É verdade! Para quem já o conhece, o título deste artigo é descaradamente inspirado nos títulos do blog do Luís Santos, um "marafado" que, no seu blog "Ma Ke Jeto, Mosso on Sports" publica todas as semanas um apanhado geral do que foram os seus treinos e provas da semana que passou, num post chamado isso mesmo: "A semana que passou". O Luís Santos é do Algarve. Ele corre, nada, anda de bicicleta e embora não o conheça pessoalmente, já passámos ao lado um do outro em algumas provas e é daquelas pessoas que, seja pelos artigos que lemos um do outro ou pelos emails e mensagens que trocamos, de alguma forma posso dizer que nos vamos conhecendo com pouca margem de erro. Muitas são as gargalhadas que já me arrancou ao ler os artigos que escreve com o seu bom jeito algarvio e algumas são as vezes que me deixa de olhos pregados ao monitor a tentar apreender os seus treinos, principalmente os de natação. No passado dia 10 de Junho, participei com alguns amigos no Triatlo do Ambiente e o Luís também por lá andava, embora não nos tivessemos encontrado. A participação num triatlo (como em todas as outras disciplinas) requer treino, muito treino mesmo. Normalmente o pessoal que eu conheço, sempre mais habituado às lides de corrida que outra coisa, queixa-se sempre mais do seu handicap na natação que, como seria de esperar, é das disciplinas que talvez tenha mais requisitos técnicos e exija mais fisicamente, dentro das três modalidades que compõem o triatlo: natação, ciclismo e corrida (por esta ordem). Ora os posts "A semana que passou" do Luís têm sempre algo a dizer em relação a esta modalidade e aqui, o que eu posso recomendar a todos aqueles que se queixam do seu défice na modalidade de natação é que dêem uma vista de olhos ao que este "moço" algarvio costuma fazer todas as semanas. Eu pessoalmente tenho aprendido algumas coisas interessantes que sempre que posso levo à prática na piscina. Se a isto juntarmos uns vídeos no YouTube e umas dicas técnicas com amigos "craques" nesta modalidade, a coisa até se compõe e o que é certo é que até não me senti nada mal a nadar os 300m na praia da Torre, embora ainda tenha muito que aprender e mais pontos para evoluir. Fica dada a dica. Mas onde é que eu quero chegar com este discurso? Quero tocar num assunto que todos nós conhecemos mas que, infelizmente, por muitas e diversas (e também justificadas) razões, nem sempre levamos à prática: o trabalho que isto dá! E quando digo "isto", falo de fazer umas provas e de treinar... à séria! Seja treinar para uma corrida de 10 km ou para participar numa maratona, seja treinar para aquela prova de (mini) triatlo ou para um Ironman. Infelizmente o corpo humano (ao contrário de um leopardo ou um golfinho) não nasce naturalmente apto para correr ou para nadar. Portanto temos que o trabalhar até que se sinta naturalmente bem para desempenhar aquela função que pretendemos. E isto leva-me ao tal discurso, inevitavelmente meio paternalista que, se queremos resultados, temos que lutar por eles. E isto é válido tanto no desporto como no nosso dia-a-dia, no emprego, ou noutra coisa qualquer que queiramos muito que aconteça. E que certamente não vai acontecer por si só. Nem o "sortudo" do Don Johnson (não é o dos filmes) - que em 12 horas arrecadou qualquer coisa como 4,5 milhões de euros num casino de Atlantic City (fora os outros casinos) - se baseou só na sorte. E ontem, no jogo Portugal-Holanda, em que tivemos oportunidade de ver o Cristiano Ronaldo no seu melhor, se observarmos com atenção, podemos ver trabalho em cada músculo, em cada drible, em cada pose ou olhar de concentração. Ou vejam o "senhor" Armstrong em cima de uma bicicleta, ou o Kilian na crista de uma montanha. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Por muito que custe, por muito que doa e por muito que se sofra, se queremos lá chegar, temos que trabalhar para isso. Para concluir, depois do fim de semana que passou, hoje estou em repouso das corridas (o descanso também faz parte do treino) e só devo ir fazer uma sessão de natação. Não me vou inspirar nos treinos de natação do Luís Santos para fazer os meus de hoje, já que o meu objectivo vai ser esticar o corpo e relaxar das sessões de porrada deste fim de semana e que se traduziram em: treino matinal no sábado de bicicleta (69km) + corrida Marginal à Noite (8km em 30mins) + treino matinal no domingo de bicicleta (quase 100km). Depois do fim de semana que passou, hoje sinto-me vivo! É esse o objectivo maior!
:) Bem, o Luís Santos tinha de vir aqui acrescentar mais uns pormenores. Desde já fica o meu agradecimento pelas tuas simpáticas palavras. Vamos à natação. Que fique o esclarecimento que eu nunca fui grande nadador, não sou e duvido que ainda venha a ser. Mas posso garantir uma coisa: graças aos treinos, nado melhor e aguento muito mais do que há um ano atrás. O ano passado, até Novembro, eu nadava uns 1000m por sessão. Os treinos mais longos seriam de uns 1500m e deixavam-me cansado. Até que em Dezembro comecei a aparecer nas piscinas de Loulé para acompanhar os treinos do Louletano Triatlo. Nunca tinha nadado com palas ou barbatanas, pois achava, muito erradamente, que em nada melhorariam aquilo que já sabia. Comprei esses acessórios e comecei a aparecer nos treinos. Aquilo que posso dizer é que a evolução tem sido enorme. As palas e barbatanas começaram a aumentar a força e a resistência. A isso somaram-se os treinos que misturavam força com velocidade e sprints. Aos poucos, a carga passou para 2000m, depois para 3000m (sendo essa agora a distância que já é habitual) e até já fiz uma sessão de 4000m. Com tudo isso, no triatlo de Quarteira, consegui fazer os 750m em cerca de 14min. Foi bom. Mas para ser ainda melhor, queria apenas sair da água mais folgado, e não absurdamente ofegante. O problema disso é que depois, no segmento do ciclismo, não posso puxar mais pois estou sempre a tentar baixar as pulsações elevadas que trouxe da natação. Como é que isto se consegue? Com mais treinos. Sempre com mais treinos. Técnica? Tenho alguma, mas não aquela que gostaria de ter e que me levaria certamente a nadar mais depressa. Deslizo mais na água que no ano passado, mas há coisas que já é difícil aprender. Lá em Loulé, nos treinos mais técnicos (e há muitos, para todos os gostos), eu bem me esforçava para acompanhar, mas não conseguia. Isso quer dizer uma coisa muito simples: ganhar ainda mais força para compensar a falta de técnica. Vi a tua prova como espectador, lá do alto da praia. Do lado de fora é interessante observar todos os pormenores e curiosidades que nos escapam quando estamos a competir. Na natação, enquanto uns já estavam quase a chegar à praia, outros havia que ainda nem sequer tinham conseguido chegar à primeira boia. E eu só perguntava: mas quando é que vão terminar a prova? Devagar, muito devagar lá iam avançando no mar. Não creio que tivessem desistido e lá terão terminado a prova. É um segmento que impede muitos de se lançarem no triatlo. Sempre correram, também pedalam, mas nadar é que os assusta. A esses eu só digo que nunca é tarde para começar. A técnica perfeita, como já disse ali, podem nunca vir a tê-la, mas com treino e dedicação vão certamente ganhar a confiança suficiente para se atirarem ao mar e fazerem uma boa prova. Como muito bem dizes: «se queremos resultados, temos que lutar por eles». A prova aberta é curiosa pelo lado 'amador' de muitos que lá vão. Alguns nadam muito mal, outros pouco pedalam e outros ainda correm menos. Mas dá gosto ver o gozo e divertimento na cara dos que ali estiveram a competir. Houve quem tivesse ganho 'bichinho' por aquilo e, tal como quem corre 21Km e fica a sonhar em correr 42Km, também haverá quem tenha ficado a pensar em fazer um triatlo sprint, com distâncias um pouco mais que o dobro daquelas que fizeram. E porque não? Com treino e dedicação todos os impossíveis tornam-se realidade. Em 2011, este "marafado" só nadava e corria (pouco). Recordo que só em Setembro é que consegui correr 10Km pela primeira vez. E foi em Agosto que terei tropeçado em algum vídeo ou artigo do triatlo, coisa que me levou a dizer: "aquilo é muita giro. Devia experimentar". Soube que no Algarve apenas havia um clube de triatlo (o Louletano Triatlo). Contactei-os e orientaram-me sobre o que deveria fazer. O pior? O investimento inicial que tive de fazer, pois só tinha sapatilhas, slip e óculos da piscina. Foi preciso comprar bicicleta, Wetsuit e Trisuit. Infelizmente isto não são coisas que possam conseguir emprestadas com facilidade. O melhor é mesmo abrir os cordões à bolsa e ficar servidos com equipamento nosso. Quando é que comecei a pedalar? Lá para Fevereiro deste ano. AH! E entre Dezembro e Janeiro andei lesionado e nem sequer podia correr. Em resumo, foram cerca de 2 meses de tri-treinos que me permitiram ir a Quarteira e fazer um tempo bastante satisfatório para uma estreia. Aos poucos, com dedicação e força de vontade, cheguei a cerca de 9h de treino semanal. Os treinos dependem dos nossos objectivos. Quanto maiores forem, maiores terão de ser. Eu posso treinar para uma maratona o suficiente para apenas chegar ao fim (mesmo que depois passe 1 semana sem conseguir andar), como posso treinar para conseguir um tempo abaixo de uma determinada marca. O David Caldeirão, do Louletano Triatlo, é um modelo para mim. Ele diz que esta frase lhe assenta como uma luva: "dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. é a unica!". É dessa forma que ele se envolve naquilo que faz e como treina. Nos últimos 8 meses ele treinou cerca de 18h (N 3h - B 9h - C 6h). Num período mais intenso ele chegou a fazer cerca de 25h por semana. Tanto? mas para quê? Porque no próximo dia 24 de Junho será culminar de todo esse esforço, dedicação e empenho. Ele irá estar em Nice em mais uma edição do Ironman, onde terá de nadar 4Km, pedalar 180Km (com muita montanha pelo meio) e correr 42Km. Mas ele treina apenas para chegar ao fim? Não, ele treina para conseguir ganhar uma das slots que dão acesso a Kona, a mítica prova do Ironman no Havai, onde só estão presentes os melhores dos melhores. No seu agegroup (35-39) deverão haver apenas 6 a 8 slots, que serão disputadas por 460 triatletas. Com todo o seu «trabalho, trabalho e mais trabalho», dores e sofrimento que já teve ao longo destes 8 meses, eu não duvido que irá conquistar uma dessas slots. Que nenhum dos teus leitores duvide da sua capacidade. O ano passado eu pouco corria e não pedalava. Alguns meses depois eu já fiz algumas provas de triatlo sprint e estou agora a treinar para a estreia na distância olímpica. Se é fácil? Não. Longe disso. Até porque neste desporto temos sempre de pensar a triplicar. Mas com o apoio dos que me rodeiam e com a força de vontade que eu nem sabia que tinha, os resultados foram aparecendo. E se eu consegui, qualquer um consegue. . P.S. 1: Parabéns ao teu blogue e a muitos outros que falam do desporto de forma diversificada e têm como alvo todos os leitores, dos mais sedentários aos mais maratonistas. P.S. 2: Se um dia colocares portagens nestes comentários, eu vou estar tramado com a conta ao fim do mês