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Ex-Sedentário - José Guimarães

A motivação também se treina!

Ter | 03.09.13

Vivendo, caindo, correndo e... aprendendo!

José Guimarães
Domingo, dia 1 de Setembro. O objetivo do dia consistia em cumprir o que dizia no plano de treinos (100 km de bicicleta) e juntar-lhe o que não havia feito no dia anterior (20 km de corrida). Numa fase do calendário de autêntico regresso às provas (basta ver a quantidade de provas que existem em cada fim de semana deste mês), escolhi uma corrida de 20 km com características técnicas tranquilas e próprias para correr depressa: os III Trilhos dos Templários, em Santa Cita, Tomar... a cerca de 100 km de Lisboa. Ora, nada como uma boa conversa no Facebook para termos uma "boa ideia" que ajude a cumprir este plano de treinos, em picardia com amigos, auto-proposta por mim e aprovada pelo "coach": fazer a distância de bicicleta logo pela fresquinha, tentando chegar antes das 10 horas para de seguida ir fazer a prova. Nada de mais, já que as distâncias batiam todas certo com o plano e só tinha mesmo que me precaver com os horários para garantir que não chegava tarde à partida. E realmente consegui não chegar tarde, embora em condições diferentes daquelas que esperei inicialmente.

Rapidamente... o percurso de bicicleta

Aqui não há muita história para contar. O título "rapidamente" não é porque o percurso tenha sido feito de forma rápida, mas sim porque na verdade durou muito pouco tempo. Pois... A logística estava toda preparada de véspera: vestuário, capacete, luzes, equipamento de backup, alimentação... Como tal, acordei, comi as minhas papas, pão com doce e manteiga de amendoim, bebi o que sobrou do isotónico, equipei-me (por esta ordem, para a comida ter tempo de não ficar a trabalhar no estômago) e fiz-me à estrada. Meia hora depois estava num cruzamento a lidar com a questão: "é por aqui ou por ali?" e a consultar o road book caseiro feito na noite anterior. Foi então que, ao guardar a folha no bolso de trás do jersey, me escapou à vista uma lomba que "dormia" no meio da estrada. Não vi o sinal de aviso de lomba, porque à boa maneira portuguesa estava tapado por uma árvore. E no contacto com a lomba não fui capaz de evitar a queda, porque só tinha uma mão no guiador... a outra estava a guardar o road book. Conclusão: uma queda, um "drop" partido e um guiador, um braço e uma perna esfolados no alcatrão. Não estraguei mais nada, só mesmo o "drop" (uma pecinha milagrosa que une o desviador traseiro ao quadro e que foi feita para ceder em caso de contacto, evitando assim que se parta ou o desviador ou o quadro) e o orgulho, já que o plano de bike para esse dia e - diga-se - para o resto da semana ficaram comprometidos ali mesmo. Ora se a máxima diz que "depois de se cair, o que resta mesmo é levantar", levantei-me, analisei os estragos feitos ao equipamento e telefonei à minha boleia para me dar uma ajuda... e boleia até Santa Cita, para a próxima etapa do dia.

Em Santa Cita, corre com os Templários!

A chegada a Santa Cita feita sem problemas de maior, tirando as feridas que teimavam em arder... pudera!!! Depois das caras admiradas à chegada e usado o Betadine, estava na hora de nos prepararmos para a partida. Cumprimentam-se os amigos, ri-se um bocadinho (aliviam-se assim outros ardores), ouve-se o briefing para a prova e... aí vamos nós para mais uma!!! O início destes 20 km dos Trilhos dos Templários foi rápido, muito rápido até! O terreno a isso convidava, já que era duro e estava seco, o que fava para correr a um passo relativamente confortável e... já disse rápido? Uma vantagem de se ter um relógio com GPS é poder ver distâncias, velocidades médias, instantâneas... isto quando não nos esquecemos de o ligar à partida. Aconteceu-me só me lembrar que tinha um relógio com GPS já haviam passado quase 2 km desde o início da prova. O que vale é que o Suunto é rápido a ganhar sinal de satélite... pelos vistos mais rápido que o dono a lembrar-se que existem satélites. Assim que ficou disponível, corria-se a ritmos de 4'30/km... 4'15... mas o que é isto? Nestas coisas o que temos a fazer de melhor é dar ouvidos à consciência e refrear um pouco o andamento. Afinal de contas ainda tínhamos quase 20 km pela frente, certo? Nesta altura tentava acompanhar o andamento da Cristina, mas como estava bem mais saudável do que eu, lá tive que me remeter à minha realidade e fazer-me acompanhar de um companheiro que "insistia" em me fazer companhia... e que também não estava muito interessado em seguir a Cristina. É bom quando encontramos alguém com o nosso ritmo, ou um bocadinho mais forte que nós (pelo menos assim pensamos), porque desta forma conseguimos aliar a cabeça às pernas e fazer com que nenhum dos dois estoure antes do final. E assim, até cerca de 5 km do fim o ritmo foi forte, mas dentro do realista para a minha capacidade física. Estranhamente, quando já ia como que conformado e satisfeito com este ritmo até ao final (até dava para ultrapassar uns atletas que se tinham lançado inicialmente mais para a frente da prova), aproxima-se de mim nada mais nada menos que... a Cristina?! "Então??? O que fazes aqui?"... nem foi preciso responder, pois logo percebi que se tinha perdido e que, num ritmo desenfreado tentava a todo o custo recuperar posições! E faltando pouco para o fim, que melhor alento podemos nós ter do que poder acompanhar um atleta em condições como este? Assim fiz... e fiz os kms que faltavam até ao fim, por um lado a despejar tudo o que tinha e não tinha nas pernas, pois outro a tentar perceber se aquilo ainda ia durar muito tempo ou não, porque de certeza que assim eu não duraria! Mas fez-se! E entre subidas e descidas, curvas e contra-curvas apertadas, estradões rápidos e escadarias "de-onde-é-que-isto-saiu?!?!"... cheguei ao final atrás da Cristina (que acabou num merecido 1º lugar feminino), num ofegar misto de satisfeito com "não faço mais uma destas novamente!"... e as feridas, uiiiii!!! Agora era tempo de tomar banho, lavar com Betadine e arejar, enquanto se desfazia um bem abastecido almoço, regado com muito calor e companhia da boa!

E agora, o que fazer com as mazelas?

Agora há que aprender a esperar. Que remédio! Juntei-me em solidariedade às mazelas que a minha irmã sofreu com a sua queda na semana anterior e, por agora, ficarei uns dias parado, ou a correr só devagarinho, para não transpirar e não fazer com que feridas abram mais. Afinal de contas, há provas no horizonte para breve, planos de treino para cumprir... e o Swim Challenge em Cascais, já no dia 14! Vou refrear os impulsos de fazer muito e deixar isso para depois da cura, que se quer certeira e definitiva. Será - pois - um bom timing para pôr a leitura em dia e escrever uns bons artigos no blog! Bons treinos para todos e cuidado com as mazelas...