Nos primeiros tempos éramos inseparáveis. A relva era verde e fofa, o céu azul e brilhante e corríamos como se flutuássemos. Depois os dias transformaram-se em meses, os meses em anos e... as coisas mudaram. Um dia "aquilo" atinge-nos como uma bomba: a faísca acabou! A excitação foi-se. E começamos a pensar onde é que as coisas deram para o torto? E ainda mais importante, será possível reacender a chama? Claro que sim. Em direto do dia dos Namorados, aqui ficam algumas dicas para dar a volta por cima e tornar a corrida em algo novamente excitante!
O ABC do Amor
Antes de mais há que lembrar que acontece com frequência as relações não darem certo. Por uma série de motivos. As boas notícias são que, com alguma criatividade e esforço, podemos voltar a meter as coisas nos eixos. Podemo-nos voltar a apaixonar novamente pela corrida e manter a chama acesa por muito mais tempo. Normalmente, as relações formam um arco meio que previsível e a relação com a corrida não é exceção. Primeiro sentimo-nos atraídos, depois construímos a relação e depois damos-lhe continuidade. Mas há fases posteriores, que consistem no declínio e no fim da relação. Esta analogia justifica-se porque as quando começamos a correr é porque, regra geral, nos apaixonamos por isso. Mas depois vêm as dores, as queixas e vem uma altura em que pensamos em desistir, ou chegar à conclusão que aquela relação vai dar mais trabalho do que se pensava e chegou o momento de pesar os prós e contras. Nesta fase, aqueles que vêm na corrida uma coisa simplesmente física, o mais provável é que abandonem a relação com a mesma. Mas para quem está interessado no compromisso, então o desafio consiste em manter a relação com a corrida sempre fresca e ativa. Claro que vai dar algum trabalho, mas qual é a relação de longa duração que não dá trabalho? Quer seja sobre corrida ou sobre relações, aqui ficam então algumas formas de manter esse amor no ar:
Comunicação
Em qualquer relação, os problemas raramente vêm sem aviso. Aprendam a ouvir realmente o que o vosso corpo tem para vos dizer e talvez consigam evitar algum dano mais grave. Prestem atenção a todos aqueles avisos que indicam que os sarilhos estão a caminho:
Dores que já se tornaram maiores que o normal. Não as ignorem ou mascarem com medicamentos. Não corram forçados e procurem um especialista.
Cansaço em demasia. Significa claramente que estão a esforçar-se demasiado. Uma relação saudável deixa-nos energizados e não ao desgastados.
Encontram sempre desculpas para não correr. Em vez de se esconderem atrás de desculpas, perguntem a vocês próprios porque é que estão a evitar os treinos? Tentem descobrir onde é que está o problema.
Respeito
Correr é algo maravilhoso, mas se não o respeitarmos, pode-se tornar doloroso. Temos de compreender a disciplina necessária por detrás do desporto e os nossos próprios limites. Não tentem mais do que sabem possível. Não exagerem. Se o máximo que já correram foi 10 km, não tentem no dia seguinte fazer uma meia maratona. Se não estão habituados a correr todos os dias, não o tentem de um dia para o outro. Se um grupo de kenyanos treina no mesmo sítio que vocês, não se juntem ao grupo para um treininho de 30 km rápido. Mostrem que respeitam a corrida e só dessa forma a corrida vos tratará bem.
Espontaneidade
Se uma relação se torna demasiado previsível, daí vêm sentimentos como estar acomodado, sentir-se "pesado", etc. Não alimentem este bicho. Lembram-se daqueles dias de férias que acumularam do ano passado? Porque não os usam aleatoriamente de vez em quando e tiram um dia para uma corrida relaxada e longa durante a semana. Sim, enquanto todas as outras pessoas estão a trabalhar. Saiam da rotina!
Romance
Se as vossas corridas se tornaram demasiado comuns, talvez esteja na hora de as apimentar um pouco. Tirem uns dias para umas férias diferentes, para correr em sítios diferentes. Ou tirem uns minutos no dia-a-dia para fantasiar um pouco sobre aquela corrida especial que tanto gostavam de fazer, ou sobre aquele equipamento e a sensação que vos vai trazer.
Tempo de qualidade
Muitas pessoas ao correr acumulam quilómetros atrás de quilómetros e não conseguem ver nas corridas mais do que números nos diários dos seus GPS. Depois não admira que esqueçam a paixão. Que relação é essa? 5 curtos quilómetros feitos no meio de uma paisagem fantástica, ou ao nascer do sol, respirando aquele ar fresco e puro da serra, batem claramente quaisquer 10 km feitos no asfalto ou na pista de treinos habitual.
Flexibilidade
Não estou a dizer que todos temos que tocar com as mãos nas pontas dos pés. Estou a falar no dar e receber que é necessário para qualquer relação sobreviver. Se as nossas expectativas são rígidas, mais cedo ou mais tarde alguma coisa vai falhar. Ser demasiado obsessivo com um plano de treinos ou com o número de quilómetros daquela semana vai deixar todas as outras prioridades baralhadas. Correr deve estar perfeitamente integrado na nossa vida (e vice-versa). Temos de ser suficientemente flexíveis para permitir um ou outro dia sem correr. Aliás, se tirarmos um dia de "folga", voltaremos com muito mais entusiasmo e alegria para a próxima corrida.
Espalhar o amor
O amor que levamos deve ser proporcional ao amor que damos. Todas as relações são bidireccionais, pelo que, teoricamente, quando mais dermos, mais recebemos. Há inúmeras formas de dar e receber, até nas corridas. Desde fazer voluntariado, ajudar em algum grupo de treinos, encorajar alguém a começar a correr, etc. Tal só nos fará sentirmo-nos melhores com nós próprios. Além do mais, termos novos corredores a juntarem-se a este mundo só nos fará sentir rejuvenescidos e gostar ainda mais deste desporto. Um teste: já experimentaram não ir correr numa prova e estar somente a apoiar os atletas? Lembram-se daquela sensação de energia que recebemos com os aplausos e os "FORÇA!!!" dos espetadores numa corrida? Aqui está a vossa hipótese de serem recíprocos. O problema é que muitas pessoas que correm vêem nos outros corredores autênticos adversários, inimigos que é necessário abater, chegando à frente ou fazendo um tempo melhor. Abracem também a competição mas, em vez dessa limitação, vejam os outros como amigos que até vos podem ajudar a dar o vosso melhor. A palavra "competir" vem da antiga Grécia (claro!) e significa "andar juntos" ou "buscar juntos". E o que fica depois? Bom, aquela fase de excitação inicial com a corrida irá inevitavelmente desvanecer, mas virá ao de cima algo ainda melhor, mais maduro e mais recompensador, ou seja, um amor que irá durar por muitos anos. Há alguns relatos de atletas que a uma certa fase sentem-se esgotados das competições. Simplesmente cansam-se e ficam saturados. Mas depois de mudarem a maneira de pensar para um modo de "não-competição", verifica-se o oposto: a corrida torna-se mais fluída e agradável, simplesmente porque as recompensas são muito mais profundas e internas. A recompensa está na corrida em si. E torna-se imediata. É (no mínimo) um pensamento amoroso! :) Fontes: Geraldo DialogaActive.com