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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

10.10.11

Relato da minha primeira maratona: Munique 2011


José Guimarães
Assim foi a minha primeira maratona. Fiz tudo para que corresse bem: treinos, alimentação (não esqueci os hidratos de carbono no jantar da noite anterior), suplementos, hidratação, duplo par de meias e vaselina nos pontos críticos... nem esqueci o meu gel e as barrinhas energéticas durante a corrida, a qual tudo teve para comer e beber: água, bebidas isotónicas, bananas, barrinhas energéticas, isto num total de 16 postos de abastecimento... enfim, um evento muito, mas muito bem organizado.  

Do início até aos 10 kms

Linha de partida para a maratona de Munique Iniciei a corrida no meio de um mar de gente, ainda bem longe do pórtico de partida, colado ao (à) pacemaker das 4:00 horas. Para quem, como eu, não conhece este sistema, os pacemakers são pessoas que a organização coloca no meio da corrida e que indicam o tempo que vão fazer na prova, através do vestuário e de um balão que levam consigo. Assim, quem quer fazer 4:00 horas, já sabe que só tem que ir com aquele pacemaker. Há para todos os gostos, desde os que fazem 4:30 horas e vão de 15 em 15 minutos até às 3:00 horas. Pacemaker da maratona de Munique Estive no grupo da segunda partida, que se deu cerca de 10 minutos depois da primeira partida, sempre acompanhadas de música (Carmina Burana) e de uma contagem decrescente em uníssono e... em alemão. Dado o tiro (literal) de partida, fiz os primeiros kms com o grupo da pacemaker das 4:00 horas, nas calmas (sempre a tocar nos 5'50 mins/km) e sem qualquer tipo de dificuldade, a ambientar-me ao frio e ao equipamento novo: as mangas e as calças de compressão, que se revelaram duas compras essenciais. Bebendo e comendo sempre um pouco de tudo nos postos de abastecimento (lá diz o ditado que "grão a grão, enche a galinha o papo"), comecei a afastar-me do grupo antes de chegar aos 10 kms, a meio de uma zona muito calma e bonita de jardins no norte da cidade: Englisher Garten, onde a maior parte dos corredores aproveitaram para deitar fora os líquidos em excesso. Aqui a sensação que eu tinha era que neste tipo de ambiente, com muita muita gente a apoiar em todo o lado nas ruas, à porta das suas casas, com campainhas, tambores e tudo o que tinham para fazer barulho, com pórticos onde a organização passava música (grandes selecções musicais), bandas de todos os géneros... enfim, neste tipo de ambiente é muito fácil correr, senti-me sempre impulsionado por uma mão invisível que ora me dizia "corre mais rápido", ora me dizia "gere o esforço". E acabei a fazer um pouco dos dois.  

As passagens dos 20 kms e dos 30 kms

Ao chegar aos 20 km ainda me sentia bem fresco, comi o meu segundo gel e mantive o passo dos 10 km anteriores, pouco mais de 5 mins/km, sentindo o corpo agora bem aquecido e divertindo-me sempre com o fantástico ambiente à minha volta. Já na zona sul da cidade senti que podia gerir bem o esforço e aumentar um pouco mais a passada. Assim, aos 30 km comi a minha barrinha energética e, como já não tinha mais energéticos comigo e já só ia contar com os dos postos de abastecimento, comecei a puxar um pouco mais, mantendo-me sempre abaixo dos 5 mins/km. Apesar das pernas aqui começarem a ressentir-se mais, o meio meio de comparação era com o Passeio Marítimo de Oeiras, ou seja, para mim, nada mais simples do que repetir algo que tantas e tantas vezes fiz, que são os 10 km da praxe, a um ritmo rápido e com carga nos músculos dada pelos treinos dos dias anteriores. E assim levei a corrida até ao fim...  

O final...

Os últimos 5 km e, principalmente, os últimos 2 km foram... ufff!!! Inesquecíveis... a adrenalina que toma conta de nós à chegada à zona do estádio, de onde se ouvem todos os sons, música, multidão, tudo... as pernas correm ainda mais do que julgávamos serem capazes e é ali que se dá o tudo por tudo e se esgotam todas as reservas que ainda sobram. Feita a curva à direita ficamos com o túnel de acesso ao estádio bem à nossa frente, escuro mas cheio de luzes, tantas que mais parecia uma discoteca. Trata-se de um pórtico que mais parece uma discoteca, cheio de animação e flashes onde as máquinas automáticas tiram fotos aos corredores que vão entrando no estádio e onde todos aproveitavam para fazer as suas poses de verdadeiros campeões! E depois vem a sensação maior, que é sair do túnel e entrar no estádio... onde a minha irmã e a Inês aguardavam para me atirar a bandeira nacional, com a qual voei até à meta montada uma volta depois em plena pista. Terminei com 3 horas e 38 minutos... Que posso dizer? É uma sensação inesquecível, correr com muita cabeça e com muita emoção do início ao fim de um evento assim é recomendável pelo menos uma vez na vida a qualquer Ser humano. Não só pelo bem estar físico que proporciona a corrida, mas mais até pela oportunidade da partilha, do convívio, dos exemplos de camaradagem e entreajuda a que se assiste. Como se durante aquelas horas tivéssemos o privilégio de viver num mundo perfeito, onde tudo funciona, tudo encaixa, tudo trabalha (e trabalhou) no mesmo sentido. Foi o cumprir do objectivo traçado há muitos meses atrás, foi a minha primeira maratona e com certeza que não será a última... venham novos e renovados objectivos!

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