82 é o número de quilómetros que me separa do meu objetivo para este ano. 320 é o número do dorsal que me vai levar a concretizar esse objetivo: o tão falado UTAX (a decorrer já no sábado na Serra da Lousã) será a última corrida que farei em 2012 na modalidade de "ultra". O objetivo - esse eterno malandro - é fechar o corrente ano com os pontos suficientes para poder pensar em inscrever-me no UTMB.
A pensar em objetivos
Hoje, a menos de 1 semana do Ultra Trail das Aldeias do Xisto, volto a focar-me em objetivos, ou seja, aquilo que me tem trazido até ao estado em que me encontro hoje e que também me fará continuar a trabalhar daqui para a frente. Quem me conhece sabe bem o quanto sonho em subir às alturas... e o quanto sonho um dia poder participar numa prova mítica como, por exemplo, o Utra Trail du Mont Blanc. E porquê logo esta? Porque é - de facto - um grande desafio, consequentemente merecedor de muito trabalho e dedicação. Portanto: porque não? Será certamente para desfrutar da fabulosa paisagem, ou para me superar a mim próprio. Mas será principalmente - como diria a Susana - para poder sentir na pele como é chegar ao fim! Ao fim e ao cabo, será a tentativa de obter algo com que se sonha há muito, para o qual se planeia e se trabalha com antecedência, para o qual se reconhecem vitórias e derrotas. Um objetivo, portanto!
Passo a passo
Para já vamos por partes: este ano a "minha temporada" irá terminar depois desta próxima prova, optando então por abraçar um período de menor volume e descanso para o corpo (pelo menos no que diz respeito a quilometragem). Mais tarde, já em 2013, haverá tempo e - espero eu - dinheiro para mais. O ano começará para mim com o "já-sinto-o-cheirinho-das-bifanas" Trilhos dos Abutres no final de Janeiro e depois... bom, depois o ano está cheio de surpresas. Mas vou aos poucos, um pé de cada vez. Depois há que dar espaço também à vida do dia-a-dia. Alguns novos projetos se começam a erguer e há que ver que (pelo menos por enquanto) a corrida não me dá dinheiro, só o tem gasto. Portanto não me posso permitir ocupar o tempo totalmente com treinos e provas, descurando o resto. Quem me dera correr e escrever como modo de vida, mas tal ainda não me é possível. Portanto também necessito de tempo e cabeça para me focar nestes objetivos.
Continuar a correr
Há quem diga que há 5 etapas na vida de um corredor: A primeira fase é a do iniciante, em que o processo é claramente de mudança e adaptação. Depois, quase de seguida, quando se gosta passa-se ao jogging. Este já se diferencia do iniciado, porque apesar do dia-a-dia da corrida ainda ser difícil, já se consegue rever no "vício". A partir daí vem a fase da competição, na qual a necessidade de fazer melhor tempo ou obter uma melhor posição emerge. Quando esta fase vinga, a pessoa torna-se um atleta, fase em que a competição não é a única motivação e torna-se mais importante cultivar o potencial individual de cada um do que propriamente tempos e troféus. Finalmente, o indivíduo torna-se um corredor. Esta última (e melhor) fase junta todos os melhores factos das fases anteriores. O corredor detém o melhor equilíbrio entre o bem estar físico, o potencial competitivo, o treino e a vida social. Tudo se mistura com a vida do dia-a-dia de forma harmoniosa. O foco principal da vida de um corredor nem é correr. Pode ser a família, os amigos, o trabalho... regra geral é uma mistura de tudo isto. Não me posso considerar ainda enquadrado nesta última fase, longe disso. Mas é engraçado o paralelismo que se consegue fazer entre objetivos de corrida e objetivos do dia-a-dia. Às tantas reparamos que o método por detrás disto não tem grande segredo: resume-se a trabalhar, sempre com um objetivo em mente. E trabalhar no que se gosta é essencial. Correr, tal como comer, dormir ou falar fará assim naturalmente parte da nossa vida. Porque o tal corredor é uma pessoa feliz! E é mesmo isto o que eu procuro.