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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Qui | 26.06.14

O excesso de treino pode provocar dores nas canelas

José Guimarães
Nesta época em que parece que toda a gente corre, treina no ginásio e faz qualquer coisa (e ainda bem!) é vulgar alguns de nós depararmo-nos com alguns problemas físicos, a maior parte deles devido ao excesso de treino, ou treino desadequado para aquilo que se pretende obter. Uma das coisas que ocorrem mais vulgarmente até do que se pensa é a chamada "canelite", ou dores nas canelas, um tipo muito comum de fratura por stress.

O que é a "canelite"?

A maior parte das fraturas por stress em corredores ocorre na tíbia, o osso da canela. De acordo com algumas pesquisas, as fraturas nesse local - vulgarmente conhecidas como "canelite" - representam de 35% a 49% de todas as fraturas por stress que acontecem com quem corre. O desenvolvimento da fratura por stress na tíbia está ligado ao acumular de forças mecânicas transmitidas para o osso, que excedem a sua capacidade de reparação e remodelação com o passar do tempo.

Sintomas da "canelite"

  • Dor de início insidioso, piora com a atividade física e melhora com o repouso; edema após esforço; sem história de trauma;
  • Dor forte à palpação do local com dor;
  • Queda de desempenho e alterações abruptas no treino

Alguns fatores para o aparecimento da "canelite"

Existem alguns fatores relacionados com o aparecimento destas dores nas canelas, embora a sua causa concreta ainda esteja envolta em dúvidas. Entre eles, incluem-se o volume de treino exagerado, condições intrínsecas como regulação hormonal e nível nutricional, bem como fatores biomecânicos, como o impacto exagerado durante os treinos. As pessoas com fratura por stress têm provavelmente um amortecimento do impacto durante a corrida muito deficiente, quando comparadas com pessoas sem a lesão. A força com que o corpo aterra no chão é maior e, o joelho, que deveria funcionar como uma mola para suavizar o impacto, está mais rígido. Além disso, também se observa um maior grau de pronação do tornozelo em pessoas que apresentam este tipo de fratura. Investigadores japoneses acompanharam num estudo 230 corredores durante 3 anos, com o objetivo de descobrir com mais detalhe o que causa a fratura por stress. Mediram a altura, o peso, o índice de massa corporal, a amplitude de movimento do tornozelo e anca, a flexibilidade dos músculos das pernas, o alinhamento do joelho, arco do pé (se plano ou normal), a força do quadril e a condição física geral. No início da pesquisa, nenhum corredor apresentava nenhum tipo de lesão. No final dos 3 anos, 21 desses corredores sofreram de fratura por stress e a única diferença entre estes corredores e os que continuaram sem problemas foi a flexibilidade dos músculos das pernas. Os que tiveram fratura apresentavam maior rigidez muscular, pelo que se pode concluir que este factor pode interferir no mecanismo de absorção de impacto e gerar sobrecarga na tíbia.

A "canelite" tem tratamento?

O tratamento da vulgar "canelite" normalmente não implica cirurgia e envolve um período de repouso que convém que seja estabelecido por um médico especialista. No regresso à corrida é importante estarmos atentos ao impacto do corpo com o solo. Algumas dicas importantes (para quem sofre de "canelite", mas também para todos os outros que não sofrem) passam por procurar correr fazendo o mínimo barulho possível, mantendo o tronco estável e erguido (imaginem que uma corda vos puxa para cima) e deixando as pernas o mais relaxadas possível. Fonte: Globo Esporte Incidence and risk factors for medial tibial stress syndrome and tibial stress fracture in high school runners.