Estamos na Semana Europeia da Mobilidade. E, se já uma vez o tinha feito, hoje vim novamente de bicicleta para o trabalho. Por vezes precisamos de um estímulo extra para fazer aquela tal coisa que nos andava "atravessada" já há algum tempo e desta vez posso agradecer a uma iniciativa dos CTT que, em parceria com o Centro de Treinos da Pro Runner, convidaram os seus colaboradores a se deslocarem de bicicleta para o trabalho. Eu aproveitei a boleia e vim também.
O percurso
Já sabia que, mais coisa menos coisa, teria cerca de 30 km para fazer em cada sentido. Iria iniciar o percurso em Paço de Arcos às 7h30 da manhã e contava estar sensivelmente 1 hora mais tarde no Parque das Nações. Preparado o equipamento de véspera, fiz-me à estrada! Mais ou menos já a maior parte de nós sabe o que é que se usa para andar de bicicleta, certo? Os calções, o jersey, as luvas (não dispenso), a ferramenta para os imprevistos... e se bem que os dias estejam quentes, as manhãs ainda estão bem fresquinhas para uma manga curta. Os "manguitos" foram uma escolha extra e indispensáveis, para usar na marginal, junto ao rio Tejo, onde a +/- 30 km/h, a brisa fresca do nascer do sol ainda dava para uns arrepios. Como é andar na marginal? Antes de mais é um perigo! Bom, se retirarmos o fator trânsito desta equação, andar de bicicleta na marginal é um pouco como andar de moto no autódromo do Estoril. O problema são mesmos os automóveis... ou melhor, os automobilistas. E apesar de, mesmo assim, o balanço final ainda ser algo a pender para o positivo, é impressionante a quantidade de razias e de apitadelas que ainda levo. Será por me recusar a andar encostadinho ao passeio? Penso que andar no meio da minha faixa de rodagem é mais seguro, pois é a única forma dos automobilistas não nos espremerem contra o passeio, numa 3ª faixa de rodagem inventada à pressão, não concordam? Ou será que é por andar devagar? Oh meus amigos, uma média de mais de 30 km/h não é devagar! Para mim pelo menos não será. Bom, apitem lá, que sempre é mais um incentivo para eu puxar um pouco mais! Quanto ao percurso, é bonito, muito bonito. Único talvez, na visão do aproximar da cidade de Lisboa durante o nascer do sol, ainda em intervalos sem trânsito, sem baulho, só o rolar da bicicleta e o ruído do vento. De destacar a subida da Cruz Quebrada feita em modo "não-baixo-a-cadência-nem-que-a-vaca-tussa!!!" e as retas do Dafundo, de Belém e da restante Av. da Índia, a convidar a uma bicicleta de contra-relógio... de destacar pela negativa é o estado muuuito mau do piso à entrada da cidade, depois de se passar a zona de Alcântara. Ele é buracos, tampas de esgotos mal niveladas, remendos e mais remendos, abatimento do piso, etc, etc, etc. Tudo boas armadilhas a convidar a uma queda... e a fazer lembrar a maldita lomba de há 2 semanas atrás... Ainda a destacar pela negativa, aponto a zona da Ribeira das Naus e o tão badalado passeio ribeirinho, que de passeio tem muito pouco. Tudo bem que está em obras, mas a manterem a circulação automóvel junto ao rio e a não priviligiar aquela zona para peões e bicicletas... o que esperam de melhorias os senhores da CML? A ver vamos, lá dizia o cego... Novidade no percurso é a nova ciclovia (ainda em construção) que começa em frente à estação dos comboios de Santa Apolónia e se estende até ao Parque das Nações. Apesar de ser uma ciclovia construída no aproveitamento da antiga faixa do BUS, assim intercalada de X em X metros pelas paragens do autocarro, não lhe quero tirar importância, até porque considero uma boa iniciativa, talvez para ser mais aproveitada pelos caminhantes e ciclistas de lazer, do que aqueles que gostam é de "andar na roda". Não experimentei, até porque é um troço ainda muito sujo com restos das obras, mas mais tarde pode ser que passe por ali outra vez mais devagar e vá testar o piso.
Vale a pena ou não?
Depois de tanta descrição, vale a pena ou não vir de bicicleta para o trabalho? Ora vejamos: Demorei 50 minutos para fazer o troço entre Paço de Arcos e o Parque das Nações. Um pouco mais de tempo do que demoraria para fazer de carro, exceto em dias de confusão, em que já demorei bem mais tempo do que isso. Não gastei uma gota de gasóleo e aproveitei para treinar. Faço quase 60 km que é o que tenho no plano de treinos para cumprir. Tudo bem que tenho que gerir o material e vestuário no meu local de trabalho, além de ter a sorte de ter balneários para começar o dia fresquinho. Cruzei-me ainda com alguns dos participantes na iniciativa dos CTT, dois dos quais iriam ainda para o ginásio, onde podem tomar banho antes de ir trabalhar. Mas sim, com as condições logísticas adequadas, o balanço é muito positivo e estou apostado em repetir a dose com mais frequência. É pena que as condições do piso na cidade de Lisboa não sejam adequadas a estas aventuras, mas tentarei circular com atenção redobrada para evitar algum imprevisto. E assim sendo, perdoem-me a repetição do título deste post face ao anterior, mas o facto é que, a continuar assim e a experimentar relatar várias vezes que venho de bicicleta para o trabalho, há um enorme risco deste título ter sequelas. Posto isto, está na hora: vou preparar a garrafa de isotónico e fazer-me novamente à estrada!