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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Qua | 18.09.13

Do Tejo ao Sado e de volta ao Tejo

José Guimarães
O sítio para colocar posts no Facebook pergunta "O que é que tens feito?" e eu gostava de responder que tenho feito tanta coisa que começa a ser demasiado frequente a falta de tempo para colocar posts à 2ª feira! Pelo facto, as minhas desculpas a quem está sedento de notícias fresquinhas logo no início da semana de trabalho. Na pior das hipóteses tentarei fazer com que saiam à 3ª feira... apesar de esta semana só ter saído à 4ª feira!..

Primeiro o Tejo

O fim de semana que passou foi mais um fim de semana em modo de corrida que, como o título indica, foi praticamente passado sempre à beira rio. Mas porque nem só de corridas vive o Homem, este foi um fim de semana que também teve direito a festa, a comes e bebes (uns mais saudáveis que outros), mas sempre com uma corridinha aqui e ali, para expurgar as coisas más. O sábado de manhã foi passado à beira do Tejo, no Parque das Nações. A Pro Runner promoveu o 2º Treino para a Corrida da Linha, a tal que começa em Carcavelos e acaba em Cascais. Se bem me lembro, foi uma das primeiras corridas de 10 km que fiz com o grupo da Rita Borralho, os RB Running, há 2 anos. E esta primeira experiência foi um ponto de encontro em frente à meta (sim, em Cascais), para se correr até Carcavelos e, depois, fazer a prova novamente até Cascais. Já aí éramos meio malucos... Chegados os participantes e convidados (e uma bonita surpresa de vida com quem tive o privilégio de "tropeçar" neste dia), feita a foto de grupo e a sessão de aquecimento, optei por levar o habitual grupo da distância maior (10 km) num ritmo tranquilo e adequado a todos: ao grupo que se manteve coeso até aos 5 km, ao fotógrafo que captou bonitos momentos e a algumas presenças que, mesmo não correndo, ainda deram uns passinhos na direção mais saudável! Se a primeira metade do percurso se fez de forma bastante tranquila, entre conversas e risadas descontraídas, já os últimos 5 km foram mais dispersos... e mais rápidos! Sem muitas palavras, ou tantas quantas aquelas que conseguia articular entre um PUF!!! PUFF!!! e um ARF!!! ARF!!!, deixo os meus parabéns ao atleta do Mirantense (desculpem-me mas não sei o nome dele) que com apenas 15 aninhos me fez saltar os pulmões de 39 anos pela boca, até chegarmos à porta da loja! Amigo António Monteiro, grande pedalada e futuro têm estes seus atletas! Fica o registo de uma bonita e saudável manhã de sábado, à qual se seguirá outra bem mais tranquila, no dia antes da Corrida da Linha, num evento em que acho que vou gostar muito de participar: Yoga para Corredores. Fica a dica...

Depois o Sado

Depois do Tejo, a atividade do dia voltou-se para a margem sul. Depois de uma tarde tranquila e de descanso, parece que a noite chegou tão rápida, que não me deixou fazer bem a digestão do lanche "almoçarado" dessa tarde... ok, final de tarde. O destino do final do dia seria Vale dos Barris, perto de Palmela, para a prova Trail Noturno das Lebres do Sado, uma prova de 15 km que já se previa algo rapidinha. Não há muito para relatar sobre esta prova. O tempo ajudou à fácil progressão, a paisagem era bonita (não fosse a noite não deixar ver o Sado, mas nos brindar com as luzes de Setúbal lá mais em baixo) e os ritmos... bom, vamos falar dos ritmos: o Luís e a Cristina foram presença sempre constante do início ao fim. E muito ajuda ter umas lebres assim para puxar por nós! O terreno da prova foi sempre muito rolante e deu para correr com o passo bem rápido e constante, tirando umas subidas que apareciam lá pelo meio e uma outra, particularmente muito íngreme, "feita" para nos deixar com as pernas a ferver e com os pulmões de fora, já nos quilómetros finais do percurso. Gostava ainda de salientar dois pontos que creio merecerem destaque nesta prova. Não por serem positivos, mas por serem algo que todos deveríamos ter em atenção. O primeiro tem a ver com a alimentação. Ainda hoje estive na conversa com uma outra pessoa sobre este tema, por causa das coisas que podemos facilmente evitar "levar" para uma corrida, como por exemplo, um grande ataque de "dor de burro" e de azia. Isto porque passei praticamente a prova toda a lutar com uma dor de burro teimosa, que teimava em aparecer e a desaparecer, intercalada com uma azia que - também ela - ora subia, ora descia na garganta. Vendo bem o meu histórico de nunca ter tido grandes problemas com estas questões noutras provas, revi tudo o que fiz nesse dia antes de ir para a prova e encontrei o potencial culpado: uma deliciosa salada que comi, repeti e tornei a repetir à hora do almoço, que tinha um ingrediente "perigoso" para estas coisas: o pepino, que se pode revelar inimigo de uma digestão saudável. Se juntarem a isto o facto que o almoço deve ter terminado pelas 17 horas, ao qual se seguiu uma sestinha milagrosa, estava então montado o cenário para uma corrida, facilmente vítima de efeitos secundários muito pouco amigos de uma performance tranquila. Portanto há que não nos deixarmos levar por grandes tentações no plano alimentar, ou se o fizermos, pelo menos dar tempo ao corpo de processar tudo devidamente, antes do exercício físico. Um outro ponto que não queria deixar de salientar, prende-se com o fator segurança. Independentemente das marcações nesta prova não terem sido as melhores (facto devidamente explicado pela organização), fui espectador de duas valentes quedas, protagonizadas por dois atletas. Sendo que um deles prontamente se levantou e continuou a correr, já outro apresentava ferimentos com alguma gravidade nos membros e na cabeça! Ora, acidentes acontecem sempre (eu que o diga) e por isso mesmo é que têm esse nome. Mas temos que nos lembrar que, tirando algumas excepções, a maior parte de nós anda nisto por puro lazer e divertimento e pouco mais temos a ganhar com isto do que a gratificação pessoal. Não nego que dá um gozo bestial fazer bons tempos e chegar numa boa posição, mas por vezes corremos riscos desnecessários, que podem mesmo acarretar riscos para a nossa própria saúde. Esta prova tinha algum potencial para isso, como uma ou outra descida rápidas e um ou outro perigos escondidos, isto esquecendo o facto de se praticar de noite e a visibilidade reduzida aumentar o potencial de risco. Mas noutras provas mais tranquilas, como uma meia maratona, já tive oportunidade de ver atletas do meio da tabela (não estou a falar portanto daqueles que disputam boas classificações ao segundo) a não se hidratarem corretamente num posto de abastecimento, ou a deixarem cair um gel ou uma barra energética e de não voltarem atrás para o apanhar, com risco de perder aqueles "preciosos" segundos na classificação. Ora meus amigos, sábio é o povo quando diz que "a saúde está primeiro"... portanto deixem de lado esses segundos e pensem primeiro em vocês, seja no momento de parar num posto de abastecimento, seja no momento de refrear os ânimos naquela descida mais escura, em que o frontal até nem está a iluminar assim tão bem os obstáculos no meio do caminho. A título de exemplo, no final da prova a picagem do código de barras do meu dorsal demorou 2 minutos para entrar no sistema, ficando eu com o tempo de 1h18 e não 1h16, como deveria ter sido. Afetou a minha classificação? Não! Afetou a minha performance ou futuro enquanto participante nesta e noutras provas? Não! Então que mal tem isso? Corram e usufruam da corrida, que isso é de facto o mais importante!

De volta ao Tejo

E no domingo de manhã, foi dia de regressar ao rio Tejo, para participar numa prova que nunca havia participado antes e que confesso que me despertava alguma curiosidade: a Corrida do Tejo. Confesso que desde que que comecei a fazer trail running, parece que desenvolvi uma espécie de preconceito contra as corridas de 10 km na estrada. Tirando os triatlos, tenho fugido um bocado da participação nestas provas mais curtas. No entanto, ter participado nesta corrida fez alterar um pouco esta minha forma de estar, já que o cenário de milhares de pessoas a praticar uma atividade tão saudável como a corrida, só pode estar recheado de coisas boas! Prevendo uma multidão de pessoas e optando por uma corrida de recuperação dos quilómetros do dia anterior, optei por convidar o Gino a fazer a corrida comigo em modo descontraído. Como disse, nunca tinha participado nesta prova e já sentia a falta de um autêntico banho de multidão: 10.500 pessoas a correr à beira do Tejo é de facto um cenário digno de muitas fotos e de uma manhã muito bem passada! É engraçado e não pude deixar de reparar como no meio de 10.500 pessoas, ainda encontrei tanta gente conhecida que, aqui e ali, antes e depois da partida, nos brindavam com abraços e sorrisos, próprios de quem corre. E quem corre sabe bem do que eu estou a falar, certo? E tal como sentia a falta de um banho de multidão, também sentia a falta de fazer uns quilómetros a um ritmo sereno e numa agradável companhia. Assim, lá fomos dois amigos na conversa, percorrer os 10 kms que separam Algés da praia da Torre, uma atividade de louvar que demorou cerca de 1 hora a concluir. Chegados à praia da Torre e depois de mais dois dedos de conversa com mais gente conhecida que agradavelmente se teima em encontrar, havia que retomar caminho de volta a Algés, pois o carro com a água e os batidos de proteína esperavam por nós junto à Feira do Corredor. E assim se fizeram mais 10 kms agradáveis, com menos gente na estrada, é certo, mas aproveitando o facto do trânsito ainda não ter sido aberto e se poder usufruir de uma belíssima pista de asfalto para correr junto ao Tejo, num silêncio e cenário perfeitos. Grande obrigado a ti, meu amigo, pela companhia perfeita... e que a nossa saúde daqui a muitos anos também esteja perfeita, para nos permitir repetir muitas manhãs assim, seja junto ao Sado, ao Tejo, onde for. Também aqui quero deixar uma nota de atenção, destinada a todos aqueles que se iniciaram ou se querem iniciar nas corridas: infelizmente assisti a um caso grave de um atleta que, já à chegada à praia da Torre, estava inanimado no chão, a ser assistido por uma equipa médica, com direito a reanimação cardiopulmonar. O meu conselho para vocês todos é que não pratiquem nenhuma atividade física sem um aconselhamento médico, um exame adequado, por muito bem que se sintam. Por vezes um eletrocardiograma pode detectar uma falha que nos passa despercebida, pelo que é do interesse de todos ter uma indicação especializada de quem entende da nossa saúde. Não facilitem. Evitem casos como este. Porque praticar desporto é suposto ser saudável, não é para acabar assim.   Crédito foto: João Ferrão