O Grande Trail da Serra d'Arga marcou o final do Verão e início da época Outono/Inverno. E não poderia ter começado de melhor forma! Reunido o grupo em torno deste evento, o primeiro a ser organizado pelo famoso Carlos Sá, o nosso querido ultra-maratonista que tantas conquistas já concretizou, lá nos fizemos à estrada bem cedo, que a viagem Lisboa/Caminha ainda custa um pouco. E foi numa tarde bonita e cheia de sol que chegámos a Caminha, ao hotel onde iriam decorrer as jornadas técnicas que antecedem o dia da prova. É importante uma prova desta (e outras) natureza contar com este tipo de eventos no dia anterior e tirei esta experiência de poucos eventos ao nível nacional, mas principalmente depois da maratona de Munique esta fasquia subiu muitos níveis nas minhas expectativas para próximas provas. Vantagens: reúne desde bem cedo todos os participantes na prova, envolve, cria uma comunhão bonita de se ver e sentir, além de que é sempre interessantíssimo ouvir falar quem entende do assunto e já esteve em locais que, para a maior parte de nós, não passam ainda de nomes e imagens que nos deixam a sonhar e a desejar um dia também saborear. Pontos altos das sessões? Todos os intervenientes tiveram o seu interesse, dada a variedade dos temas e das histórias que foram partilhadas. No final, a apresentação da ficha técnica do percurso das provas do dia seguinte, orientada pelo Carlos Sá, já anunciava alguns problemas devido às previsões de condições meteorológicas adversas. Passada a noite no pavilhão desportivo local, o despertar foi feito ainda no escuro das 6:00 da manhã, com toda a gente bem agasalhada a ultimar os últimos preparativos para a prova. Apesar de existirem autocarros da organização para a deslocação até ao local da partida, optámos por ir de carro até Dem, aldeia ainda desconhecida para nós, onde estava situada a partida e todo o quartel-general da organização da prova. Organização essa que esteve sempre presente, com a simpatia característica das gentes do norte, sempre com uma palavra amiga e dispostos a ajudar no que fosse preciso. Todo o espaço estava bem assinalado, portanto deixámos o carro no parque marcado para o efeito e na praça central da Junta de Freguesia lá aguardámos pela hora de início das provas. O frio e o vento forte já se faziam sentir e enquanto trocávamos impressões com outros participantes e víamos alguns artigos de corrida expostos e que apeteciam comprar, o mau tempo veio para ficar: o vento soprou mais forte, a chuva começou a cair e ninguém escapou à intempérie! As tendas por pouco não voavam com as barreiras de protecção, que teimavam em não conseguir ficar de pé. Feito o controle dos dorsais e chegada a hora da partida, mais um pormenor notável que fez toda a diferença e arrepiava a pele já enregelada pelo frio: a partida das provas foi assinalada pelas badaladas do sino do campanário, o que fez com que se sentisse ainda mais a envolvência com aquela terra e com o meio ambiente que nos iria rodear nas próximas horas. Feita a contagem decrescente a acompanhar o sino, o próprio Carlos Sá deu o tiro de partida e lá fomos todos... serra acima! Toda a prova foi pautada pelo mau tempo, por vezes tão mau que o vento forte fazia com que a chuva gelada nos atingisse na horizontal, quase que impossibilitando a progressão em linha recta, atentos às sinalizações do trilho a seguir e tornando algo complicada a vizualização de alguns pontos-chave, acrescida da dificuldade do nevoeiro estar cerrado nos pontos mais altos do percurso. Um bem haja ao staff da organização que lá estava nos locais mais complicados para dar a orientação correcta do caminho a seguir. Mesmo assim, por muitas e diversas oportunidades tivemos o privilégio de contemplar a beleza da Serra d'Arga, com paisagens longas dignas de meditação, estradas romanas, cavalos selvagens, lagos, riachos e cascatas à nossa espera no meio das rochas e das árvores. Passadas algumas horas, a organização viu-se obrigada a tomar a difícil decisão de cancelar a prova, devido às condições climatéricas que pioravam a olhos vistos, existindo locais em que a visibilidade não ultrapassava os 2 metros. Assim, tomou-se a decisão de anular a metade final da maratona, mesmo correndo o risco de protestos perante um sentimento de desilusão generalizada, por parte dos que se prepararam para este evento maior e para os que se deslocaram longos kms para nele participar. Mas cedo se verificou que todos os participantes reconheceram que foi a melhor decisão, tendo a atitude do próprio Carlos Sá sido elogiada por parte de todos de forma unânime, destacando-se mais uma vez o verdadeiro espírito de comunhão que só pode existir em eventos desta natureza. Como o próprio Carlos Sá disse no blog da prova (http://grandetrailserradearga.blogspot.com/), também nós ficámos muito satisfeitos com este evento e esperamos que tenha continuidade para o ano, pois com certeza lá estaremos. Porque mesmo contra as dificuldades, "quando se faz o que se gosta, tudo está bem".
Parabéns pelo texto José. Realmente deve ter sido uma aventura e tanto. Ler seu texto me deu vontade de estar lá ano que vem. Um grande abraço e sucesso! Paulo Maranhão
Obrigado pelas tuas palavras Carlos! De facto foi um prazer conhecer-te pessoalmente e travar contacto com tanta gente ligada pela mesma essência que, como dizes, não só não se perdeu, como eu vejo cada vez mais reforçada com exemplos destes, a que tivemos o privilégio de assistir. Um abraço amigo e, se alguma ajuda for necessária, dispõe sempre.
Contamos contigo para o ano que vem amigo. Garanto que não te vais arrepender! Obrigado pelo abraço e pelos votos de sucesso (esse vem com treino e alguns golpes de sorte). Um abraço
[…] das minhas corridas, descobri que existia um desporto chamado trail running. Experimentei-o no Grande Trail da Serra d’Arga e logo me apaixonei pelas corridas nos “sobes e desces” dos trilhos das serras, […]
[…] Aliás, a maior parte das corridas não são canceladas por causa da chuva. Se se lembram da minha primeira participação no GTSA – Grande Trail da Serra d’Arga, apanhámos nessa primeira edição um temporal de tal maneira grande que, creio eu, foi uma das […]
[…] quanto me tocou a presença do Carlos Sá (himself) quando chegámos em último lugar à meta da primeira e mal preparada incursão na Serra d’Arga. Talvez ele tenha sido por isso um dos grandes responsáveis por me ter apercebido logo desde […]