Somos o que...respiramos!
Nos dias que correm assistimos a uma crescente e louvável preocupação com a saúde, nomeadamente com a alimentação. É verdade que os nutrientes que ingerimos irão influenciar diretamente a composição do nosso corpo tal como a afirmação “somos o que comemos” retrata.
Porém o corpo não utiliza (metaboliza) apenas os nutrientes dos alimentos que ingerimos para se transformar ou gerar energia necessária para funções vitais e movimento. O ar que respiramos, a forma como o fazemos e a sua qualidade tem um papel vital para o organismo.
Para compreendermos melhor a sua importância devemos ter em conta os mínimos de sobrevivência do organismo:
· 42 dias sem comida
· 7 dias sem água
· 5 minutos sem oxigénio!
Como podemos esquecer o elemento do qual o organismo mais depende para sobreviver?
A cada momento o elemento que o corpo mais metaboliza é o oxigénio. Este é vital para o funcionamento dos milhares de células que compõem o nosso organismo e que necessitam do oxigénio para produzirem níveis de energia compatíveis com as suas funções.
O oxigénio é o principal recurso do corpo para se formar ATP (molécula energética), sem ela nada acontece ao nível celular: digestão, divisão celular, respiração, ação endócrina, impulso neurológico, etc. Sem energia não há vida!
Menos oxigénio leva a menos ATP
Menos ATP no corpo traduz-se em níveis de energia mais baixos, consequentemente uma função orgânica pobre, o que pode levar ao desequilíbrio do meio interno e predispor para o aparecimento de doenças.
O que nos leva a respirar mal?
Uma das principais causas são as más posturas derivadas do estilo de vida sedentário, com prevalência para a posição sentada dificultando a ação do diafragma. Outra das principais causas prende-se com a excessiva presença de stress e ansiedade que o padrão atual da sociedade nos impõe. O stress é uma reação fisiológica primitiva de defesa do organismo que surge quando nos encontramos em perigo para podermos reagir fugindo ou lutando por alguns segundos, potenciando a resposta fisiológica do organismo. Porém hoje em dia interpretamos como uma ameaça situações de trabalho ou enquanto estamos sentados no trânsito, e recebemos esta resposta do organismo desnecessariamente não apenas por uns segundos, mas muitas vezes por horas, dias, semanas, anos… Frequentemente este tipo de reação fisiológica, que nos eleva a frequência cardíaca ou a pressão arterial entre outras variáveis fisiológicas aparece associado a doenças cardíacas ou vasculares. Se a isto adicionarmos hábitos tabágicos, teremos um considerável défice de oxigénio no organismo e má qualidade de ar respirado.
Como reverter este processo e ter uma respiração correcta?
Para sabermos como respirar corretamente basta olhar para um bebé a dormir e observar o movimento da barriga – a respiração diafragmática. Este deve ser o padrão respiratório quando estamos em repouso.
Se pretende melhorar os padrões respiratórios, deixo-lhe um exercício que pode fazer em casa:
1 – deite-se de barriga para cima numa cama;
2 – com uma das mãos massage durante 1 minuto a zona do esterno (osso central no peito);
3 – coloque as mãos sobre a barriga e relaxadamente deixe o ar entrar;
4 – tente que a barriga seja a primeira zona do tronco a mover-se, e mantenha-se assim 3 a 5 minutos, se tiver dificuldade procure relaxar e não forçar demasiado a respiração;
5 – por fim tente insuflar completamente os pulmões seguindo a sequência 1 - 2 – 3 acima indicada (barriga – tórax – pescoço) 1 minuto.
O Yoga tem demonstrando além de muitos outros benefícios para a saúde, uma enorme ajuda para obter uma respiração saudável e consequentemente níveis de energia mais altos no organismo, bem como o contributo para um boa função organica.
Benefícios da respiração diafragmática:
· Aumento da atividade parassimpática do organimo (responsável pelo repouso, função visceral, etc);
· Diminuição dos níveis de stress e consequente diminuição da acidez no pH do sangue;
· Diminuição da tensão muscular;
· Melhor qualidade de sono;
· Diminuição da frequência cardíaca de repouso;
· Melhoria nos valores de tensão arterial;
Duarte Spínola - Osteopata ACS