dos trilhos. Quando vejo lixo deixado no chão por gente descuidada, que nem no meio da natureza tem respeito pelo seu semelhante, penso que, sem dúvida alguma, os macacos do filme seriam capazes de melhor.