Ora aqui está mais um tema polémico, desta vez sobre a toma ou não de antioxidantes como complemento de uma dieta ideal. Todos nós danificamos as nossas células ao correr. Isto acontece por causa dos radicais livres, que são moléculas instáveis produzidas no corpo, como resultado de um metabolismo normal. No entanto, os corredores estão sujeitos a um stress oxidativo enorme, danificando as células, o qual ocorre quando os tais radicais livres ultrapassam em número a proteção dada pelos antioxidantes. Apesar do corpo gerar muitos tipos de antioxidantes para se proteger dos danos provocados pelos radicais livres, uma carga de treino excessiva pode comprometer a capacidade que o corpo tem de se defender usando os seus próprios antioxidantes. Só o facto de corrermos uma "simples" maratona ou de fazer um treino muito puxado produz muitos mais radicais livres do que se estivermos sentados na cadeira do escritório. No entanto, alguns estudos recentes indicam que o exercício físico regular melhora o sistema de defesas do corpo, o que sugere que os atletas de elite ou aqueles que correm diariamente possam ser menos suscetíveis a essa destruição celular do que os corredores ocasionais.
Como saber se estamos em "perigo" e o que se deve fazer?
Alguns sinais ou sintomas do chamado stress oxidativo podem passar por dores de cabeça, fadiga, dores musculares e incapacidade em recuperar eficientemente de treinos mais duros. É importante estarmos atentos a estes sintomas logo numa fase inicial, pois com o passar do tempo, a destruição das células pode-se começar a manifestar através de doenças crónicas como do foro cardíaco ou mesmo cancro. É aqui que a alimentação entra. Uma dieta à base de plantas e vegetais, frutas e alimentos completos - todos com índices naturalmente altos em antioxidantes - podem ajudar o nosso corpo a combater o stress oxidativo. Os atletas de desportos de resistência que consomem as calorias adequadas, normalmente vão ao encontro ou mesmo excedem as doses recomendadas de vitaminas e minerais. Para estes atletas, não é recomendada suplementação adicional de antioxidantes. Somente quando a nossa alimentação é mais limitada, quer em calorias, quer em variedade de alimentos, podemos então estar em risco de uma ingestão deficiente de antioxidantes, sendo que neste caso a suplementação pode ser vantajosa e deverá mesmo ser considerada, sempre sob a atenção de um nutricionista ou outro profissional de saúde. Alguns corredores que se alimentam com base numa dieta variada e equilibrada, podem ainda escolher tomar suplementos antioxidantes, como forma de um seguro de uma dieta ideal. No entanto, os estudos não são conclusivos no que diz respeito a indicar que estes suplementos adicionais são capazes de melhorar os treinos ou a recuperação. De facto, há mais provas que esta suplementação adicional em antioxidantes pode ser prejudicial para a saúde e para os treinos. Um estudo de 2013 feito pelo the European Journal of Sport Science analisou os efeitos dos antioxidantes na performance e nos treinos de atletas de corrida femininos. Depois da suplementação com vitamina C, a velocidade de corrida das atletas diminuiu e alguns marcadores de stress oxidativo mostraram-se mais elevados, sugerindo que a suplementação antioxidante deverá ser usada com precaução. Isto também reforça a importância de se procurarem antioxidantes dentro de uma maior variedade de fontes e não somente focar numa vitamina ou mineral específico. Um outro estudo mais antigo sugeriu que os antioxidantes quando são tomados em quantidades excessivas podem, de facto, atrasar a recuperação muscular e interferir com a capacidade natural do corpo se defender dos radicais livres. Como não há nenhuma dose mágica definida de antioxidantes, aqueles que escolherem tomar suplementos deverão fazê-lo sempre em quantidades pequenas. Até existirem resultados mais convincentes sobre a toma de suplementos antioxidantes, os corredores deverão focar-se mais em procurar obter estes antioxidantes em alimentação natural como frutas e vegetais, por forma a protegerem-se naturalmente dos danos oxidativos. Fonte: Trail Runner Magazine