Nas últimas décadas, a psicologia do desporto tem passado a mensagem aos atletas que um pensamento focado é a melhor forma de atingir objetivos. Mas no que é que é suposto pensarmos? Novos estudos sugerem que alguns padrões de foco mental são efetivamente úteis, enquanto outros podem ser prejudiciais. E quanto mais táticas mentais praticamos, mais provável é que encontremos uma que funcione connosco, numa determinada situação de corrida. É frequente ouvirmos dizer para, por exemplo, ao correr uma maratona, nos distrairmos com a paisagem, ou com um outro qualquer pormenor interessante fora da prova. Ouve-se dizer isto, não porque é eficaz, mas porque os atletas amadores não conhecem outras opções. Para aprenderem a gerir uma corrida mentalmente, comecem já por experimentar estas táticas:
Padrões mentais
Os atletas de elite são os mestres da "metacognição", ou seja, pensar no que pensar. Eles planeiam o que pensar em determinadas fases da corrida, por forma a maximizar a sua performance. E praticam estes padrões mesmo durante os treinos. Depois da corrida, revêem quais estratégias foram bem sucedidas e quais não resultaram. Já alguma vez se sentiram a baixar o ritmo quando relaxaram, conseguindo depois recuperá-lo quando se começaram a focar no atleta à vossa frente? Se sim, registem esse padrão e utilizem-no. Para saber qual a melhor estratégia, têm que se auto-monitorizar.
Check-in, check-ou
Uma das questões fundamentais numa corrida pode ser "será que vou conseguir manter este ritmo até à meta?" Para responder a essa questão, vocês necessitam de perceber como se estão a sentir, qual o vosso estado geral, acelerando ou abrandando o ritmo conforme seja mais adequado. Mas se se estão sempre a focar em como se estão a sentir, isso pode tornar a sensação de correr mais difícil. Em vez disso, façam um "check-in" geral ao corpo em cada marca de km numa prova, por exemplo e, se tudo estiver bem, façam "check-out" e voltem a focar-se noutras coisas, como os outros atletas, o vosso progresso ao longo da prova, etc. Experimentem isto durante o treino, para encontrar pistas que vos ajudem de forma eficaz. Tentem focar-se em manter uma cadência de passada rápida e passos leves, mantendo os ombros relaxados e o movimento dos braços bem fluído. Quando voltarem a atenção novamente para fora, dividam a corrida em pedaços (por exemplo, uma corrida de 10 km deverá ser dividida em cada km, mas uma maratona poderá ser dividida em pedaços de 5 km) e estabeleçam objetivos específicos para cada um deles, ajustando periodicamente a corrida.
Falar sozinho
Para alguns corredores, o mantra pode ser "calma, confiança" e para outros "só mais 1 km". O vosso diálogo interno não deve ser só uma reação ao vosso estado atual, mas deve também ajudar-vos a sentirem-se em forma. Pensar que se sentem mal ou com dores, provavelmente só vos vai trazer ainda mais dores. Em oposição a isto, alguns estudos mostraram que o pensamento positivo (ou a conversa positiva) melhorou significativamente o tempo até à exaustão, em testes feitos com ciclistas. Assim sendo, pensem numa série de mantras que vos façam sentido e usem-nos em diferentes partes da corrida (por exemplo, "estou bem, mesmo bem!!", ou "vá, já está quase!!!", para usar nos quilómetros finais). Experimentem-nos em treinos mais duros ou no ginásio e vejam se se sentem confortáveis. Pratiquem-nos até que se tornem automáticos. Fonte: Runner's World