Uma das coisas que mais consumo por causa da corrida são iogurtes. Não iogurtes gregos, nem de pedaços, mas daqueles naturais e magros do Lidl (desculpem a publicidade), baratos como tudo e sem sabor a nada. Estes iogurtes são uma boa base de alimento para um desportista, porque são pouco gordos e podemos juntar-lhes cereais, frutos secos, aveia, fruta, proteína, o que for... sabem sempre bem! Quem nunca comeu um iogurte com uns flocos de aveia e mel antes de uma prova, então não sabe o que perde. Hoje seria a manhã de regresso aos treinos. Depois de duas semanas a aturar uma garganta irritada, uma tosse constante e uma péssima forma física, que praticamente não me deixou correr ou treinar no ginásio de forma tranquila, estava ansioso por voltar a colar os ténis à estrada. Decidido, acordei às 07h00 em ponto, equipei-me e fui preparar o pequeno almoço. Abri o frigorífico para ir buscar um iogurte e vi que um deles tinha passado de validade. Em semanas normais de treino, eu consumo iogurtes como se não houvesse amanhã. Em média talvez coma um ou dois por dia. Como tal, encontrar no frigorífico um iogurte fora de validade, só podia querer dizer que algo andava errado com o meu dia-a-dia. Neste caso, quer dizer que tenho treinado pouco... na realidade, não tenho treinado nada. Aí o sentimento apareceu. Eram 07h30, tinha acabado de acordar e já estava frustrado. Sim, frustrado porque aquele iogurte azedo lembrou-me que não consegui cumprir nada do que estava planeado fazer naquelas duas últimas semanas. Mas esse era exatamente o estado de espírito que não podia tomar conta de mim. Não se diz nos livros de auto-ajuda que temos que canalizar as energias negativas e transformá-las em algo positivo? Dito isto, rapidamente passei de gajo frustrado para ser aquele gajo que pega nos maus sentimentos e os transforma em algo de construtivo. Decidi então que aquela manhã seria mesmo (mesmo!!!) a manhã de regresso aos treinos. Estava feito! Fiz uns flocos de aveia com água, mel, montes de canela, comi uma banana, peguei no saco e saí para a rua. Fui ter com a malta que corre. Depois de 10 simples quilómetros devagarinho, em ritmo de conversa, entre risos, tosses e cuspidelas (perdoem-me os mais ecológicos, mas até é biodegradável), voltei para casa satisfeito e bem disposto como já não me sentia... há duas semanas! Cada vez mais acho que a tal frase que o Dean tanto falava é verdade: "Quando tudo o resto começar a falhar, começa a correr!" Foi o que fiz hoje.