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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Seg | 06.08.18

É ultra, mas não é "o Ultra". O novo relógio da Suunto chama-se Suunto 9

José Guimarães

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Depois do Spartan Ultra ter andado no "top of mind" dos fãs da marca durante os últimos tempos, a Suunto lançou agora a sua nova coqueluche no mercado de relógios GPS multidesporto: o Suunto 9.

 

Apesar de ter abandonando o nome "ultra", o Suunto 9 é visto por muitos como o sucessor do Suunto Spartan Ultra e, em alguns aspetos, até posso dar razão a quem afirma isto. Afinal, a par da alteração do nome, o relógio é visto mais como uma (e excelente) evolução, do que como uma revolução, face ao modelo anterior. 

 

Neste artigo vou só focar algumas das características principais do relógio (as novidades), pelo que se quiserem mais detalhe sobre as funcionalidades base que são mais ou menos transversais a todos os modelos Suunto, peçam-me que eu faço outro artigo, mais detalhado.

 

Se procuram o relógio Suunto com mais (e melhores) capacidades, este é sem sombra de dúvida o modelo a escolher, o topo de gama da marca finlandesa.

 

As novidades no Suunto 9

A primeira novidade que salta logo à vista é a colocação do cardiofrequencímetro no pulso (tal como existe em praticamente todos os outros relógios), com um sensor da já conhecida parceira da Suunto, a Valencell. Além deste sensor, o Suunto 9 (tal como qualquer outro modelo da marca) permite a utilização de um sensor de cardio no peito (a chamada "banda cardio"), desde que esta use a tecnologia Bluetooth. Quem me pergunta se as bandas cardio antigas funcionam nestes modelos, a resposta é não, não funcionam.

 

Outra novidade que olhares mais atentos poderão logo dar conta é a utilização de um sistema universal de fixação das braceletes. Este sistema utiliza o mesmo sistema de 24mm dos relógios normais. Quer isto dizer que, potencialmente, se podem usar quaisquer tipos de braceletes (compatíveis com 24mm) no Suunto 9? Potencialmente sim, basta fazer uma pesquisa online para perceber isso. Mas nestas coisas das compras fora da marca tenho sempre muitas cautelas e aconselho qualquer um a pensar e a pesquisar bem, antes de investir em algo que não é da marca... apesar de - claro - até poder ficar bonitinho (depende dos gostos). 

 

E por falar em bonito, os mais atentos vão reparar (principalmente os atentos que gostam de ver com os dedos) que os 3 botões laterais do relógio também foram redesenhados, com alterações muito subtis (são um pouco maiores e com uma aresta mais marcada), mas que oferecem ao utilizador uma sensação muito mais precisa na sua utilização. Também aqui os designers finlandeses a marcar pontos.

 

Mas as evoluções realmente interessantes neste relógio são mais aquelas que não se vêem do que as que se vêem. Praticamente giram à volta tanto da autonomia como do GPS. Antes de começar, a lista completa anunciada de novas características é a que se segue:

 

  • FusedTrack, ou seja, a capacidade de gerar percursos de GPS, sem GPS (mesmo!!!)
  • A Sony é agora a fornecedora do GPS
  • Novas opções de gestão de bateria/autonomia
  • Capacidade de mudar as opções de bateria durante a utilização do exercício
  • Capacidade de entrar em modo de utilização mínima de energia (só cronómetro), para poder chegar ao fim do exercício
  • Avisos inteligentes de pouca bateria, no dia antes do treino longo
  • Braceletes fáceis de trocar (sistema de 24mm usado nos relógios normais)
  • Design maior dos botões e mais fáceis de sentir
  • Última geração de sensor de cardio da Valencell (versão 1.2)
  • Leitura contínua de frequência cardíaca 24×7
  • Compatível com a nova "Suunto app" e plataforma Sports Tracker
  • Preço €599

 

Posto isto, passo a focar as coisas que, quem corre (e muito), certamente mais desejará conhecer.

 

A autonomia

As funcionalidades que estes relógios atualmente têm que contemplar, para fazer face às exigências de quem gosta de correr (principalmente aos que gostam das ultra-maratonas, dos ultra-trails, dos Ironmans, etc.) são muitas. Prendem-se sobretudo com a capacidade de utilizar o equipamento de forma fiável durante horas a fio. Por fiável, diga-se, marcar o "track" da forma mais precisa possível e que a bateria consiga aguentar até ao fim do treino ou prova. Com isto em mente, a Suunto focou-se claramente em funcionalidades capazes de agradar ao desportista mais exigente. E uma das primeiras preocupações caiu sobre a autonomia.

 

Ao contrário do que acontecia nos modelos Spartan anteriores, em que as opções de bateria tinham que ser configuradas em cada um dos modos desportivos, o novo sistema de gestão de bateria tornou-se independente. Existem agora disponíveis 3 modos + 1 de gestão da autonomia, independentemente do desporto que estamos a utilizar.

 

Assim, antes de iniciarem o modo de desporto pretendido, podem ver no topo do mostrador o modo de autonomia atualmente selecionado, e no canto superior direito uma seta que permite alterar esse modo de bateria.

 

suunto9_21h_desedentarioamaratonista.jpg 

 

Cada modo de autonomia corresponde a um conjunto de configurações das funcionalidades do relógio, as quais, por sua vez, correspondem de forma matemática ao número de horas previsto até ao fim da bateria:

  • "Performance": 25 horas de autonomia estimada, com a precisão do GPS no máximo, a marcar posição a cada segundo;
  • "Endurance": 50 horas de autonomia e o GPS a marcar posição a cada 60 segundos;
  • "Ultra": 120 horas de autonomia e marcação de posição a cada 120 segundos.

Desta forma é possível sabermos quantas horas ainda temos de autonomia no relógio e, assim, usarmos o modo mais adequado ao nosso objetivo atual. Além destes três modos, ainda existe um modo "Personalizado", que permite mexer nas várias configurações (como ligar/desligar o écran táctil, reduzir o brilho do écran, etc.) e ir vendo as alterações refletidas nas horas de autonomia restantes, permitindo assim compromissos intermédios aos 3 modos standard.

 

suunto9_personalizado_desedentarioamaratonista.jpg

suunto9_personalizadoopcoes_desedentarioamaratonis

 

Mas, apesar de todas estas configurações, há pessoas que são mesmo cabeças no ar (eu esqueço-me tantas vezes de carregar o relógio antes de sair para um treino longo, por exemplo) e até para estas a Suunto lembrou-se de inserir duas funcionalidades super interessantes. A primeira é que, ao atingir os 10% de bateria, o relógio sugere a alteraração do modo atual de bateria para outro com mais autonomia (mostrando o número de horas previstas até ao fim da bateria), sugestão que podemos aceitar ou ignorar. A outra funcionalidade é para aqueles que, nada fazendo com tudo isto, se arriscam a que o relógio "morra" durante a atividade em curso. Assim, para evitar esta possibilidade, quando a bateria entra num estado crítico, o Suunto 9 desliga todas as suas funções de registo, à excepção do cronómetro, permitindo que, na pior das hipóteses, consigamos ficar com o tempo da nossa atividade registado até ao fim.

 

Apesar de todos os meus esquecimentos, nunca usei nenhuma destas funcionalidades. Já usei sim - embora não a tivesse fotografado - a funcionalidade que me falta aqui falar e que talvez seja a mais inteligente, na questão da gestão de autonomia do Suunto 9. Esta funcionalidade faz com que, com a utilização frequente do relógio, este vá aprendendo as nossas rotinas de treino semanais e, se se der o caso do nível de bateria estar demasiado baixo na véspera do dia habitual do treino mais longo, ele nos avise que precisamos de carregar o relógio. Isto para evitar no dia seguinte não teremos autonomia suficiente para todo o treino que supostamente é habitual fazermos. E sim, ele avisa mesmo!

 

"FusedTrack", ou o registos de percursos... sem GPS

Depois de resolver uma série de situações que todos os ultra-maratonistas certamente já enfrentaram, a Suunto virou-se para outra questão muito pertinente, relacionada o GPS e o registo dos percursos, utilizando uma nova funcionalidade chamada "FusedTrack". Mas atenção! Esta funcionalidade não serve para registar percursos de forma mais precisa. Serve sim para podermos registar os percursos, mesmo quando não há dados de GPS. É verdade, o Suunto 9 grava o "track" mesmo quando não tem GPS ligado. Vejamos como.

 

A sigla "Fused" já não é propriamente novidade, sendo utilizada pela Suunto em várias outras aplicações ("FusedAlti" e "FusedSpeed"), às quais se junta agora o "FusedTrack". O princípio desta última é simples: usar uma referência base do GPS e, depois, juntar-lhe dados de outras funcionalidades (acelerómetro, bússola e giroscópio) para ir gravando o percurso, quando não há dados de GPS para o fazer. Até podemos pensar que isto é pura conversa de marketing. Mas de facto até é bastante simples de imaginar, pois se tivermos uma posição inicial de partida, com os restantes dados (em que direção estamos a ir, a que velocidade, etc.) é relativamente fácil sabermos onde estamos situados. Pessoal do montanhismo e da orientação, é assim ou não é?

 

Na prática, se estivermos a correr com o modo de autonomia "Ultra", onde o GPS grava uma posição somente em cada 120 segundos, se nesse intervalo de tempo fizermos muitos zigue-zagues ou umas curvas mais sinuosas, o mais provável é que essas variações não apareçam no registo final do percurso (o resultado vão ser umas linhas feias e bicudas). Quando estamos em modo de caminhada, esse problema não se coloca, já que o ritmo é lento e entre cada marcação de GPS teremos progredido poucos metros. Mas em modo de corrida isso muda completamente de figura, pois em cada intervalo de GPS, a distância percorrida será muito maior. Por esse motivo, esta funcionalidade aplica-se especificamente à corrida ou ao trail running. 

 

Pelo que pude saber, o "FusedTrack" também seria aplicado à natação em águas abertas, uma excelente notícia para os fãs do triatlo, mas ainda não tive oportunidade de verificar e experimentar esta aplicabilidade. No entanto, será uma excelente funcionalidade desta marca que, já desde os meus treinos para o Ironman no ano passado, eu tenho referenciado como uma das que melhor regista o percurso do atleta dentro de água. Recordem que na natação, mesmo com o GPS ligado na máxima precisão (marcação de posição a cada segundo), o relógio passa sensivelmente 1 segundo fora de água e outro segundo dentro de água, onde não há sinal de GPS possível. E aqui entraria o "FusedTrack".

 

Finalmente, o novo Suunto 9 é compatível com a já conhecida app Movescount e com a mais recente aplicação móvel Suunto App. Esta última tem algumas características interessantes, principalmente por que consegue tirar partido da ligação à plataforma SportsTracker. No entanto, não é possível o emparelhamento do relógio com ambas as apps, pelo que há que optar e fazer o emparelhamento ou com uma, ou com outra. Pelo que pude ver da Suunto App, nada contra, à excepção de não termos disponíveis uma série de métricas muito interessantes e disponíveis no Movescount para análise. Assim, o que vejo que possa acontecer é que, para já, quem gosta de ver este tipo de informações depois de uma temporada de treinos, irá provavelmente optar por não utilizar a Suunto App, mantendo-se fiel ao Movescount. Isto pelo menos enquanto a nova app não trouxer a maior parte dos registos e análises a que todos os utilizadores Suunto já estão habituados, consolidando assim todas as fontes de dados numa plataforma única e poderosa.

 

Estas são as grandes novidades que o Suunto 9 traz ao mercado, sendo que as restantes são mais ou menos transversais a todos os outros modelos da marca. No entanto, se quiserem mais informações sobre o novo Suunto 9 ou algum outro modelo Suunto, deixem um comentário ou enviem-me uma mensagem. Responderei a tudo o que sei e, o que não sei, prometo experimentar para responder o melhor possível.

 

Bons treinos e melhores corridas!

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