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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

09.07.12

Correr com calor no Trail do Almonda


José Guimarães
Estava calor! Estava mesmo muito calor! Pelo menos, do pouco que me lembro de correr, foi o meu primeiro trail debaixo de calor. Isto no universo de quem corre há pouco mais de 1 ano (e claro que não começou pelos trails), do pouco que me lembro, creio que o maior escaldão que apanhei foi na Meia Maratona do Douro Vinhateiro, em 2011, onde estavam mais de 30º... a minha primeira meia maratona. E agora fazer 30 km na Serra d'Aire com cerca de 28º foi muita fruta.

Sair de casa, correr e voltar para casa

Pessoalmente gosto mais de sair de casa com a malta no dia anterior, fazer a viagem até ao local da prova, tratar dos dorsais, dormir e depois acordar já no local, equipar e alinhar na partida, fresquinho! E a paródia, o convívio próprios deste tipo de eventos, tornam tudo mais apetitoso. Mas neste caso, pouco mais de 1 hora separam Torres Novas de casa, portanto a estratégia de hoje (há estratégia para quase tudo o que se faz na vida) foi acordar cedinho e chegar à partida para o Trail do Almonda já preparados para mais uma prova. Lá nos esperavam algumas caras conhecidas. Muita gente no pavilhão logo pela manhã, o que deu para trocar alguns dedos de conversa antes da partida, enquanto se levantavam os dorsais e as lembranças que a organização e patrocinadores deram aos atletas. De salientar não só a muita e útil informação sobre a região, bem como a muito útil toalha alusiva ao município de Torres Novas, que decerto irá ser vista na mão de muitos atletas em futuros eventos.

A corrida e o calor

O dia previa-se limpo e já se começava a sentir o sol a aquecer. Não fosse o vento forte que se fazia sentir e certamente muitos já escolhessem as sombras para esperar pelas 9h00, hora a que foi dada a partida, em conjunto para os participantes do trail (30km), do mini-trail (12km) e caminhada. Iniciando a corrida no alcatrão, cedo cortámos para terra batida e nos começámos a fazer (todos) ao trail. Aqui talvez esteja o único pormenor menos bom a apontar à organização desta prova, que foi o facto de ter optado por conduzir os participantes logo ao início para uma descida bem íngreme em single-track. Ora se eu tivesse partido logo no grupo da frente, não teria havido problema. Mas por acaso até sou daqueles que gosta da confraternização e de partir no meio do grupo de amigos, fazer 1 ou 2 minutos todos juntos, despedir-me e começar a correr a minha prova. Acontece que quando uma prova inicia com todos os atletas em simultâneo (facto de que eu até sou apreciador) e opta logo por "afunilar" num single-track, o resultado só pode ser um verdadeiro engarrafamento. E foi o que se verificou, tendo eu e outros participantes que até queriam correr ficado impedidos de o fazer, já que a descida inicial do percurso era bastante íngreme e na dúvida é preferível optar pela segurança, em detrimento da corrida propriamente dita. Portanto em autêntica hora de ponta, mais não nos restou que esperar, descer a um ritmo mais lento, aproveitar uma ou outra nesga para ultrapassar alguns participantes e ver do cimo do monte os primeiros atletas lá em baixo, já a correr bem distanciados e a atacar a estrada rápida após a descida. Mas foi, como disse, o único senão a apontar a uma organização que se mostrou em tudo omnipresente e ciente do que fazia. E isto tanto ao nível do percurso (que ora era muito rápido - com velocidades de 3'20/km - como técnico, como duro de subir), como ao nível da presença ao longo do mesmo, dos abastecimentos (acho que não me lembro de ver tantos abastecimentos numa prova como nesta) e da presença sempre tranquilizante de elementos dos bombeiros e pronto-socorro. Assim sendo, só nos restou fazer o nosso papel e correr o melhor possível, o que, se ao início foi relativamente simples, passados os 20 primeiros quilómetros e atingidas (pelo menos para mim) as 11h00 da manhã, tal já se estava a revelar uma tarefa algo dura. Talvez os 70 km do fim de semana passado na Serra da Freita ainda estivessem a pesar nas pernas, mas o que é certo é que senti falta de ritmo, falta de ar, de forças... desta vez optei por comer menos nos abastecimentos e beber mais, não parando tanto tempo e tentando assim levar a corrida o mais possível num ritmo certo e constante, gerindo o esforço nas subidas mais íngremes puxando pelo cabedal nas zonas planas e nas descidas. Também acho que a escolha dos ténis não foi a melhor, já que apesar do conforto dos Trabuco me ter ajudado a maior parte do tempo, principalmente na velocidade, senti muito a falta da estabilidade e dureza dos Raptor nos trilhos mais técnicos e cheios de pedras, mas principalmente nas descidas, sempre muito divertidas, rápidas e... duríssimas!

Puxar até acabar

E foi esta a constante até à meta: puxar onde se podia, gerir esforço quando era necessário, apanhar umas lebres e servir de lebre para outros... e beber água, beber muita água até ao fim. Reforço sempre a importância deste pequeno pormenor (H2O) tantas vezes descurado por muita gente e que é a base fundamental para que não aconteçam males maiores em provas com estas características, como caimbras (ao fim de tanto tempo ainda não sei como se escreve correctamente esta palavra), lesões, desidratação, vómitos... é uma base importantíssima, já que permite que o corpo se mantenha a funcionar em condições e, só assim, absorva depois todos aqueles nutrientes e suplementos que lhe damos, como os magnésios, o gel e as barrinhas energéticas em que tanto dinheiro gastamos e que, sem a base bem "lubrificada", de pouco servirão. O final da prova, confesso, já foi feito em esforço. Os pouco mais de 1.000m finais foram salvos pela visão da meta montada no pavilhão, lá em baixo, à esquerda, no fundo da última descida que ainda faltava fazer. Aqui já nada custava. Foi sentir o vento forte e abafado que soprou constantemente ao longo de todo o percurso e embalar serra abaixo até aos últimos metros de alcatrão que nos levaram à meta. Ao fim de 3h14 de corrida, senti a falta de uns treinos mais rápidos e constantes que me permitissem superar com mais facilidade condições de prova mais agrestes e um ritmo mais consistente do princípio ao fim. Foi uma boa prova, fruto de uma equipa que mostra saber o que faz, o que se traduz num bom número de participantes que, não duvido, lá estarão novamente no próximo ano para se tentarem superar um bocadinho mais. Porque é assim a natureza da corrida, não dá para evitar.

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