Vocês não calculam quanto tempo demorei a ler todos os posts feitos no Facebook durante a minha participação no UTMB. Os posts e vossos os comentários aos mesmos: desde os mais simples "LIKES", às palavras de incentivo e comentários mais extensos, demorei muito, muito tempo a percorrer 3 dias da minha cronologia. Provavelmente até devo ter deixado escapar alguns comentários aqui e ali. As tecnologias ajudam, mas o Ser humano continua a ser um animal limitado e, se não respondi ou não fiz "LIKE" em algum, não foi por não ter gostado, acreditem. Senti-me esmagado por tamanho feedback. E não posso deixar de reconhecer que tal não teria sido possível sem a dedicação de quem esteve no terreno a toda a hora, incansável, a querer saber notícias minhas para as partilhar convosco e a dar-me noção do que se ia passando aqui no ciberespaço. Se as pernas que levei para a montanha estavam preparadas graças aos treinos com o António, o desconforto e o cansaço mental foi mais facilmente ultrapassado, muito graças ao apoio daqueles que também fizeram as suas corridas entre um posto de abastecimento e outro, com idas a casa pelo meio para ir buscar material e tentar descansar um pouco, com o stress provocado por horas a fio sem saber onde e como eu estaria, com sonecas dentro do carro com um olho aberto e outro fechado à espera daquele SMS, ou com madrugadas perdidas e esperas de horas a fio, só para poder estar no sítio certo à hora certa. Relembrando uma conversa com o Carlos Sá uns dias antes da prova, sobre a importância que tem para um atleta as pessoas que o apoiam, dou-me conta que provavelmente ainda não prestei a melhor homenagem a todos vocês que se despediram de mim ou me foram esperar no regresso, que não descolaram do computador durante a prova, bem como a estes incansáveis heróis que percorreram quilómetros (alguns milhares) só para estar ali e contribuir para tornar este desafio um bocadinho menos difícil. A todos vocês, mas com um sabor especial à Inês, ao João e à Anabela, à Maria (obrigado pelo filme da chegada.. se não fosses tu...) e aos gémeos Afonso e Gonçalo, obrigado pelas boas energia que colocaram nos sítios certos, à hora certa. É emocionante relembrar como nunca nos desencontrámos e como aqueles vossos sorrisos, os gritos de apoio - muitas vezes sem vos conseguir ver no meio da escuridão - ou como aqueles abraços e "high-fives" fizeram toda a diferença ao longo daquelas 41 horas. Esta é a melhor forma de homenagem que lhes posso prestar e servirá também para, de certa forma, homenagear todos aqueles que, não correndo, se dedicam de corpo e alma a apoiar aqueles que correm atrás das suas conquistas. Sem eles, estas coisas não seriam nem metade daquilo que são!